Periferias de São Paulo constroem rede de proteção contra a violência policial
Pedro Borges (*)
Mais de 50 grupos políticos e culturais de São Paulo construíram, no dia 9 de junho, em Sapopemba, Zona Leste, uma rede de proteção das periferias. O objetivo da articulação é defender as vítimas da violência policial e preservar os movimentos sociais que atuam nos territórios.
A rede foi o resultado do 1º Seminário Internacional Juventudes e Vulnerabilidades: homicídios, encarceramento e preconceitos, que aconteceu nos dias 7 e 8 de Junho no salão nobre da Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, e no dia 9 de Junho em Sapopemba, Zona Leste.
Marisa Fefferman, pesquisadora do Instituto de Saúde, explica que o objetivo do encontro e da rede é contrapor a narrativa construída pelos veículos de comunicação e reunir tanto os movimentos sociais quanto a academia para enfrentar o Estado penal e lutar para que mais nenhum jovem seja assassinato no país.
As mesas dos dois primeiros dias, intercaladas por exposições dos convidados e intervenções artísticas, reuniram nomes expressivos da academia e dos movimentos sociais para debater encarceramento, política de drogas, genocídio negro, meios de comunicação, entre outros assuntos. Os diálogos contaram com a participação de Kleaver Cruz, ativista do Black Lives Matter, e dos professores Jose Manuel Valenzuela e Alfredo Nateras, ambos do México, e German Muñoz, da Colômbia.
Luiz Eduardo Batista, pesquisador do Instituto de Saúde, ressalta a importância da troca de experiências durante as atividades. “Brasil e América Latina compõem 60% das mortes por causas violentas entre os jovens do mundo. Pensar em articular, junto aos movimentos sociais, a resposta a esse problema sistêmico é algo necessário”.
No dia 9 de junho, o encontro começou às 9h da manhã na Escola Combinados de Sapopemba, Avenida Sapopemba, 8.350. As mais de 300 pessoas que compareceram, se dividiram em grupos e trocaram experiências sobre as mesas e os debates dos dois primeiros dias.
A proposta era conversar sobre o que acontece nos diferentes extremos de São Paulo e compartilhar as distintas técnicas de resistência. O desafio era dialogar sobre esses dois pontos e refletir sobre os aprendizados do seminário para formular as melhores estratégias de luta.
À tarde, um representante de cada grupo compartilhou as experiências e propostas de cada frente, divididas de acordo com os temas do seminário: política de drogas, encarceramento, mídias, homicídio, entre outros.
Ao final, os participantes decidiram manter os diálogos para alinhar e definir de maneira mais detalhada qual modelo será dado a essa rede de proteção das periferias.
Mesmo sem um formato definido por completo, Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional, enaltece a iniciativa. “Eu acho que fazer uma rede de proteção das periferias é um modo de cada sujeito ou grupo demonstrar sua força de se proteger, e proteger o companheiro e a companheira. Ao mesmo tempo é uma forma de cada pessoa e grupo das periferias mostrar sua força para o restante da sociedade”.
(*) Pedro Borges é jornalista do Alma Preta, onde a matéria foi originalmente publicada
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(Com o Correio da Cidadania)
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