Meu Recado

                                       
J.C.Alexandre, em frente ao DOPS, cobrando o Memorial
       
Marcando passo...

José Carlos Alexandre

O ano está chegando ao fim. Um fim melancólico, já que, em termos de política econômica, tudo indica que o Brasil andou para trás. 

Ou deixou de crescer, o que é temerário em face das perspectivas de emprego e renda.

Pior: em termos de avanços na descoberta e divulgação dos crimes da ditadura cívico-militar (ou burguesa-militar, tanto faz) de 1964, também ficamos marcando passo.

As Comissões da Verdade, salvo raríssimas exceções, ficaram mais no barulho do que em ganhos concretos.

Estou profundamente decepcionado. Tanto com a CNV, quanto com a Estadual.

Com relação a esta última, não sei bem o que anda acontecendo mas ao que parece ela teve uma espécie de recuo muito grande, talvez em função das eleições que se realizaram este ano ou por outros motivos...

O que passou para o público é que há uma divisão muito grande na área...

Não se sabe mais quem é quem na Estadual. Se há duas Comissões...

Eu que milito há muitos anos na área de direitos humanos, até recebi um alerta sobre cuidados ai passar informações a esta ou àquela fonte...

Só sei de uma coisa: os relatórios que as Comissões apresentarão nos próximos dias estarão bem abaixo do que se esperava...

A não ser que ocorra algum milagre...

Mas não avançaram até agora a apuração da morte e sumiço do corpo do sindicalista Nestor Veras.

Não se cuidou de esclarecer a situação dos sobreviventes dos 51 mineiros demitidos da Morro Velho, como "terroristas", nos anos 40.

Tampouco se falou na conclusão (?) do Memorial de Direitos Humanos na Rua Carangola, em BH.

E muito menos na efetiva transformação do prédio do antigo DOPS, na avenida Afonso Pena, em Memorial que marque a repressão em Minas Gerais, conforme lei estadual assinada pelo ex-presidente Itamar Franco no ano 2000.

Houve, é certo, o tombamento do prédio do ex-DOPS por parte de um órgão específico da Prefeitura de Belo Horizonte.

Mas parece que ficou nisso...

Enquanto que a lei que cria o Memorial onde se situa aquele antro de repressão prevê tudo, tintim por tintim, verbas para seu funcionamento, órgão responsáveis e tudo o mais...

Mas os dois últimos governos estaduais, quando  acionados, preferiram o silêncio...

Minas, cujo "primeiro compromisso é a liberdade", na expressão do ex-governador Tancredo Neves, 

fica a dever muito ao país.


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