Encontro de Partidos Comunistas
Pronunciamento de Ivan Pinheiro, Secretário Geral do PCB, em nome do Partido, no X Encontro Mundial de Partidos Comunistas e Operários Camaradas:
O PCB, o mais antigo partido político brasileiro, fundado em 1922, saúda os comunistas do mundo todo.
Estamos em casa. Não por estarmos no Brasil. Nosso país é o mundo. Estamos em casa, porque o lugar do Partido Comunista Brasileiro é o movimento comunista internacional. Fundado sob a influência da Revolução Russa, o PCB se orgulha de ter sido solidário ao Partido Comunista da União Soviética - em que pesem algumas diferenças e críticas - até a derrocada das experiências de construção do socialismo no leste europeu. Há 50 anos nos solidarizamos com a gloriosa Revolução Cubana. Custe o que custar, o movimento comunista internacional contou e conta com o nosso Partido, nas vitórias e derrotas, nos erros e acertos.
Este Encontro não poderia ocorrer em momento mais oportuno: a mais grave crise da história do capitalismo bate às portas da humanidade, anunciando várias conseqüências negativas para o proletariado.
Para tentar sair da crise, o capital não pensa duas vezes ao saquear os cofres públicos para salvar banqueiros e oligopólios; não vacilará um minuto em atacar ainda mais os salários, os direitos sociais e trabalhistas, além de diminuir a qualidade de serviços públicos; não tergiversará um só instante ao aprofundar a exploração e a barbárie, sem se importar com o agravamento da fome e da miséria; não titubeará em recorrer a mais guerras e agressões militares nem em recrudescer a criminalização e a repressão aos movimentos sociais e às organizações populares e revolucionárias.
Esta crise, apesar de seus elementos estruturais, não é necessariamente, por si só, a crise final do capitalismo, que não cairá de podre. Mas, dialeticamente, poderá criar as condições - com o provável acirramento da luta de classes em âmbito mundial – para colocar em relevo o protagonismo do proletariado e, a depender de certos fatores, influenciar positivamente a correlação de forças, abrindo possibilidades para o avanço da luta pela superação do capitalismo, na perspectiva do socialismo.
O papel dos comunistas e o grau de sua unidade de ação e de inserção nos movimentos de massa serão decisivos, nessa difícil conjuntura que vamos enfrentar.
A crise enterra as ilusões dos que pretenderam humanizar o capitalismo. Não há mais espaço também, no capitalismo cada vez mais globalizado, para ilusões nacional-desenvolvimentistas, baseadas em alianças dos trabalhadores com as chamadas burguesias nacionais.
Cada vez mais se acentuará no mundo a contradição entre o capital e o trabalho. Não apenas nos países desenvolvidos ou emergentes, como é o caso do Brasil, que é parte subordinada do imperialismo. É só olhar para países pouco desenvolvidos, como a Bolívia e a Venezuela, para entender a ilusão de alianças com as burguesias nacionais. Vejam a violência da burguesia boliviana, diante de uma revolução que não é socialista, mas ainda democrática e cultural, e o ódio que nutre a burguesia venezuelana frente à revolução bolivariana.
No estágio atual do capitalismo, e sobretudo em decorrência de sua profunda crise, se evidenciará cada vez mais a centralidade do trabalho. Estão sendo jogados no lixo da história todos os mitos construídos pelo neoliberalismo, como o "estado mínimo", o "livre-mercado" e o "fim da classe operária".
Ao contrário do que dizem os profetas do fim da história e os reformistas, o proletariado aumenta no mundo, em quantidade e qualidade. Nos países desenvolvidos, apesar da atual fragilidade e fragmentação do movimento operário e sindical, há grandes possibilidades de a luta de classes se intensificar.
Isto não significa subestimar as lutas dos povos de países periféricos. A América Latina, por exemplo, continuará sendo um importante palco de luta contra o capital, onde processos importantes de mudanças sociais procuram articular-se em torno da ALBA, em contraposição às frações imperialistas que disputam a hegemonia de mercados e riquezas naturais da região, inclusive setores monopolistas da burguesia brasileira.
Na América Latina, há uma questão que deve merecer a atenção solidária dos comunistas do mundo todo: a derrota do estado paramilitar e terrorista da Colômbia é parte da luta para fortalecer a defesa de Cuba Socialista e aprofundar os processos mudancistas na Venezuela, no Equador, na Bolívia e, possivelmente, no Paraguai e em outros países.
