Morre mais um dos monstros sagrados do "Pasquim"

                                                                                
O jornalista, diretor teatral e roteirista Luiz Carlos Maciel morreu na manhã de sábado (9), aos 79 anos, no hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro. Ele estava internado desde novembro com um quadro de infecção. Segundo a filha do escritor, Lúcia, o boletim médico apontou falência múltipla dos órgãos. A informação é da Folha de S. Paulo.

A obra do gaúcho Maciel conectou a contracultura brasileira com escritores internacionais e contribuiu para torná-la mais consciente de si própria, ao informar sobre ideias insurgentes e movimentos de vanguarda dos anos 60 e 70. Seus textos no “Pasquim”, “Flor do Mal”, “Última Hora” e “Fairplay” influenciavam esquerdistas menos ortodoxos e jovens aflitos para “cair fora” e encontrar um novo estilo de vida.

O jornalista se aproximou da obra de Sartre e do teatro do absurdo. Morou na Bahia, onde trabalhou com teatro. Mais tarde, mudou-se para Pittsburgh, nos Estados Unidos. A vivência no país enriqueceu o repertório de autores e tendências comportamentais da futura e legendária coluna “Underground” no “Pasquim”, do qual tornou-se um dos fundadores a convite do jornalista Tarso de Castro. Entre 1969 e 1972, Maciel foi recordista de cartas da redação e passou a ser chamado de “guru da contracultura”.

Diferentemente de outros membros do “Pasquim”, ele simpatizava com os gays, as feministas, os hippies e os tropicalistas. No final de 1970, o Exército prendeu a equipe do humorístico e Maciel teve os cabelos cortados na Vila Militar.

Maciel deixou o “Pasquim” em 1972, pressionado por Millôr Fernandes, substituto de Tarso na chefia. Antes da despedida criou e editou o “Flor do Mal”, ao lado de Rogério Duarte, Torquato Mendonça e Tite de Lemos.

No jornalismo, comandou a edição brasileira da revista “Rolling Stone” e colaborou com veículos como “Correio da Manhã”, “Jornal do Brasil”, “O Jornal”, “Fatos e Fotos” e “Veja”. Na Folha, a pedido de Tarso, escreveu para o caderno “Folhetim”. Na “Ilustríssima”, em 2015 e 2016, publicou seus últimos textos na imprensa.

Ele deixa a viúva, Maria Cláudia, atriz, com quem era casado desde 1976, os filhos Lúcia Maria e Roberto, quatro netos, 13 livros e oito gatos batizados com nomes de filósofos pré-socráticos.

(Com a ABI)

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