Argentina suspende amistoso contra Israel em Jerusalém

                                                

Imprensa argentina afirma que federação cancelou partida após protesto de comunidade palestina. Amistoso em Jerusalém era visto como uma "ferramenta política".

Argentina suspendeu nesta terça-feira (05/06) o amistoso contra Israel, que estava marcado para o próximo sábado em Jerusalém, segundo divulgou a imprensa local. A partida foi alvo de protestos da comunidade palestina, que classificou o jogo na cidade sagrada como uma provocação de cunho político.

Apesar de a Associação de Futebol Argentino (AFA) ainda não ter confirmar oficialmente a decisão, o vice-presidente da entidade, Hugo Moyano, confirmou a suspensão em entrevista à emissora Rádio 10.

"Parece-me correto ter suspendido a partida. Não valia a pena. O que acontece nesses lugares, onde matam tanta gente, é algo que não pode ser aceito. As famílias dos jogadores estavam sofrendo ameaças", disse Moyano.

O atacante Gonzalo Higuaín também aprovou a decisão. "Obviamente, em primeiro lugar está o bom senso. Acreditamos que o correto era não ir", disse ao canal ESPN em Barcelona, onde a Argentina se prepara para a Copa do Mundo.

Os jogadores e o técnico, Jorge Sampaoli, tinham manifestado contrariedade com relação ao amistoso, alegando que ele afetaria o período de treinamentos para o torneio.

A decisão aconteceu após pressão da comunidade palestina pelo conflito com os israelenses, que se intensificou nos últimos dias depois da mudança da embaixada dos Estados Unidos para a cidade histórica.

A federação palestina chegou a ameaçar fazer campanha entre os países árabes e muçulmanos para impedir que a Argentina receba a Copa do Mundo 2030, em uma possível candidatura conjunta com Uruguai e Paraguai, caso o jogo acontecesse.

Ministra defende partida

Horas antes da notícia da suspensão, a ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, havia descartado esta possibilidade, alegando que o esporte não podia se misturar com a política.

"A seleção argentina pode jogar em qualquer parte do mundo, não se pode impedir uma partida esportiva. Os palestinos não têm motivos para se ofender. Como Estado, reconhecemos a Palestina, isto não tem nada a ver com onde joga a seleção", comentou Bullrich.

Em entrevista à agência de notícias Efe, Susan Shalabi, diretora do Departamento Internacional da Federação Palestina de Futebol, se mostrou satisfeita com a informação veiculada sobre a decisão da AFA.

"Ainda não temos nenhuma confirmação oficial. Se confirmando, temos que admitir que existe muito mérito em não transformar a equipe argentina em uma ferramenta política. É uma decisão pela qual temos que agradecer", afirmou Shalabi.

Decepção em Israel

A decepção se disseminou em Israel após a notícia sobre o cancelamento do amistoso, cujos ingressos se esgotaram em apenas 20 minutos. Diversos jornais israelenses afirmaram que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ligou para o presidente argentino, Mauricio Macri, para debater o assunto.

O presidente da Federação Israelense de Futebol, Ofer Eini, afirmou ao jornal Maariv que "entende a pressão que a seleção argentina sofreu", mas lamentou a situação e disse que "informará sobre a resposta".

O diretor-geral do Ministério de Esportes israelense, Yossi Sharabi, pediu calma e afirmou que ainda que negocia se há ou não o cancelamento.

(Com a DW)

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