Cineclube Macunaíma da ABI completa um ano online
Por Zezé Sack, Jornalista e Membro da diretoria de Cultura e Lazer da ABI.
Hoje vou falar sobre o Cineclube Macunaíma da Abi, neste mês de agosto, que acabou ontem, com a exibição e debate sobre o filme Macunaíma de Joaquim Pedro de Andrade, completou-se um ano Online.
Foi recriado em plena pandemia com a participação e determinação de cinco pessoas: Vera Perfeito, Andrea Penna, Silvio Tendler, Ricardo Cota e Zezé Sack. Em menos de duas horas de reunião, a decisão estava tomada com data e hora pra recomeçar. 25.08.2020 com: “Dr. Getúlio Últimos Momentos” um curta de 6’50”, seguido de “Os Advogados Contra a Ditadura” um longa de 2h10′ ambos de Silvio Tendler.
De agosto a dezembro ficamos apenas exibindo os filmes.
Em 19 Janeiro de 2021, ao retornarmos, incluímos o debate após cada exibição. E a primeira foi: “Em Busca de Carlos Zéfiro”. A partir daí cresceu muito o interesse do público e dos profissionais de cinema. É um trabalho de voluntários com muita vontade, garra e pouca tecnologia, uma vez que a ABI sendo quase analógica, não tem verba para se desenvolver tecnologicamente.
Mas, o importante mesmo é ficar do lado da ABI e, em especial, neste momento tão difícil para todos nós. Aproveito para citar aqui os filmes de agosto/21: 03 – “Encantados” de Tizuka Yamasaki. Debate:Tizuka Yamasaki, Dira Paes, Silvio Tendler e Fernando Pimenta. 10 – “Olho Nu” de Joel Pizzini. Debate: Joel Pizzini, Silvio Tendler, Ney Matogrosso, Lucina,Gerson Conrad, Ramon Mello e Ricardo Cota. 17- “São Bernardo” de Leon Hirszman. Debate: Maria Hirszman, Silvio Tendler, Othon Bastos, Lauro Escorel, e Rodrigo Fonseca. 24 – “Antena da Raça” de Paloma Rocha. Debate: Paloma Rocha, Silvio Tendler, Luis Abramo, Alexandre Gwaz e Ricardo Cota. 31 – “Macunaíma” de Joaquim Pedro de Andrade. Debate: Alice de Andrade, Silvio Tendler, Ítala Nandi, Affonso Beato, Ismail Xavier e Ricardo Cota.
Após 38 anos, o Cineclube Macunaíma voltou, no ano passado, on line devido à pandemia. Mas, em 1973, quando foi fundado com 200 sócios lotou por oito anos o auditório do 9º andar da ABI nas noites dos sábados, depois que o jornalista Davit Chargel, e um grupo de associados decidiram criar o cineclube e enfrentar a ditadura com exibições de filmes da Europa Oriental, principalmente da União Soviética como o Encouraçado Potemkin. Formaram também uma plateia para os jovens cineastas nacionais que surgiam como Glauber Rocha, exibindo filmes do Cinema Novo. Davit Chargel foi o primeiro presidente do Macunaíma e, hoje, aos 86 anos, e 70 de profissão, ele preside o Conselho Deliberativo da ABI.
O Cineclube
Em 1974, na programação do Macunaíma havia 50% de filmes nacionais, entre eles “Deus e Diabo na terra do sol” e “Terra em Transe”, ambos de Glauber Rocha, além de grandes obras do cinema como os clássicos internacionais “Moinho de Pó”, de Alberto Lattuada; “Dom Quixote”, de Grigori Kozintzev; e “Milagre em Milão”, de Vittorio de Sica. Apesar da limitação do acervo, o Cineclube Macunaíma sempre contou com a colaboração da cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio, que cedia filmes de sua coleção para serem exibidos durante as sessões, como “Acossado” e “O Demônio das 11 horas”, de Jean-Luc Godard. Além disso, a ABI sediou diversas vezes exibições da Cinemateca e eventos como o Rio Cine 1981.
Davit Chargel ainda tem guardada a lista de 20 das centenas de filmes que foram exibidos no cineclube Macunaíma, no auditório da ABI. São eles: “O Bandido Giuliano”, de Francesco Rosi; “A cidade se defende”, de Pietro Germi; “O assassino”, de Elio Petri; “Paisà”, de Roberto Rossellini; ”Cidade nua”, de Jules Dassin; “Outros tempos”, de Alessandro Blasetti;”Um homem tem três metros de altura”, de Martin Ritt; “Crimes D’Alma”, de Michelangelo Antonioni; “O incidente”, de Larry Peerce; “O teto”, de Vittorio de Sica; “Rio, zona norte”, de Nelson Pereira dos Santos; “Os Inconfidentes”, Joaquim Pedro de Andrade; “Trono manchado de sangue”, “Yojimbo”, “A fortaleza escondida” e o “Barba ruiva”, os quatro de Akira Kurosawa; “O dragão da maldade contra o santo guerreiro”, de Glauber Rocha; “Harakiri”, de Masaki Kobayashi; A hora e a vez de Augusto Matraga, de Roberto Santos; e o “Assalto ao trem pagador”, de Roberto Farias.
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