É muita maldade!

                      
                                                      
                                                  Crianças na cidade de Homs, na Síria

Uma em cada quatro crianças no
mundo tem direito à infância negado


Relatório da ONG Save the Children afirma que 690 milhões de crianças têm seus direitos a uma infância segura e saudável desrespeitados, apesar de avanços notáveis em quase todos os países nas últimas duas décadas.

   
Em 18 anos, houve um aumento 
de 80% no número de crianças 
vivendo em zonas de conflito

Cerca de 690 milhões de crianças em todo o planeta têm seus direitos mais fundamentais desrespeitados, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira (28/05) pela ONG Save the Children. Esse número corresponde a um quarto das crianças do mundo.

Usando dados das Nações Unidas, o Global Childhood Report analisa a situação das crianças em 176 países em termos de saúde, educação, alimentação e proteção contra riscos como o casamento precoce e o trabalho infantil forçado.

Em um ranking de países, Cingapura aparece em primeiro lugar como o país que mais protege e proporciona uma melhor infância às suas crianças, seguido de Suécia, Finlândia, Noruega, Eslovênia, Alemanha, Irlanda, Itália, Coreia do Sul e Bélgica.

No fim da lista, entre os dez países onde a situação é mais precária, está a República Centro-Africana na última posição, antecedida por Níger, Chade, Mali, Sudão do Sul, Somália, Nigéria, Congo e Burkina Faso – todos na África.

Entre os 176 países da lista, os Estados Unidos aparecem na 36ª posição, empatados com a China. O Brasil, por sua vez, está em 99º, atrás de países como Coreia do Norte e Palestina, além de várias nações da América Latina, como Cuba, Chile, Argentina, Uruguai, Equador e Peru.

"Milhões de jovens são privados de sua infância, e os governos podem e devem fazer mais para proporcionar a cada criança o melhor início de vida possível", afirmou, em comunicado, a presidente da Save the Children International, Helle Thorning-Schmidt.

O relatório, que também compara a situação atual com a do ano 2000, aponta, por outro lado, "progressos notáveis" no bem-estar infantil ao longo das últimas duas décadas.

Se hoje 690 milhões de crianças são privadas de sua infância, em 2000 esse número era ainda maior: dados daquele ano mostram que 970 milhões de menores foram vítimas do que se chama de "assassinos da infância", como casamento ou gravidez precoce, exclusão do sistema educacional, trabalho forçado, doenças, desnutrição ou morte violenta.

Ou seja, atualmente ao menos 280 milhões de crianças têm uma possibilidade maior de crescerem saudáveis, viverem em um ambiente seguro e terem acesso a educação do que há 18 anos, destacou a ONG Save the Children.

Esses avanços notáveis foram alcançados "graças à forte vontade política, aos investimentos sociais e ao sucesso dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), fixados pela ONU em 2000", escreve a organização em seu relatório.

"Hoje em dia, as crianças têm mais saúde, são mais ricas e mais educadas do que nunca", celebrou Thorning-Schmidt, que já foi primeira-ministra da Dinamarca.

O documento, publicado pouco antes do Dia Internacional da Criança, em 1º de junho, considera que a situação dos menores melhorou em 173 dos 176 países analisados.

Os progressos mais significativos foram registrados em alguns dos países mais pobres do mundo, como Serra Leoa, Ruanda, Etiópia e Níger, o que demonstra que "as decisões políticas podem ser mais importantes do que a riqueza nacional", diz o relatório.

Em comparação com 2000, houve uma queda de 49% nas mortes de crianças com menos de 5 anos; de 40% no trabalho infantil; 33% na desnutrição crônica; e de 25% no casamento infantil.

Segundo a organização, apenas um dos indicadores subiu ao longo dos últimos 18 anos, e "muito significativamente": crianças vivendo em conflito ou afetadas pela violência.

Entre 2000 e 2018, houve um aumento de 80% no número de menores que vivem em zonas de guerra ou fogem dessas regiões. Estima-se que elas sejam hoje 420 milhões de crianças.


(Com a DW)

Comentários