Governos intimidam jornalistas na cobertura de crises migratórias

Alessandro Puglia  foi perseguido por causa de refugiados


“As nossas sociedades não podem poupar na cobertura jornalística as crises migratórias, que estão no centro de debate público na Europa e fora”, declarou em uma nota o secretário-geral da Repórteres Sem Fronteiras, Christophe Deloire.

O organismo citou o caso do repórter Alessandro Puglia (do jornal italiano “La Repubblica”), perseguido por difamação após ter recolhido os testemunhos de refugiados que denunciavam “ser tratado como animais” em um centro de detenção de Sicília, “uma forma de intimidação legal”, segundo o jornalista.

Na França, vários repórteres foram detidos em 2017 por “ajudar à circulação de pessoas em situação irregular” enquanto cobriam o passos de imigrantes na fronteira com a Itália.

“Não só a polícia nos impede de trabalhar. Bloqueiam as câmaras municipais e os diferentes serviços do Estado que não respondem aos nossos pedidos”, criticou a jornalista Caroline Christinaz, do jornal suíço “Le Temps”, que lamentou que as autorizações para ter acesso aos campos de refugiados sempre são rejeitadas.

A situação se repete também na Turquia, como com a detenção durante duas semanas da jornalista italiana Gabriele Do Grande, em julho de 2016, quando trabalhava em uma reportagem sobre refugiados, e piora em países africanos, como Níger ou Sudão, onde diretamente “o terreno é inacessível”.

Na Austrália, a RSF apontou a externalização dos centros de detenção em ilhas do Pacífico, que “alguns batizaram como os ‘Gulags do Pacífico'”.

“Além das violações do direito humanitário internacional que alguns Estados tentam esconder intimidando jornalistas, são também as decisões políticas silenciadas ou simplesmente negadas”, concluiu o comunicado.

(ABI/UOL)

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