Artigo do "Guardian" critica imprensa britânica por não analisar o Brasil como faz com a Venezuela

                                                                                                                        ABr
O jornal inglês The Guardian publicou artigo de opinião  quinta-feira, 11, em que questiona a falta de senso crítico da mídia ocidental quanto ao Brasil. De acordo com o texto, a Venezuela presidida por Nicolás Maduro recebe a maior parte dos olhares na América do Sul, enquanto o governo de Michel Temer comete “abusos não democráticos”.

“É claro que a situação da Venezuela é deplorável, mas é fácil perceber que a preocupação com Maduro não necessariamente tem relação com o bem-estar da população de seu país. Ao mesmo tempo, Brasil não recebe análises ou debates, mesmo quando demonstra os mesmos problemas”, diz trecho do texto.

A análise argumenta que a adoção de medidas alinhadas com uma agenda neoliberal blinda Temer de críticas: “Neste momento, o contexto do Brasil não é interessante. É um regime de firme capitalismo e diminuição do Estado. O presidente diminuiu os gastos públicos, mutilou direitos trabalhistas e impôs uma dura reforma da previdência. Temer chegou ao poder por sua proximidade do grande empresariado, que estimulou e financiou protestos contra Dilma. A ex-presidente sofreu sabotagem de sua agenda no Congresso e teve suas contas bloqueadas”.

O texto também foi duro ao comentar a forma de Temer atuar: “Se não chegou ao poder por meio de um golpe violento e sua aliança com Dilma e o PT mostrou sua notória desonestidade e crônico jogo-duplo que causou uma ferida criada por ele mesmo, é bom lembrar que a ex-presidente foi retirada por uma tecnicalidade para que Temer pudesse solucionar a economia com ‘decisões difíceis’, uma plataforma pela qual ele não tinha legitimidade eleitoral”.

Por fim, o Guardian criticou a própria atuação da imprensa do Reino Unido. “No final, comentaristas britânicos e políticos, tanto de esquerda quanto de direita, não são apenas oportunistas quando se trata do sofrimento da América Latina, eles ficam felizes quando isso acontece: prova o ponto deles, seja qual for. Nossas vidas são apenas um detalhe”, concluiu o texto assinado por Julia Blunck, jornalista brasileira e tradutora.

(Com o Portal Imprensa)

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