Contra reforma da Previdência , Paris tem a maior greve do metrô em 12 anos
Dustin Gaffke/FlickrCC
Dez das 16 linhas do metrô parisiense amanheceram paradas; as demais funcionam parcialmente, apenas nos horários de pico da manhã e no final da tarde
Patinetes, bicicletas, skates e calçadas lotadas de pedestres: os parisienses enfrentam como podem, nesta sexta-feira (13/09), a maior greve do transporte público metropolitano em 12 anos. A paralisação dos trabalhadores da companhia RATP, operadora do metrô e das linhas de ônibus na região metropolitana, é a primeira ofensiva dos sindicatos contra a reforma da Previdência proposta pelo presidente Emmanuel Macron.
Dez das 16 linhas do metrô parisiense amanheceram paradas; as demais funcionam parcialmente, apenas nos horários de pico da manhã e no final da tarde. As linhas de ônibus também estão com o tráfego praticamente interrompido.
Muitos trabalhadores da capital e de cidades da periferia foram autorizados a trabalhar em casa. Outros pegaram um dia de folga, como permite a legislação trabalhista, para fugir dos intermináveis congestionamentos. Esta é a primeira greve contra a reforma no sistema de aposentadorias que o governo francês quer aprovar até meados de 2020.
O projeto de reforma defendido por Macron substitui o sistema atual de 42 anos de contribuição por um de pontos, no qual cada euro recolhido para a Previdência contará no cálculo da futura pensão. Além disso, o governo quer unificar, na medida do possível, os 42 regimes especiais de aposentadoria existentes no país, que seriam transcritos num padrão universal.
A idade mínima legal de 62 anos não muda, em princípio, para homens e mulheres. Mas o projeto introduz um sistema de descontos e bônus. Quem se aposentar com a idade mínima receberá um desconto no valor da pensão, enquanto aqueles que permanecerem na ativa por mais tempo serão recompensados com um valor superior.
No caso dos metroviários parisienses, os sindicatos da categoria afirmam que o novo modo de cálculo resultaria em uma redução de € 500 mensais nas pensões.
O governo alega que o projeto busca reduzir distorções salariais e privilégios injustificáveis dentro de uma mesma categoria profissional, como, por exemplo, um metroviário de Paris ganhar mais e se aposentar mais cedo do que um colega de Bordeaux.
Para tranquilizar os trabalhadores, as autoridades sustentam que a aplicação da reforma será gradual, ao longo de 15 anos, sem afetar os franceses que estão a cinco anos da aposentadoria.
Segundo várias pesquisas, cerca de dois terços dos franceses apoiam mudanças nos regimes especiais de aposentadoria. Mas as medidas propostas pelo especialista Jean-Paul Delevoye, de 72 anos, escolhido por Macron para pilotar esse dossiê espinhoso, provocam questionamentos em várias categorias.
A partir da semana que vem, advogados, médicos, pilotos, comissários de bordo e funcionários da companhia de eletricidade EDF devem realizar protestos para defender suas aposentadorias. Além disso, duas grandes manifestações nacionais de sindicatos estão previstas em 21 e 24 de setembro.
(Com Opera Mundi)
Comentários