Quero ser a 'voz dos que não têm', diz nova comissária dos Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet

                                                                        


Ex-presidente do Chile disse não ter dúvidas de que 'o mundo hoje é melhor do que há 70 anos'; entretanto, afirma que ativistas 'estão sob ataque' e que 'jornalistas são mortos'

A nova chefe de Direitos Humanos das Nações Unidas, Michelle Bachelet, disse que “quer fazer o que o mandato diz para fazer, ser a voz dos que não têm voz”. A ex-presidente do Chile, que tomou posse do posto de alta comissária para Direitos Humanos das Nações Unidas em setembro, deu entrevista à ONU News na última semana, durante a 73ª Assembleia Geral das Nações Unidas. 

Bachelet explicou que quer envolver os governos para que eles respeitem os direitos humanos, protejam as pessoas contra violações e promovam novas ações nesta área.

Segundo ela, muitos Estados não têm capacidade de fazer este trabalho e precisam de ajuda do seu escritório, seja no sistema judiciário ou com as forças policiais. Essa será uma das suas prioridades. 

A alta comissária também disse que partilha um dos grandes objetivos do secretário-geral, a prevenção. Ela pretende “projetar um sistema em que se possa ter sinais de alerta antecipados e tentar pensar em ações antecipadas”.

Bachelet acredita que “um consenso é possível” nesta área e que evitaria perder tempo “em disputas estéreis”. Apesar disso, reconhece que “os direitos humanos são uma coisa muito política” e que “hoje o mundo é complicado e está muito polarizado em algumas questões”.

Progresso

Lembrando que este ano é o 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a alta comissária afirmou que o mundo teve muito progresso. Segundo ela, “é difícil acreditar nisso, porque toda vez que se liga a televisão, encontram-se todas as coisas horríveis”.

Entretanto, Bachelet lembrou quantos países permitiam o voto das mulheres em 1948 e outros avanços na área da saúde, educação, saneamento. A ex-presidente chilena disse não ter dúvidas de que “o mundo hoje é melhor do que há 70 anos”.

Em relação aos defensores dos direitos humanos, a alta comissária diz que “em muitos lugares da sociedade civil os seus espaços estão encolhendo”. Ela afirma que ativistas “estão sob ataque” e que “jornalistas são mortos”.

Síria

Sobre os abusos que continuam a acontecer na Síria, Bachelet explicou o que está sendo feito para garantir que será feita justiça a longo prazo. 

De acordo com ela, “a experiência internacional mostra que a paz é mais sustentável e mais duradoura quando existem processos de responsabilização e justiça, quando há acesso à justiça e os perpetradores estão sendo responsabilizados pelas coisas que fizeram.”

Apesar desse princípio, a responsável admitiu que esse ainda é “um trabalho em realização” no caso sírio.

Michelle Bachelet é conhecida pela sua defesa da igualdade de gênero e do ambiente e afirmou na entrevista que vai continuar esse trabalho.

A alta comissária pretende fazer parcerias com outras agências, como a ONU Mulheres e o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e perceber como se podem criar outras sinergias.

Sobre o ambiente, a chefe dos direitos humanos considerou o tema de “enorme importância” e disse que concorda “completamente” com o secretário-geral que este é um dos maiores desafios mundiais.

Bachelet lembrou que viu “lugares onde não há mais água e as pessoas que viviam da agricultura, e eram principalmente mulheres, têm agora de pensar como conseguir seu sustento.”

(Com Opera Mundi)

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