Prestes, que faria 123 anos hoje, foi o principal nome do PCB , fundado em 1922
Por José Carlos Alexandre
Numa carta à sua mãe, Leocadia Prestes, em 13 de agosto de 1940, da prisão em que se encontrava, ele pergunta: "Quando receberei algumas garatujas da pequerrucha?"..."E os seus cachos, as suas longas melenas quando pensa em contá-los? Antes que isso aconteça, desejaria que a Lyginha, com sua máquina fotográfica, tirasse um retrato da minha Fraulein com suas tranças, em vez de cachos".
Em outra carta a d. Leocadia, em 18 de setembro de 1941, Prestes manda um recado para Anita": "Quando sua mãe vir o novo retrato, vai dizer -'mon petit lapin...' Quanto a mim, se estivesse aí, certamente já a teria chamado, mais brasileiramente, de 'largatixa espevitada'... isso para que se zangasse comigo. Um beijo do Papai".
Note-se que ele se refere à hoje escrtora Anita Leocadia Prestes, autora de vários livros sobre a vida de seu pai como "largatixa espevitada", imaginando que Olga Benario se referiria à filha como "minha coelhinha"...
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Preso, juntamente com Olga Benário em 5 de março de 1936, sob acusação de ter participado do levante antifascista de novembro de 1935, Prestes ficou na Casa de Correção, no Rio de Janeiro, numa cela ao lado do pavilhão de tuberculosos, até a anistia, quando foi libertado em 19 de abril de 1945.
Só foi conhecer a filha Anita Leocádia Prestes e 28 de agosto de 1945, quando ela chegou do México com a tia Lygia Prestes.
No livro "Anos Tormentosos- Luiz Carlos Prestes, correspondência da Prisão", enfoca carta "Para Anita Leocadia": "Minha filhinha. Fazes cinco anos e o teu pai, aquide longe, imagina que deves estar contando pelos dedinhos, para que a Vovó veja; um, dois, três, quatro e cinco. Assim deve estar pensando a tua Olga".
E continua:"Não te posso explicar porque estamos nós três assim, tão distantes uns dos outros; mas tu sabes que deve ser bem contra a nossa vontade que estamos longe dela e de ti. Mas não fiques triste. Precisas alegrar a Vovó e, principalmente, crescer e estudar para ajudá-la."
Olga foi colocada numa câmara de gás em abril de 1942, no campo de concentração de Berburg, Alemanha.
Prestes foi secretário geral do PCB de agosto de 1943 a março de 1980 quando se desligou do Partido porque, segundo conta na "Carta aos Comunistas", de março de 1980, sua direção abandonou "os objetivos revolucionários".
O capitão que liderou a Coluna Prestes, percorrendo 25 mil quilômetros do Brasil, morreu dia 7 de março de 1990 no Rio de Janeiro, deixando no movimento comunista e revolucionário brasileiro uma lacuna que não se consegue preencher até hoje.
O Partido Comunista Brasileiro, fundado num congresso de trabalhadores em 25 de março de 1922, em Niterói e no Rio de Janeiro, teve seus melhores dias justamente quando Luiz Carlos Prestes foi eleito senador e deputado constituinte em 2 de dezembro de 1945, junto com uma bancada de deputados federais como Carlos Marighella Jorge Amado. Todos foram signatários da Constituição de 1946.
Com o agravamento da repressão capitalista o Partido Comunista foi declarado fechado em 7 de maio de 1947 e seus deputados cassados em 1º de janeiro de 1948, dentre eles o deputado estadual por Minas Gerais Armando Ziller, líder bancário e depois dirigente da Federação Sindical Mundial.
Armando Ziller foi um grande quadro do PCB em Minas Gerais, lutando bravamente não só como presidente da Federação dos Bancários mas em todo o movimento sindical, com destaque para o dos mineiros de Nova Lima e Raposos.
Eu participei da solenidade em que o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte o homenageou com exposição de suas fotos e outros materiais alusivos à história da entidade da qual foi o primeiro presidente.
Não poucas vezes cobri as assembleias dos bancários realizadas num dos maiores auditórios da época, na então Secretaria de Saúde do Estado, na avenida Augusto de Lima, onde hoje existe uma casa de espetáculos, em frente ao Mercado Municipal.
Neste série de trabalhos contei com publicações da professora doutora Anita Leocadia Prestes, filha do maior de todos os líderes comunistas latino-americanos com a militante comunista alemã Olga Benario Prestes cuja história é contada, por exemplo, no livro "Olga", de autoria do escritor Fernando Morais, no filme do diretor de cinema Jayme Monjardim e da opera "Olga", sucesso nos teatros europeus, do Jorge Antunes.
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