Grupo de argentinas reúne filhos de repressores da ditadura

                                                                                         (Martin Acosta/Reuters)

                                                                       
Liliana Furió, integrante do Histórias Desobedientes, diz esperar que brasileiros também se mobilizem para denunciar seus pais genocidas.

A documentarista argentina Liliana Furió, de 54 anos, descobriu sobre o envolvimento do próprio pai na violenta repressão da ditadura argentina quando já era adulta. Se afastou por uns meses de Paulino Furió, mas voltou para ajudá-lo na velhice.

Paulino, de 84 anos, cumpre prisão domiciliar perpétua e já recebeu três sentenças por crimes contra a humanidade. Outros casos ainda irão a julgamento.

“É muito difícil assumir os crimes cometidos pelo próprio pai”, diz Liliana em relato publicado na edição de VEJA desta semana.

Apesar da dor envolvida, Liliana se juntou a outras duas filhas de repressores da ditadura para formar o coletivo Histórias Desobedientes, que agrupou cinquenta pessoas só no primeiro mês de existência. O objetivo é reivindicar memória, verdade e justiça para os 30.000 desaparecidos na ditadura militar do país (1976-1983).

“Em toda a América Latina, houve a mesma luta horrível, o mesmo extermínio, e isso inclui o Brasil. O único país em que foi feita a Justiça foi a Argentina“, diz Liliana.

 “Já apareceram outros companheiros filhos de genocidas no Chile e no Peru. Esperamos que, no Brasil também, alguns filhos que sabem que seus pais tomaram parte nesse horror possam levantar a voz para denunciá-los.”

(Com  Johanna Nublat / Veja/Covemg)

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