Morre aos 87 anos o intelectual cubano Alfredo Guevara
Presidente do Festival de Novo Cinema Latino-Americano, Guevara sempre foi ligado a Fidel desde a época da Revolução
O intelectual cubano Alfredo Guevara, fundador do Instituto de Cinema da ilha caribenha e presidente do Festival de Novo Cinema Latino-americano, morreu (19/04) em Havana, aos 87 anos de idade. A informação foi confirmada por seu assessor, José Ferreiro.
De acordo com o site Cubadebate, a causa da morte de Guevara teria sido um enfarto. Guevara nasceu em Havana, em 31 de dezembro de 1925.
Guevara, um dos intelectuais mais reconhecidos na ilha após o triunfo da revolução castrista e muito vinculado desde sua época de estudante universitário a Fidel Castro, teve uma longa trajetória como promotor do cinema cubano e latino-americano e é autor de vários livros e ensaios.
O intelectual foi embaixador de Cuba na Unesco em 1983 e tinha recebido a Ordem Comendador da Legião de Honra, máxima condecoração outorgada pelo governo da França.
Guevara iniciou sua atividade no cinema na década de 1950, e naquela época foi assistente de produção de diretores como Manuel Barbachano e Luis Buñuel. Ele também participou da fundação da Sociedade Cultural Nuestro Tiempo, instituição que agrupou a vanguarda da intelectualidade cubana durante nos anos 1950.
Na presidência do ICAIC (Instituto de Arte e Indústria Cinematográficas), cargo que ocupou durante 30 anos, Guevara potencializou, através do cinema, um clima de ampla criatividade artística em relação com a música, as artes plásticas, a literatura e a dança.
Durante sua primeira etapa à frente do Instituto de Cinema da ilha, o intelectual apadrinhou a criação do Grupo de Experimentação Sonora do ICAIC em 1969, plataforma na qual nasceu o Movimento de Novo Trova cubana, à qual se integraram notáveis músicos como Silvio Rodríguez e Pablo Milanés.
Guevara foi membro do Conselho Executivo da Unesco, vice-presidente do Comitê Intergovernamental para a Década do Desenvolvimento Cultural e Membro do Comitê de Honra Internacional pelo Centenário do Cinema. Ele é apontado por ter sido um dos responsáveis por impedir a instauração na ilha do estilo oficialista Realismo Socialista, proposto pela União Soviética.
Atualmente, ele presidia o Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano de Havana e era membro do Conselho Superior da Fundação do Novo Cinema Latino-americano, órgão reitor da Escola Internacional de Cinema de San Antonio de los Baños.
Nos anos 1960, fundou a Cinemateca de Cuba, que guarda a mais importante memória gráfica e escrita sobre o cinema latino-americano e a revista Cinema Cubano, a mais antiga em sua especialidade no continente.
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