A morte de um companheiro
Via-o quase sempre alegre,bem disposto. No Estado de Minas, onde trabalhavamos. Ele na redação do EM. Eu, na do Diário da Tarde. Subia para o EM sempre äs sextas-feiras, para entregar minha Coluna Sindical, à época publicada no EM aos domingos, na página 2 do primeiro caderno.Estávamos em grupos diferentes Ele, em companhia de Célius Áulicos, o "General da Banda", mero pseudônimo carnavalesco que acabou por se tornar seu apelido, numa época em que os generais de verdade dominavam o País...Eu, vivendo vida dupla, ou alternando a atividade legal com a ilegal (exigência da época, pois vivíamos em plena ditadura).Ele, pela mesma forma, embora nos encontrássemos apenas em nossas atividades legais...Era o Délio Rocha jornalista e sindicalista.Eu o jornalista e o sindicalista atuando nas assembléias , nas comissões de salários, na cobertura do movimento sindical do Estado..E então vem acampanha das Diretas, a Anistia, a reabertura, a Nova República, com a frustração da morte de Tancredo Neves, o governo Sarney. Eis que os partidos políticos são legalizados. Vamos então para as ruas,mostrar nossos rostos, disputar o voto. Ele, candidato a deputado federal; eu, a estadual. Dobradinha cumprindo tarefa. Vem a eleição de 86, nossa legenda não consegue eleger ninguém mas nosso partido se impõe, como se impôs na conposição que fez o último general sair pela porta dos fundos...Estava selada minha aliança com Délio. Até nas discussões para fazê-lo voltar à diretoria do Sindicato, como presidente ou como vice. Amizade que só se rompe agora, com a surpresa de sua morte. Mas todos, militantes ou não, só podemos nos orgulhar: ele sempre foi fiel às suas, às nossas idéias, que um dia serão todas concretizadas.Valeu, camarada!
Comentários
Enfim, os que hoje homenageiam serão mais tarde reverenciados também!
Abraços do
Carlos Lúcio
Quanto ao blog, está com uma cara bonita, diferente. Só faltaram perfumes - rs
Ao contrário deste seu blog, como bem ressaltou o amigo Carlos Lúcio, não se faz mais jornalismo como antigamente. Se de um lado a tecnologia inovou do outro a qualidade ficou a desejar; e não é por culpa dos profissionais que estão aí. Creio que os donos das empresas preferem mesmo um jornalismo pobre.... e pobre, até pela própria condição, é mais fácil de ser manipulado. Situação própria de uma política social que tem medo da educação; talvez pelo fato de ela ser o caminho mais natural que leva à verdadeira independência. E todos sabem que não se pode falar em independência num país de senhores que mantém até os dias de hoje velho estilo da escravidão.
Agora me vem a pergunta: quantos Délio devem ir antes que esta situação tão pobretana se reverta?
Roberto Nogueira