Na Colômbia, nossos esforços devem estar concentrados na busca de uma paz democrática, com justiça social e econômica, como acaba de conceituar o XX Congresso do Partido Comunista Colombiano. Além de nossa solidariedade irrestrita a este heróico Partido - que enfrenta de peito aberto a violência do terrorismo de Estado - não podemos colaborar, por omissão, com a satanização e criminalização de organizações políticas insurgentes, como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Até porque não temos o direito de escolher as formas de luta de cada povo.
O mesmo vale para organizações insurgentes de outros países. O imperialismo precisa derrotá-las, para que não sirvam de exemplo. Não podemos esquecer que não são convencionais, mas insurgentes, as forças que resistem ao imperialismo na Palestina, no Iraque e no Afeganistão. Dependendo dos desdobramentos da crise do capitalismo, nenhuma forma de luta poderá ser descartada.
Propomos que nos somemos aos esforços que vêm sendo feitos pela intelectualidade colombiana e o Secretariado das FARC, através de cartas públicas. Pensamos que a nova carta que está sendo preparada pelos intelectuais, em resposta à sinalização construtiva da organização insurgente, não deve ter como destinatários apenas o povo e os atores locais.
Para forçar o governo fascista de Uribe a reconhecer o conteúdo político, econômico e social do conflito colombiano, devemos lutar para que a UNASUR chame para si a iniciativa de viabilizar o início de um processo de negociação política, como fez para evitar o acirramento do conflito boliviano, que também tem características de violência política. Uribe não poderá desconhecer o papel da UNASUR na solução de conflitos, nem alegar ingerência, pois compareceu pessoalmente à reunião deste organismo, em Santiago, para tratar da Bolívia.
Finalmente, camaradas, o PCB considera que, mesmo expressando a vontade majoritária do povo estadunidense por mudanças, o advento do governo Obama não mudará a essência do imperialismo ianque, sobretudo na política externa. O imperialismo se valerá desta mudança de fachada para iludir os povos e tentar afastá-los da necessária luta para enfrentar os efeitos da crise do capitalismo e para construir o socialismo.
Camaradas:
Mais cedo do que imaginamos e do que desejavam nossos inimigos, nossos Partidos estão voltando a ter vigência e atualidade.
Este Encontro precisa dar passos seguros para estreitar os laços entre nossos Partidos e a unidade de ação dos revolucionários, no âmbito mundial. A nossa responsabilidade aumenta, a partir de agora.
Vivam os Partidos Comunistas e Operários!
Viva o internacionalismo proletário!
Proletários de todo o mundo, uni-vos!
São Paulo, 21 de novembro de 2008
O PCB, o mais antigo partido político brasileiro, fundado em 1922, saúda os comunistas do mundo todo.
Estamos em casa. Não por estarmos no Brasil. Nosso país é o mundo. Estamos em casa, porque o lugar do Partido Comunista Brasileiro é o movimento comunista internacional. Fundado sob a influência da Revolução Russa, o PCB se orgulha de ter sido solidário ao Partido Comunista da União Soviética - em que pesem algumas diferenças e críticas - até a derrocada das experiências de construção do socialismo no leste europeu. Há 50 anos nos solidarizamos com a gloriosa Revolução Cubana. Custe o que custar, o movimento comunista internacional contou e conta com o nosso Partido, nas vitórias e derrotas, nos erros e acertos.
Este Encontro não poderia ocorrer em momento mais oportuno: a mais grave crise da história do capitalismo bate às portas da humanidade, anunciando várias conseqüências negativas para o proletariado.
Para tentar sair da crise, o capital não pensa duas vezes ao saquear os cofres públicos para salvar banqueiros e oligopólios; não vacilará um minuto em atacar ainda mais os salários, os direitos sociais e trabalhistas, além de diminuir a qualidade de serviços públicos; não tergiversará um só instante ao aprofundar a exploração e a barbárie, sem se importar com o agravamento da fome e da miséria; não titubeará em recorrer a mais guerras e agressões militares nem em recrudescer a criminalização e a repressão aos movimentos sociais e às organizações populares e revolucionárias.
Esta crise, apesar de seus elementos estruturais, não é necessariamente, por si só, a crise final do capitalismo, que não cairá de podre. Mas, dialeticamente, poderá criar as condições - com o provável acirramento da luta de classes em âmbito mundial – para colocar em relevo o protagonismo do proletariado e, a depender de certos fatores, influenciar positivamente a correlação de forças, abrindo possibilidades para o avanço da luta pela superação do capitalismo, na perspectiva do socialismo.
O papel dos comunistas e o grau de sua unidade de ação e de inserção nos movimentos de massa serão decisivos, nessa difícil conjuntura que vamos enfrentar.
