Gravuras de Ica seriam mensagens dos tempos antes do Dilúvio?


                                                                                

Os Maias, sem paciência para continuar a escrever o seu calendário, deixaram os descendentes a tremer de medo à espera do fim do mundo.
Mas houve outros que se deram ao trabalho de fazer milhares de gravuras em pedra com uma mensagem muito mais otimista: o fim do mundo já aconteceu.

Este ano, na península russa da Kamchatka, na costa do Pacífico, foram encontrados uns fósseis estranhos. No início, podiam ser tomados por restos de animais pré-históricos. Mas havia uma coisa que fazia os pesquisadores duvidar: as suas formas eram demasiadamente perfeitas. Os fósseis mais pareciam componentes de um estranho mecanismo, com rodas dentadas de vários tamanhos. Tendo em conta a camada geológica onde foi encontrado, o achado teria cerca de 400 milhões de anos.

O arqueólogo de São Petersburgo, Yuri Golubev, e vários especialistas norte-americanos que investigaram os fósseis concluíram que estes, a julgar por tudo, são peças de uma máquina qualquer.

A ciência oficial ignorou o achado. Já os jornalistas fizeram lembrar outros artefatos que, em dada altura, também suscitaram grande polêmica. Por exemplo, os estranhos objectos esféricos de 2,5-10 cm que, de tempos a tempos, aparecem nas minas perto da cidade de Klerksdorp, na África do Sul.

A idade aproximada das rochas onde estas esferas são encontradas é de cerca de três bilhões de anos.

Não há uma opinião unânime quanto à origem destes objetos. Os defensores da versão da sua origem artificial baseiam-se no fato de as esferas possuírem sinais claros de transformação tecnológica – incisões longitudinais.

Os geólogos afirmam que as esferas são de origem natural e que as incisões encontradas são resultado da ação do ar e da oxidação.

Já um outro achado encontrado por Emma Khanem em 1934, durante uma viagem pelo Texas, é mais difícil explicar por causas naturais.

Ela encontrou um martelo imbutido num bloco de rocha. O cabo, que seria de madeira, estava petrificado. Mas o próprio martelo estava perfeitamente conservado porque era feito de metal de boa qualidade, metal que os humanos só aprenderam a produzir há 10 mil anos. O paradoxo é que o martelo estava dentro numa rocha cuja idade os cientistas avaliam em, pelo menos, 65 milhões de anos. Por outras palavras, o instrumento teria sido feito na época dos dinossauros.

Considera-se que as primeiras pessoas capazes de fabricar um tal artefato só surgiram na Terra dezenas de milhões de anos depois da extinção dos dinossauros. Consequentemente, os homens nunca poderiam ter visto pessoalmente tais animais.

Então, como explicar as gravuras em pedra na província peruana de Ica, as famosas Pedras de Ica?

Nestas gravuras, estão representados dinossauros de várias espécies que os especialistas podem identificar: Triceratops, Stegosaurus, Brontossauros, Tyrannosauros.

É frequente nestas gravuras aparecerem também pessoas que, ou caçam os dinossauros ou se servem deles como transporte. As pessoas são representadas, por exemplo, montadas em Triceratops ou em Pterodactylos voadores.

Nas gravuras de Ica são ainda mostrados mamíferos há muito extintos, característicos só do continente americano, além de cenas de operações cirúrgicas de transplante do coração e até do cérebro e de representações de sistemas solares e aparelhos voadores.

A primeira ideia que nos vem à mente ao ver fotografias destas gravuras é que se trata de uma falsificação, feita especialmente para enganar turistas ingénuos. Mas nem tudo é tão simples.

As primeiras referências a gravuras com animais estranhos surgiram em 1570 num texto do cronista de origem indígena, Juan de Santa Cruz Pachacuti, Relacion de antique dades d´este reyno del Peru (1570).

No início dos anos 1960, as pedras de Ica começaram a ver vendidas a preços baratíssimos no mercado negro de antiguidades no Perú. Elas só passaram a ser conhecidas graças ao professor de Medicina da Universidade de Lima, Javier Cabrera (1924-2001).

Tendo obtido a primeira pedra como presente de aniversário em 1961, ele passou os 40 anos seguintes a juntar e a estudar estas pedras especiais. Ele até fundou um museu, o Museu das Pedras de Ica, cuja coleção inclui atualmente mais de 11000 amostras, com tamanhos que vão desde 30 cm até 1,5 metros, cobertas de gravuras.

Em 1976, Javier Cabrera publicou o livro The Message of the Engraved Stones of Ica. Nesta obra, ele avança a seguinte hipótese: na Terra teria havido há muito tempo uma civilização altamente desenvolvida, que teria gravado em pedra a história do seu desenvolvimento até ter deixado a Terra, na sequência de uma catástrofe global, por exemplo, o Dilúvio.

As pedras foram escolhidas como material porque são capazes de resistir a qualquer cataclismo. Já a simplicidade das gravuras, com cenas de operações cirúrgicas, seria destinada a poder ser facilmente compreendida pela Humanidade após a catástrofe.

Javier Cabrera obteve o título de "filho amado do povo" de Ica, tendo sido condecorado com uma medalha de ouro.

No entanto, muitos consideravam-no louco ou charlatão. As pedras de Ica foram consideradas uma falsificação sem valor. Este veredicto teve por base testemunhos de trabalhadores peruanos, que confessaram ter eles próprios gravado os desenhos nas pedras.

No entanto, na opinião do historiador russo Andrei Jukov, os adversários de Javier Cabrera, que tentaram desacreditar a sua obra, têm eles próprios muitos pontos frágeis que podem ser criticados:

"Em primeiro lugar, o comércio ilegal de antiguidades no Perú é considerado crime. Por isso, as pessoas que forneceram as pedras a Javier Cabreraeram obrigadas a declarar que elas próprias haviam fabricado as pedras para evitar perseguição judicial. Em segundo lugar, as pedras falsificadas são diferentes de pedras verdadeiras pela técnica de gravação. Em terceiro, a pedido Javier Cabrera, as análises feitas pela empresa Mauricio Hochschild & Cia Ltda em várias dezenas de pedras, nomeadamente as que representam dinossauros, confirmaram a sua autenticidade. Resultados idênticos tiveram os testes realizados na Universidade de Bona, na Universidade de Lima e laboratório da Escola Superior de Engenharia de Lima".

O historiador sublinha que uma das provas da autenticidade da coleção de Ica é o fato das figuras representarem alguns dinossauros que só foram encontrados (os seus restos) no princípio dos anos 90, ou seja, muito depois das gravuras estarem na coleção de Javier Cabrera!

Trata-se de desenhos de Diplodocus com espigões ósseos dorsais,semelhantes aos Stegosaurus.

É muito pouco provável que camponeses peruanos semi-analfabetos pudessem ter inventado um tal animal, ou ter gravado cenas de transplantes de coração e cérebro, que nos espantam pelo rigor dos pormenores.

É duvidoso ainda que, em tais hipotéticas "oficinas de gravação" trabalhassem químicos capazes de envelhecer tão bem as pedras que permitisse enganar os melhores peritos.

Resta dizer que existem milhares de pedras com gravuras e que teria sido impossível esconder tais laboratórios.

Por isso, a coleção de Javier Cabrerapode pode muito bem ser verdadeira. Mas, se concordarmos com isso, teremos que pôr em causa os atuais conhecimentos sobre a história da Terra. A verdade é que não são poucos os fatos que comprovam essas dúvidas.(Com a Voz da Rússia)

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