Entidades sindicais repudiam demissões nos Diários Associados

                                                                
Cláudia Souza

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Pernambuco (Sinjope) divulgaram quarta-feira, dia 25, nota de repúdio ao corte de mais de 40 jornalistas e funcionários de diversas áreas das empresas do grupo.

Mais de cem trabalhadores foram afastados terça-feira, 24, entre jornalistas, gráficos e funcionários da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), dos departamentos de administração, de transportes, de marketing, de alimentação e de recursos humanos.

Os cortes foram autorizados por gestores do Grupo Opinião de Comunicação (GOC), controlado pelo Canadá Investimentos, proprietário da Hapvida, que adquiriu em janeiro de 2014, 57,5% da participação societária nas empresas de comunicação do Grupo Diários Associados, assumindo o controle dos jornais “Diário de Pernambuco” e “AquiPE”, das emissoras de TV Borborema, e O Norte, e das rádios Poti, O Norte e Borborema.

Quarta-feira, dia 25, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Pernambuco (Sinjope) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgaram uma nota de repúdio às demissões, convocaram uma reunião com os diretores da empresa e promotores do Ministério Público do Trabalho (MPT), e alertaram que “as demissões comprometem a credibilidade dos veículos que controla, incluindo a TV Clube/Record, as rádios Clube/Globo AM, a Clube FM e, naiInternet, o portal Pernambuco.com, o Vrum, o Admite-se, o Lugarcerto e o diariodepernambuco.com.br”.

Em entrevista à imprensa, a repórter Cláudia Eloi, presidente do Sinjope, manifestou preocupação com os colegas demitidos e com o futuro do jornal “Diário de Pernambuco”:

— Viramos somente números. Parece que não somos profissionais, seres humanos. Quantos fins de semana perdemos deixando nossos filhos em casa para trabalhar? Nossa experiência foi jogada no lixo. Não sabemos como será daqui para frente. Se antes a equipe reunia 50 jornalistas para fazer o jornal, agora só terá 20 pessoas. Como esta conta fecha, já que não fazemos apenas impresso, mas também fotos, vídeos, áudios, e matérias para serem veiculadas nas redes sociais. Um patrimônio de Pernambuco está sendo destruído, dizimado”, lamentou a presidente do sindicato.

Jornalistas do Estado de Pernambuco têm usado a internet para denunciar as demissões em massa e para mobilizar a categoria contra as demissões.

Leia abaixo a íntegra da nota oficial do Sinjope e Fenaj:

“Com a demissão de mais de 30 jornalistas das equipes dos jornais Diario de Pernambuco e AquiPE e mais de 100 profissionais de outras áreas, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Pernambuco (Sinjope) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) vêm a público repudiar a atitude da “nova holding”, o Grupo Opinião de Comunicação (GOC), controlado pelo Canadá Investimentos, proprietário da Hapvida.

Em janeiro, o GOC, ao anunciar oficialmente a sua missão, dizia “defender a ética, a verdade e justiça social”. As ações vão contra o discurso publicado e apontam para a destruição de uma empresa 189 anos e que já é parte do patrimônio da Comunicação de Pernambuco.

O Sinjope e a Fenaj convocam reunião imediata com a diretoria do Canadá Investimentos/Hapvida e com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e outras entidades de classe, a fim de discutir a questão e interromper o processo de desmonte das empresas.

A lista de demissão foi feita sem qualquer critério compreensível. Incluiu até integrantes da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa), limou profissionais com mais de 30 anos de casa, deixou equipes sem chefias e atingiu gráficos e funcionários da administração, transportes, marketing, alimentação e recursos humanos, entre outros setores.

Com as demissões, o grupo compromete ainda a credibilidade dos veículos que controla , incluindo a TV Clube/Record, as rádios Clube/Globo AM, a Clube FM e, na Internet, o portal Pernambuco.com, o Vrum, o Admite-se, o Lugarcerto e o diariodepernambuco.com.br.

Aos profissionais demitidos, orientamos que juntem carteiras profissionais e os últimos 12 contracheques e agendem atendimento na assessoria jurídica do Sinjope para salvaguardar direitos (telefone 3221-4699). Aqueles com mais tempo de exercício profissional, por exemplo, podem ter direito a estabilidade assegurada na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Sinjope e Fenaj alertam ainda que não serão aceitas sobrecarga de trabalho com excesso de jornada aos profissionais remanescentes e a ocupação das vagas dos demitidos por estagiários.

Diretorias de Sinjope e da Fenaj”

(Com a Associação Brasileira de Imprensa)

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