Crise monetária na Turquia

                                                                        

TKP [*]

O que deve fazer o nosso povo face 
à depreciação da nossa moeda? 

NÃO MAIS SE DEIXAR ILUDIR 

Nosso país tornou-se terreno de jogo dos monopólios internacionais, das empresas e dos bancos, cujos nomes nem sequer podemos pronunciar correctamente. 

É o resultado das políticas económicas liberais efectuadas há anos. 

Eles fizeram do nosso sangue, do nosso suor e das nossas lágrimas uma prenda para os capitalistas estrangeiros que convidaram para vir ao país dizendo "temos uma mão-de-obra barata". 

Eles pilharam os recursos nacionais dizendo que "queimamos as florestas, envenenamos os rios e ninguém ousará nos pedir contas". 

Ao pilharem os recursos naturais e sociais sem contenção eles estabeleceram uma economia de empréstimos que lhes concede lucros excepcionais e de cujo crescimento estão orgulhosos. 

Desde o primeiro momento era evidente que eles se deparariam com um muro de tijolos na sequência deste desenvolvimento apodrecido. A economia turca afundaria numa crise, mesmo que os Estados Unidos não se houvessem intrometido. 

Os comunistas sublinham a fragilidade da economia turca desde há anos. Mas o que é a fragilidade? A fragilidade é a vulnerabilidade, é ser impotente para resistir aos desenvolvimentos negativos. 

Este sistema de exploração, que não tem futuro, que foi sustentado esgotando todos os recursos e tornando a economia cada dia mais dependente, é frágil. 

Este sistema de exploração tornou a Turquia indefesa. 

RECONHECER O AUTOR DO CRIME 

Eles designam a administração americana como o agente responsável pela depreciação da lira turca. É verdade. Além das guerras de agressão, dos golpes de Estado e das invasões, os Estados Unidos recorrem igualmente a sanções económicas, mesmo a sabotagens, para manter a sua posição dominante no sistema imperialista. 

Contudo, os Estados Unidos 
não são os únicos 
responsáveis pela crise actual. 

A verdade é que o governo AKP tem igualmente uma responsabilidade na crise actual. As políticas económicas adoptadas pelo AKP, no poder há 16 anos, reforçaram a exploração, a pilhagem e a injustiças. Além disso, tais políticas mergulharam o país numa crise profunda. Entretanto, não é verdade que toda a falha quanto à crise actual caiba ao AKP. 

O autor real não é senão a classe capitalista, que só se preocupa com seus lucros; bem como esta ordem social baseada na exploração. Trata-se do resultado natural do facto de a nossa economia baseia-se no enriquecimento de uma pequena minoria e não na busca de interesses sociais e nacionais, isso só pode nos levar a deslizar para crises sucessivas. 

OPOR-SE AO IMPERIALISMO 

A Turquia é membro da NATO. Os Estados Unidos têm bases militares e tropas na Turquia. A Turquia participou de operações militares em vários países, especialmente na Síria, ao lado dos Estados Unidos e de outros países imperialistas. Até ontem, o partido no poder na Turquia gabava-se da sua parceria estratégica com os Estados Unidos.

Mais uma vez, foi o AKP que estava em um clima festivo quando progressos foram realizados no processo de adesão à União Europeia. Ontem como hoje, os comunistas sempre se levantaram e lutaram contra a NATO, contra a União Europeia e contra bases militares estrangeiras no nosso país. 

Não se pode lutar contra o imperialismo negociando com ele. Não se pode ser "independente" declarando certos países como amigos num dia e como inimigos no outro. O governo do AKP fez da Turquia um país chave na luta interna do sistema imperialista, o que o tornou sujeito a toda espécie de operações militares, económicas e políticas. 

Um país que abençoa os chamados "mercados livres", que é membro da NATO e candidato a membro da União Europeia está indefeso contra tais operações. Nosso povo deve levantar-se contra o imperialismo e mostrar aos patrões que temem as "relações tensas com os Estados Unidos" que é a este que o país pertence realmente. 

FAZER ORELHAS MOUCAS

ÀQUELES QUE NOS PEDEM 

PARA FAZER SACRIFÍCIOS 

Aqueles que não têm senão o seu trabalho para vender a fim de ganhar a vida, os assalariados, são pobres. A cada dia estão expostos à ameaça de serem despedidos. Agora, eles pedem ao nosso povo para fazer sacrifícios pretendendo que "estamos todos no mesmo barco". 

Nos próximos dias eles vão começar a decretar "programas de estabilização", uns depois dos outros. Os monopólios internacionais e os figurões vão começar a choramingar em conjunto e vão nos pedir para fazer sacrifícios, enquanto continuam a gerir seus negócios com prazer como de costume! 

Aqueles que colocaram a Turquia em tal situação, aqueles que acumulam enormes riquezas, já começaram a "transformar a crise em oportunidade". Nós não os deixaremos remover o pão das nossas bocas e agravar nossas condições de trabalho. 

Hoje, os trabalhadores, os proletários, são os mais vulneráveis de constituem a parte mais desorganizada da sociedade. Os patrões e o seu governo farão tudo o que está ao seu alcance para descarregar o fardo da crise sobre os empregados. Devemos nos organizar contra isso. 

A palavra de ordem "um povo unido jamais será vencido" deve ser levada a sério. E deveríamos saber que as pessoas desorganizadas estão destinadas a empobrecerem-se. 

FAVORECER A CULTURA DA SOLIDARIEDADE 

Devemos lutar contra a pobreza e o desemprego organizando-nos por toda a parte. Devemos nos organizar contra as reduções salariais, contra o alongamento do tempo de trabalho, contra os despedimentos. 

A pobreza, o facto de não ter nada mais para vender senão a sua própria força de trabalho, o facto de ganhar a vida honestamente não são coisas de que se deva ter vergonha. O que é vergonhoso e constitui um crime é enriquecer-se explorando os outros e saqueando as riquezas sociais e naturais. Devemos fazer reviver a "cultura da solidariedade", um dos valores mais caros ao nosso povo e que foi abafada, forçada ao esquecimento, pelo reino do dinheiro. 

Não devemos permanecer surdos à pobreza do nosso vizinho, ao despedimento do nosso colega. 

Os capitalistas reagrupam-se e detêm igualmente o poder político. Nosso seguro é a nossa associação, nossa solidariedade. 

A MUDANÇA DA ORDEM SOCIAL É UM DIREITO INCONTESTÁVEL 

Antes das eleições de 24 de Junho o Partido Comunista da Turquia havia declarado que perfilava-se "uma grande crise no horizonte" e que "devemos estar preparados". 

Devemos nos organizar, nos bater contra as injustiças, contra os esforços efectuados para descarregar o fardo da crise sobre as costas dos trabalhadores e dos explorados. 

Aida mais importante, devemos nos opor a esta ordem social que nos condena às operações imperialistas, a um empobrecimento de cerca de 20% num único dia, ao desemprego e à fome. Não teremos paz neste sistema de exploração. O conforto, a paz, a prosperidade, a abundância são nada mais que pura fantasia neste sistema. O sistema de exploração não responde senão ao prazer de uma pequena minoria. 

Esta ordem social deve ser revertida sem tardar. 

O reino dos capitalistas deve chegar ao fim.

(*) Partido Comunista da Turquia 

13/Agosto/2018 

A versão em francês encontra-se em solidarite-internationale-pcf.fr/... 

Esta declaração encontra-se em http://resistir.info/ .

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