‘Jornalistas são essenciais e heroicos’
Duas guerras ao mesmo tempo
Paulo Jeronimo de Sousa (*)
Há quem diga que estamos vivendo a Terceira Guerra Mundial. A expressão é cabível e apropriada ao mundo como um todo. Não ao Brasil. Aqui, enfrentamos a Terceira e a Quarta Guerras Mundiais.
A primeira, deflagrada por um vírus que diariamente ceifa vidas de seres humanos em proporções monstruosas. Até agora o mundo não conseguiu uma vacina, uma estratégia e nem mesmo uma singela mandinga capaz de detê-lo.
O Brasil, contudo, é o único país do mundo que além do Covid-19 tem que se defrontar com outro inimigo, como se estivesse sendo obrigado a travar uma Quarta Grande Guerra: o presidente da República. Por ter vencido as eleições de 2018, ele decidiu tornar-se o dono do Estado brasileiro e das almas de seus cidadãos.
O ocupante do Palácio do Planalto aliou-se ao coronavírus. Sua mente doentia e suas posições destituídas de qualquer embasamento científico só alimentam a peste que extermina as vidas de brasileiros.
Em meio a uma pandemia devastadora, sua estupidez e sua arrogância provocaram a demissão de dois ministros da Saúde em menos de um mês.
Como se tais atrocidades não fossem suficientes, na última sexta-feira (22/5) veio a público as gravações da reunião ministerial de 22/04. Diante da enxurrada de palavrões e escatologias despejada pelo presidente e seus assessores ficou uma certeza: cafajestes governam o Brasil.
O que vai descrito acima – em tom propositalmente grave – pode ser a síntese do que vem sendo divulgado nos jornais, rádios, telejornais, sites e revistas brasileiras nos últimos meses. O drama de uma nação que enfrenta duas guerras mundiais ao mesmo tempo está retratado no noticiário cotidiano. Esta é a realidade no momento! Um genocida ocupa o Planalto!
Devemos isso aos jornalistas. Eles são essenciais. E, como todos os trabalhadores, pagam seu quinhão com vidas e com a redução de seus proventos. E no Dia da Imprensa, em 1º de junho, não temos, desta vez, muito a comemorar. O Portal da Imprensa contabilizou, até 15/5, 64 jornalistas mortos pelo novo coronavírus. Esta é a estatística sinistra da guerra sanitária.
Temos de destacar a luta permanente e a atuação heroica dos jornalistas, muitos dos quais expõem-se ao vírus letal em sua missão de transmitir a verdade desvencilhando-se das armadilhas das fake news e revelando as mentiras veiculadas pelas redes sociais
A ABI, instituição secular que tenho a honra de presidir, não podia ficar de braços cruzados diante de tanto sofrimento e desfaçatez. No início deste mês de maio, entramos na Câmara Federal com um pedido de impeachment do presidente. É o que consideramos ser nosso dever fazer, em nome da Democracia e em defesa do direito do cidadão de informar e ser bem informado.
(*) Paulo Jeronimo de Sousa é jornalista e presidente da Associação Brasileira de Imprensa – ABI.
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