MEDALHA DINARCO REIS PARA O CAMARADA NESTOR VERA (NOITE DE MUITA EMOÇÃO EM BH)

                                             


Em noite de muita emoção na cidade de Belo Horizonte, no dia 21 de março, militantes do PCB, da UJC, de partidos e organizações da esquerda mineira participaram da solenidade de entrega da medalha Dinarco Reis em memória de Nestor Vera, membro do Comitê Central do PCB, principal organizador das lutas camponesas nos anos 1960, assassinado pela ditadura em abril de 1975.

A homenagem lembrou também o centenário de seu nascimento. Túlio Lopes, Secretário Político do PCB-MG, conduziu o evento, no qual Mari Marques falou em nome da Fundação Dinarco Reis e Ricardo Costa, pelo Comtê Central do PCB. 

Omene Vera, sobrinho de Nestor, recebeu a medalha das mãos do camarada Francisco Neres, que conviveu com Vera e atuava na reconstrução do Partido em Minas após o golpe de 1964, quando seu companheiro de lutas foi assassinado. 

A atividade contou com a presença de representantes do Instituto Helena Grego, do Partido Socialismo e Liberdade - PSOL, Partido Comunista Revolucionário - PCR, Comissão da Verdade de Minas Gerais, da Casa África, da Fundação Dinarco Reis, do Insituto Caio Prado Junior - ICP e da União da Juventude Comunista-UJC.
 Nestor Vera nasceu em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, em 19 de julho de 1915. Seus pais trabalhavam no campo. Teve cinco filhos com sua companheira Maria Miguel Dias. Vera começou sua trajetória de lutas na organização do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santo Anastácio/SP. 

Ingressou nas fileiras do PCB em 1946. Foi eleito vereador da cidade em 1947, em legenda alternativa ao PCB, cujo registro havia sido cassado. Como membro do Comitê Estadual do PCB em São Paulo, foi um dos responsáveis pelo jornal Terra Livre e integrou a direção da ULTAB - União dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas do Brasil, fundada em 1954.

Em contraposição às propostas de reforma agrária apresentada por setores da Igreja Católica e alguns latifundiários, Vera defendia uma reforma agrária radical capaz de liquidar com o monopólio da terra exercido pelo latifúndio, sem o que jamais haveria liberdade e sossego para os milhões de camponeses brasileiros. 

Comandando a comissão de redação da Declaração do I Congresso Nacional dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas sobre o caráter da Reforma Agrária, Vera garantiu que a bandeira pela liquidação da propriedade latifundiária se tornasse a palavra de ordem dos trabalhadores do campo nos primeiros anos da década de 1960.

No período, os comunistas atuavam fortemente no campo e exerciam a hegemonia na Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), criada, em 1963, em substituição à ULTAB.

Mesmo priorizando o trabalho entre os assalariados agrícolas, o PCB também atuava nas Ligas Camponesas, a exemplo do trabalho na Zona da Mata de Pernambuco, área de produção canavieira cuja liderança inconteste era a de Gregório Bezerra.

Nestor Vera foi cassado pelo Ato Institucional nº 1 em 1964, julgado à revelia e condenado a cinco anos de reclusão pela Lei de Segurança Nacional. 

A partir de então, passou a viver na clandestinidade, adotando nome e sobrenome falsos, não apenas para si, mas também para a mulher e seus filhos. Eleito suplente do Comitê Central do PCB no VI Congresso (1967), Vera manteve contato com militantes do Partido em várias cidades de Minas Gerais e participou da construção da Frente Patriótica contra o Fascismo (1973). 

Em abril de 1975, foi sequestrado em frente a uma drogaria no centro de Belo Horizonte, como parte da “Operação Radar”, destinada a liquidar nacionalmente com o PCB. Em Minas Gerais, estava em curso a “Operação Orquestra”, voltada a desarticular os comunistas no Estado.

O relatório apresentado pela Comissão da Verdade de Minas Gerais recomenda que o Estado garanta os recursos necessários para que os restos mortais de Nestor Vera sejam enfim encontrados. Seu exemplo de dedicação à causa revolucionária e à luta camponesa no Brasil deve ser sempre lembrado, para que a luta pela reforma agrária radical e pelo socialismo um dia seja realidade entre nós. (Com o site do PCB)

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NESTOR VERA... PRESENTE... HOJE E SEMPRE!!!