Brasileiro é preso acusado de jogar pedras em tropas israelenses
O adolescente Majd Hamad, de 15 anos, filho de uma brasileira e que vinha sendo procurando pelo Exército israelense sob acusação de jogar pedras contra as tropas, se entregou domingo (21) em uma delegacia de polícia na Cisjordânia.
O jovem compareceu ao posto policial Binyamin, perto de Ramallah, acompanhado pela mãe, Najat Hamad - que nasceu em Goiás - e pelo ministro-conselheiro do escritório de Representação do Brasil em Ramallah, João Marcelo Soares.
O interrogatório do menor não pôde ser acompanhado pela mãe ou pelo diplomata. Após os esclarecimentos à polícia israelense, Majd foi detido no posto policial e de lá deverá ser transferido para a prisão de Ofer.
De acordo com a mãe do jovem, quando ele saiu do interrogatório “estava muito nervoso e com olhos vermelhos, mas não me deixaram falar com ele". O adolescente é acusado de jogar pedras contra soldados israelenses durante uma manifestação no dia 11 de abril, nas proximidades do vilarejo de Silwad, onde mora.
Najat Hamad, nascida na cidade de Anápolis, afirma que seu filho não participou da manifestação. "Naquele dia, eu e meu marido decidimos não deixar Majd sair de casa, pois a situação estava tensa em Silwad, depois que colonos de um assentamento próximo espancaram um agricultor palestino”.
Invasão
De acordo com o relato da mãe, soldados israelenses invadiram a casa da família às duas horas da manhã do sábado (13). "A família inteira estava dormindo quando ouvimos batidas muito fortes na porta", disse a brasileira. "Minha filha de 13 anos foi abrir e se deparou com um grupo de soldados com fuzis apontados para a cabeça dela."
"Eles entraram rapidamente e começaram a revistar a casa. Reuniram a nossa família na sala e começaram a procurar nos quartos", disse a mãe. "Eu tinha certeza de que eles estavam procurando meu marido e fiquei muito surpresa quando um dos soldados me disse que vieram prender Majd."
"Eu disse a ele que Majd tinha ido dormir na casa de parentes e que ele é muito pequeno, só tem 15 anos", afirmou. Ao fim da operação de busca, a mãe prometeu aos militares que entregaria seu filho às autoridades israelenses domingo (21).
Fiança
O diplomata brasileiro João Marcelo Soares, que acompanhou a apresentação do adolescente à delegacia, que "as autoridades israelenses informaram que os interrogatórios ainda estão em curso e, ao final, haverá uma decisão sobre o pedido de libertação sob fiança". Caso o pedido seja negado, nesta segunda (22), os menores serão levados a um tribunal militar, que deverá analisar a possibilidade da liberação.
Majd Hamad foi preso juntamente com mais quatro colegas da mesma classe, todos de 15 ou 16 anos. Sua mãe, Najat Hamad, que mudou-se para a Cisjordânia há 17 anos, disse que "não esperava que aqui prendessem crianças desse jeito". "O que são pedras diante das metralhadoras e dos veículos blindados do Exército israelense?", perguntou. O Exército israelense define o lançamento de pedras como "atentados terroristas que podem matar".
Unicef
Em março, o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) publicou um relatório acusando Israel de violar os direitos de crianças e adolescentes palestinos presos. O relatório afirma que "menores de idade palestinos detidos por militares israelenses são sujeitos a maus tratos que violam a lei internacional".
De acordo com o Unicef, a cada ano cerca de 700 menores palestinos, entre 12 e 17 anos, são interrogados e detidos pelo Exército, pela polícia e por agentes de segurança de Israel. Segundo o presidente da Associação dos Prisioneiros Palestinos, Kadura Farez, atualmente há cerca de 200 menores palestinos presos em cadeias israelenses. Farez disse que, nas cadeias israelenses, os menores "têm o mesmo tratamento que os adultos, não há prisões especiais para as crianças".
(Com Irã News/BBC)
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