Construção de nova central sindical
1- A Intersindical- Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora completa 4 anos e ao contrário do que sentenciaram os que migraram para a decretação de mais uma nova central, não nos isolamos, mas sim ampliamos nossa construção.
2- Conseguimos nos dispondo à tarefa mais difícil: enfrentar a fragmentação da classe imposta pelo Capital que se dá a partir da base e com todas as limitações do momento em que vivemos estamos consolidando a Intersindical e nas ações cotidianas sem ser uma central, fazendo boa parte das tarefas abandonadas conscientemente pela maioria absoluta das centrais.
3- A Alternativa Sindical Socialista se empenha nessa construção antes mesmo da Intersindical ter se tornado realidade. Esse empenho parte de nossa leitura sobre a conjuntura, do processo histórico de lutas da classe trabalhadora e não fruto das vontades ou das leituras mecânicas, que olham, mas, não conseguem ver.
4- A proposta de construção da Intersindical nasce no encerramento de um ciclo onde os instrumentos mais importantes que a classe construiu nos últimos 30 anos se transformaram em seu contrário.
5- Da constatação de que a CUT como instrumento de organização da classe para luta contra o Capital e seu Estado, se transformou num instrumento de parceria com os patrões e completamente submissa ao governo Lula.
6- Superando a superficialidade conseguimos intervir nas contradições reais da classe, como por exemplo, entender que nessa CUT que nasceu com a classe e no encerramento desse ciclo se coloca contra a classe, tem em sua base centenas de sindicatos que embora filiados à central não se submetem à sua política e portanto estão em luta.
7- Com essa formulação a Intersindical tem em seu interior sindicatos que já se desfiliaram da CUT, sindicatos que embora filiados negam a concepção e pratica dessa central, como também sindicatos não filiados a nenhuma central. Além disso, avançamos na organização a partir dos locais de trabalho, estudo e moradia, o que nos possibilitou a retomada das Oposições Sindicais contra os velhos e novos pelegos.
8- Em 2008 não houve uma fissura precipitada no interior da Intersindical, mas sim a necessária firmeza de não admitir mais do mesmo, os velhos erros cometidos na trajetória daqueles que foram parte do processo de construção da CUT.
9- Por isso a Intersindical em seu II Encontro Nacional não sucumbiu à tentativa de repetir velhas fórmulas ao novo que apesar das dificuldades insiste em nascer. Não permitimos a interferência partidária do PSOL e do PSTU que tentaram impor uma unificação meramente formal e pautada pelo governo Lula através do reconhecimento legal das centrais sindicais. A proposta desses setores parte de sua lógica institucionalizada afirmando a representação em detrimento da organização junto à classe.
10- As correntes do Psol que romperam com a Intersindical hoje não reivindicam a Intersindical, mas sim tentam ficar a sombra do nome desse Instrumento que se amplia e contribui no processo de reorganização do movimento.
11- Essas correntes, junto à Conlutas e outros setores gastaram os últimos 2 anos em reuniões, seminários e mais reuniões para chegarem a Santos no que tentaram chamar de CONCLAT para decretar a fundação de mais uma central, mas não conseguiram.
12- Ao se pautar pela disputa interna e burocrática, sua estratégia busca respostas superficiais e somente na institucionalidade para afirmar que têm a solução para o problema da fragmentação. Mais uma vez, foram em nome da classe, sem a classe.
13- O que impediu a decretação da central é de ordem distinta do que listam para se acusarem mutuamente, nos espaços virtuais.
14- A diferença não está no que tentam mostrar em suas notas, onde afirmam que a unidade na forma organizativa não se consolidou por conta do caráter da central, ou de seu nome. O problema está na formação da coordenação, ou seja, as correntes órfãs de cargos divergiram sobre o espaço que cada uma teria.
15- Os que romperam com o congresso em Santos e continuam afirmando a necessidade imediata de construção de uma central, tentam ocultar que parte significativa ainda estão em sindicatos filiados à CUT, como bancários de Santos e Espírito Santo, ao mesmo tempo em que se auto-proclamam independentes dos patrões e governos, alguns seguem em federações orgânicas da CUT para receberem o imposto sindical e outros recebem taxa negocial paga pelos patrões durante as campanhas salariais como os Sindicatos dos Químicos que estão sob a direção de correntes internas do Psol no estado de São Paulo.
16- Se tivessem conseguido resolver suas divergências, acomodando as reivindicações de cada corrente, a central seria decretada e isso não passaria de um decreto, completamente distante da classe.
17- Ao afirmamos isso ao contrário do que muitos tentam nos acusar, não estamos negando a necessidade e a importância da construção de uma nova central. A central sindical necessária será fruto da ação que fizermos a partir da base da classe, que não se pauta no espontaneísmo e nem espera pelo ascenso, mas se prepara e trabalha para que o mesmo se recoloque em lutas que avancem para além da consciência em si e dêem o salto de qualidade da consciência para si.