A crise enterra as ilusões dos que pretenderam humanizar o capitalismo. Não há mais espaço também, no capitalismo cada vez mais globalizado, para ilusões nacional-desenvolvimentistas, baseadas em alianças dos trabalhadores com as chamadas burguesias nacionais.
Cada vez mais se acentuará no mundo a contradição entre o capital e o trabalho. Não apenas nos países desenvolvidos ou emergentes, como é o caso do Brasil, que é parte subordinada do imperialismo. É só olhar para países pouco desenvolvidos, como a Bolívia e a Venezuela, para entender a ilusão de alianças com as burguesias nacionais. Vejam a violência da burguesia boliviana, diante de uma revolução que não é socialista, mas ainda democrática e cultural, e o ódio que nutre a burguesia venezuelana frente à revolução bolivariana.
No estágio atual do capitalismo, e sobretudo em decorrência de sua profunda crise, se evidenciará cada vez mais a centralidade do trabalho. Estão sendo jogados no lixo da história todos os mitos construídos pelo neoliberalismo, como o "estado mínimo", o "livre-mercado" e o "fim da classe operária".
Ao contrário do que dizem os profetas do fim da história e os reformistas, o proletariado aumenta no mundo, em quantidade e qualidade. Nos países desenvolvidos, apesar da atual fragilidade e fragmentação do movimento operário e sindical, há grandes possibilidades de a luta de classes se intensificar.
Isto não significa subestimar as lutas dos povos de países periféricos. A América Latina, por exemplo, continuará sendo um importante palco de luta contra o capital, onde processos importantes de mudanças sociais procuram articular-se em torno da ALBA, em contraposição às frações imperialistas que disputam a hegemonia de mercados e riquezas naturais da região, inclusive setores monopolistas da burguesia brasileira.
Na América Latina, há uma questão que deve merecer a atenção solidária dos comunistas do mundo todo: a derrota do estado paramilitar e terrorista da Colômbia é parte da luta para fortalecer a defesa de Cuba Socialista e aprofundar os processos mudancistas na Venezuela, no Equador, na Bolívia e, possivelmente, no Paraguai e em outros países.
Na Colômbia, nossos esforços devem estar concentrados na busca de uma paz democrática, com justiça social e econômica, como acaba de conceituar o XX Congresso do Partido Comunista Colombiano. Além de nossa solidariedade irrestrita a este heróico Partido - que enfrenta de peito aberto a violência do terrorismo de Estado - não podemos colaborar, por omissão, com a satanização e criminalização de organizações políticas insurgentes, como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Até porque não temos o direito de escolher as formas de luta de cada povo.
O mesmo vale para organizações insurgentes de outros países. O imperialismo precisa derrotá-las, para que não sirvam de exemplo. Não podemos esquecer que não são convencionais, mas insurgentes, as forças que resistem ao imperialismo na Palestina, no Iraque e no Afeganistão. Dependendo dos desdobramentos da crise do capitalismo, nenhuma forma de luta poderá ser descartada.
Propomos que nos somemos aos esforços que vêm sendo feitos pela intelectualidade colombiana e o Secretariado das FARC, através de cartas públicas. Pensamos que a nova carta que está sendo preparada pelos intelectuais, em resposta à sinalização construtiva da organização insurgente, não deve ter como destinatários apenas o povo e os atores locais.
Para forçar o governo fascista de Uribe a reconhecer o conteúdo político, econômico e social do conflito colombiano, devemos lutar para que a UNASUR chame para si a iniciativa de viabilizar o início de um processo de negociação política, como fez para evitar o acirramento do conflito boliviano, que também tem características de violência política. Uribe não poderá desconhecer o papel da UNASUR na solução de conflitos, nem alegar ingerência, pois compareceu pessoalmente à reunião deste organismo, em Santiago, para tratar da Bolívia.
Finalmente, camaradas, o PCB considera que, mesmo expressando a vontade majoritária do povo estadunidense por mudanças, o advento do governo Obama não mudará a essência do imperialismo ianque, sobretudo na política externa. O imperialismo se valerá desta mudança de fachada para iludir os povos e tentar afastá-los da necessária luta para enfrentar os efeitos da crise do capitalismo e para construir o socialismo.
Camaradas:
Mais cedo do que imaginamos e do que desejavam nossos inimigos, nossos Partidos estão voltando a ter vigência e atualidade.
Este Encontro precisa dar passos seguros para estreitar os laços entre nossos Partidos e a unidade de ação dos revolucionários, no âmbito mundial. A nossa responsabilidade aumenta, a partir de agora.
Vivam os Partidos Comunistas e Operários!
Viva o internacionalismo proletário!
Proletários de todo o mundo, uni-vos!
São Paulo, 21 de novembro de 2008
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