Uma belíssima profissão
José Batista Pinheiro (*)
Ser político no Brasil trata-se de uma belíssima profissão ao alcance de todos os brasileiros. Na República Socialista e Democrática do Brasil as exigências para ser político são muito poucas. Para um honroso cargo de membro do Poder Legislativo basta ter o registro de nascimento, a identidade emanada de algum órgão federal, o Cadastro de Pessoa Física da Receita e saber assinar o nome.
Mais nada. Não existe concurso nem qualquer outra exigência. Para se candidatar basta pertencer a algum partido político onde existem umas centenas deles para livre escolha. Além do aspecto lucrativo da opção ainda perdura aquele orgulho íntimo do candidato de não prestar contas de nada aos seus semelhantes. Não precisa nem ter dinheiro para se candidatar. O partido cuida de tudo, desde que o postulante preencha algumas normas essenciais.
A primeira qualidade essencial é saber mentir. Não aquela mentirinha boba. É mentir com convicção em todas as situações. Não pode vacilar nas palavras, e tem que encarar o interlocutor como se este fosse um vilão cretino. Outras qualidades afloram nessas exigências. Além de mentir bem, o candidato deve possuir uma enorme vocação para ganhar dinheiro fácil. Não, a profissão não remunera mal, é um das melhores salários pagos pelo poder público.
Apenas deslumbra o candidato para voos bem altos, tanto na parte do poder, do mando, como no lado financeiro de possuir depósitos em moedas estrangeiras em paraísos fiscais. À proporção que ele vai crescendo nesses dois aspectos mais vai sendo carcomido pelo vírus da subida em cargos majoritários. Os cargos proporcionais ficam para os candidatos inexpressivos. Como o voto é obrigatório e os nossos compatriotas votam aleatoriamente bastando ouvir uma mentira sonora, a vitória na eleição fica fácil.
(*) José Batista Pinheiro é Cel rfm EB (Rio de Janeiro, 29.03.2018)
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