18- A Intersindical- Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora não esteve em nenhum dos conclat’s, não temos tempo a perder nos espaços que se pautam pela disputa interna dos aparatos ou se colocam em movimento para tentar eleger a sucessora de Lula. Não serão nas discussões com as representações descoladas da luta real da classe trabalhadora que a necessária central sindical se concretizará, como a urgência do momento em que vivemos não está na construção da nova central, mas sim na reconstrução da unidade da classe.
19- É nessa direção que a Intersindical seguirá. Ampliando-se como instrumento de organização e luta e ao mesmo tempo reconstruindo a unidade na luta junto com as organizações que não se submeteram aos patrões, aos governos e seus aliados.
20- Diferente do que alguns tentam afirmar que nossas lutas se reduzem ao espaço das reivindicações imediatas da classe, a partir da ação organizada da classe temos demonstrado que é possível mais do que não se submeter à lógica de mediação com o capital e seu estado, avançar.
21- No ano de 2010 greves contra a terceirização como na Honda na região de Campinas, onde os trabalhadores na terceirizada LS da própria montadora foram à greve para garantir uma organização direta dos trabalhadores já que o sindicato que os representa formalmente foi montado pela empresa. Na Maxion também em Campinas 5 meses após o final da campanha salarial os trabalhadores além de conseguirem 5% de reajuste salarial garantiram clausula que impede a empresa de se utilizar da rotatividade para rebaixar salários.
22- Nas eleições sindicais estamos enfrentando os pelegos da Força, CUT, CTB e seus auxiliares. Fomos parte ativa e na maioria dos lugares direção nos processos eleitorais onde derrotamos a pelegada como nos Petroleiros de São José dos Campos/SP, Trabalhadores nos Correios de Mato Grosso, Metalúrgicos de Santos e Metalúrgicos de Limeira, Trabalhadores nos Correios de Campinas, contra a tentativa de divisão de base nos Sapateiros de Franca/SP, além de consolidar Oposições importantes como os Metalúrgicos de Gravataí/RS e reconstruindo nossa ação em Minas Gerais e no nordeste.
23- A campanha salarial dos metalúrgicos de Campinas, Santos, Limeira e São José dos Campos é o exemplo para desvelar o que tentam ocultar aqueles que querem a decretação imediata de uma nova central como única forma de garantir a unidade de ação para a luta. Há exatamente 13 anos os Sindicatos de Campinas, Limeira e Santos que são dirigidos pelos companheiros da ASS fazem campanha em conjunto com São José dos Campos esse ligado a Conlutas. Portanto a divergência que temos em relação ao processo de reorganização do movimento não nos impediu de termos a iniciativa de compor um bloco com esses companheiros nas campanhas salariais.
24- A experiência pratica garantiu na luta a melhor convenção coletiva do país, enquanto CUT, Força Sindical e CTB seguem reduzindo direitos e salários. No ano passado a partir das greves iniciadas por esse bloco tivemos a possibilidade real de uma greve geral dos metalúrgicos, não fosse mais uma vez as centrais pelegas terem abortado esse processo onde ainda estão na direção.
25- A Intersindical se tornou uma referencia para vários companheiros que mesmo em sindicatos filiados a outras centrais sindicais, se aproximam e a partir do contato com nossa elaboração e prática vão cada a qual no seu ritmo enfrentando suas contradições e rompendo com as centrais pelegas.
26- Temos a exata dimensão de nossas ações, sabemos que a Intersindical é ainda pequena diante da enormidade de nossa classe que hoje se encontra sob a direção daqueles que estão a serviço do Capital e seu Estado. Por isso nosso Encontro Nacional que acontece nos dias 13, 14 e 15 de novembro é o momento onde seguiremos firmes com unidade e coerência entre nossa formulação e ação que se afirmaram corretas. Avançaremos em nosso processo de ampliação e ao mesmo tempo seguiremos nas iniciativas que potencializam a unidade nas lutas com todas as demais organizações que estejam dispostas a concretizá-la para além da retórica na pratica.
27- A Alternativa Sindical Socialista é uma Organização que experimenta na pratica o que muitos ao divergir, não conseguem enxergar: nas lutas a partir das demandas vindas de onde os trabalhadores estão, vamos além do obrerismo ou do economicismo e conseguimos saltos de qualidade que permitem a discussão da luta estratégica da classe trabalhadora. A ASS tem como uma das prioridades de sua Organização, a Intersindical um instrumento que não se propõe a ser a solução para os problemas de fragmentação que hoje vive o movimento, mas sim contribuir no processo de reorganização da classe a partir da base, vivendo e não apenas falando a independência em relação aos patrões e governos e a cada luta da classe o acumulo de forças necessário para derrotar o Capital e construir a necessária sociedade socialista.
Alternativa Sindical Socialista
19 de Julho de 2010.
(Bom salientar que este é um blog democrático. Nem sempre opiniões nele expostas coincidem in totum com as opiniões do editor)
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