Declama na ABI lança 2ª coletânea de poesias
O conselheiro Carlos Rocha lança nesta quinta-feira, 17, a II Antologia Verso e Prosa, uma coletânea com obras de 14 escritores e poetas que participam do projeto Declama na ABI. O evento será no Sindicato dos Jornalistas do Rio, à rua Álvaro Alvim, 37- 5° andar, às 15 hs.
Participam da antologia: Ana Helena Tavares, Denise Teixeira, Fátima Vilela, Gina Teixeira, Gisele Ramos, Katia Vieira, Lucia Bessa, Márcia Schweizer, Maria Gláudia Férrer Mamede, Mitiko Yanaga Une, Neuza Fernandes, Palmyra Duarte, Renata Barcellos e Carlos Alberto Carneiro de Souza ( Carlos Poeta).
O prefácio do livro foi escrito pela jornalista Ana Helena Tavares, em memória do ex-diretor de Cultura e Lazer da ABI Jesus Chediak, morto em maio deste ano, vítima da Covid-19.
Legado de Jesus Chediak, obra reúne poesias declamadas na ABI
Por Ana Helena Tavares, jornalista, conselheira da ABI
Jesus Chediak foi um homem que foi muitos, não só pelos personagens aos quais deu vida como ator e diretor de teatro e cinema, mas por ter sido um gestor generoso que alavancava o brilho dos outros. Não à toa, no período em que foi diretor cultural da Associação Brasileira de Imprensa, Jesus abriu as portas da instituição para a realização de saraus, coordenados pelo jornalista Carlos Rocha, batizados de “Declama na ABI”. Como resultado, temos agora uma herança de Jesus materializada em livro, lançado nesta quinta, 17 de setembro, trazendo uma antologia poética daqueles eventos.
Entusiasta da revitalização do 11º andar da ABI, onde os saraus eram realizados, Jesus havia se comprometido a fazer o prefácio. Antes disso, porém, Deus o chamou, porque, por certo, precisava montar uma peça de teatro para ser encenada nos verdes e floridos campos e achou que Jesus era a pessoa certa para dirigi-la. Carlos, então, me procurou e coube a mim a bela, embora triste, tarefa de ler aqueles poemas e tentar escrever algo que Jesus pudesse ler lá em sua coxia no céu e exclamar “Maravilha!”, como fazia quando gostava de algo. Espero ter conseguido.
Introdução da antologia “Declama na ABI”, por Ana Helena Tavares*
Uma honra e uma responsabilidade escrever um prefácio que seria escrito por Jesus Chediak para esta antologia do “Declama na ABI”. Mestre das palavras e da vida, Jesus faleceu em maio de 2020, acometido pela Covid-19, e deixou órfãos um sem número de amigos, sendo uma perda enorme também para todos os que acreditam na cultura como instrumento de libertação.
E é justamente de liberdade que trata o primeiro poema deste livro, escrito pelo Carlos Alberto Carneiro de Souza. Nele, é versada a história dos índios que “viviam seu ideal de liberdade / até europeu usurpá-los”, conforme descreve o autor.
O poema que se segue continua falando de liberdade, uma vez que fala de Tiradentes. Fala da cidade, batizada com o nome de um brasileiro que se tornou símbolo de luta por independência. Nele, Denise Teixeira versa o amor romântico característico do interior de Minas.
Liberdade é o que não falta nesse livro. Fátima Vilela fala do mar e nos convida a “mergulhar na calmaria das marés”. Poucas coisas na vida dão tanta sensação de sermos livres como num mergulho a mar aberto.
Mas o livro também fala de prisão. Kátia Vieira da Silva nos lembra que em cidades grandes, como o Rio de Janeiro versado por ela, “a segurança também viajou”. E ela não sabe quando volta, mas deseja essa volta.
Já Lúcia Lessa dá um banho de luz ao livro falando do sol nascente. Ela fala do “desabrochar do novo ser”. E aí, voltando à temática da liberdade, podemos tirar daqui a lição que só um novo ser, renovado em si mesmo, pode ser verdadeiramente livre.
Em seguida, Mitiko Yanaga Une vem falando de uma Anna “dona do seu nariz”. Uma Anna que sabe que “doar e amar” é o que podemos fazer de mais importante. É, portanto, uma Anna que se libertou de apegos materiais.
Depois, a Neusa Fernandes chega buscando aventuras. Triste, diz que só lhe restam “desamores e sofrimentos”. E pede perdão. Em outro poema, diz que está “aprendendo a morrer”. Sente a “presença da ausência”.
Quando a ausência é por morte, podemos sentir a presença de diversas formas, no campo espiritual. Mas quando é a distância geográfica que separa há os mensageiros para amenizar a dor. É disso que nos lembra a Palmyra Duarte ao falar do rádio.
Quem dera ter um rádio para me comunicar e ouvir notícias dos que já se foram. Quem dera ter um rádio que me contasse que o Jesus Chediak está lá no céu, com seu chapéu panamá, rindo à toa. Não foi criado ainda esse meio de comunicação, mas certamente ele está feliz com esse livro nascido de um projeto que ele tanto apoiou.
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