Açougueiros franceses pedem proteção contra ativistas veganos

                                                                    
Manifestantes protestam em Paris contra o abate de animais e o consumo de carne

Sindicato com 18 mil trabalhadores envia petição ao governo alegando ameaça à segurança, após série de vandalismos em açougues. Segundo texto, ativistas dos direitos dos animais tentam impor sua ideologia a todos.

    Açougueiros na França pediram ao governo do país proteção policial contra ativistas dos direitos dos animais, afirmando que sua segurança está ameaçada e acusando os vegetarianos e veganos de tentarem ditar seu estilo de vida livre de carne a toda a sociedade francesa.

A confederação francesa de açougueiros, que atende pela sigla CFBCT e representa cerca de 18 mil trabalhadores do ramo em todo o país, escreveu uma carta ao ministro do Interior, Gérard Collomb, mencionando, como uma das causas da insegurança, o crescente foco da imprensa no veganismo.

O texto afirma que os açougueiros estão preocupados com as consequências da "insistência midiática exagerada em torno do estilo de vida vegano" e alega que esses ativistas "querem impor seu estilo de vida, ou mesmo sua ideologia, a uma imensa maioria de pessoas".

"Contamos com seus serviços e com o apoio de todo o governo para que a violência física, verbal e moral seja interrompida o mais rápido possível", escreveu o sindicato.

Em abril, vários açougues foram vandalizados e pintados com sangue falso na região dos Altos da França, no norte do país. Uma loja de carnes e uma de peixes tiveram suas vitrines quebradas e a frase "parem o especismo" escrita em suas paredes. Segundo a CFBCT, atos semelhantes foram registrados também no sul, na região de Occitânia.

Assim como em outros países ocidentais, os hábitos alimentares estão mudando na França, um país tradicionalmente carnívoro, onde opções vegetarianas e veganas – quando além da carne não são consumidos produtos de origem animal, como leite e ovo – são difíceis de encontrar nos cardápios dos restaurantes.

Enquanto isso, o movimento pelos direitos dos animais, liderado pela atriz francesa Brigitte Bardot, tem presença cada vez mais forte na imprensa do país. A popularidade da causa levou a uma queda nas vendas de carne na França.

Confrontados com esse declínio, grupos de fazendeiros têm pressionado o governo centrista do presidente Emmanuel Macron a evitar medidas consideradas contrárias ao consumo de carne.

Uma proposta para exigir que as escolas introduzam uma refeição vegetariana ao menos uma vez por semana foi rejeitada no Parlamento. Enquanto isso, produtores travam uma disputa para proibir o uso de termos como "filé", "salsicha" e "bacon" em produtos vegetarianos.

Em março deste ano, uma fabricante de queijo vegano foi processada sob a acusação de apoiar o terrorismo após publicar uma mensagem no Facebook sobre um açougueiro que morreu num atentado na cidade de Trèbes. "Você está chocado que um assassino foi morto por um terrorista. Eu não. Tenho zero compaixão por ele, há justiça nisso", afirmara a ativista.

QUEM COME O QUÊ?
                                                         
Aqui estão incluídos aqueles que comem de tudo, seja de origem vegetal ou animal. Os números indicam que essa parcela da população está diminuindo, já que o consumo de carne vem caindo nos últimos anos. E depois do recente alerta da Organização Mundial de Saúde (OMS) de que a ingestão de carne processada pode causar câncer, muitos afirmam que vão passar a comer menos do produto.

(Com a Deutsche Welle)

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