Na Argentina, 30 mil marcham contra o G20 e pedem fim das políticas de austeridade


                                                                                                         Lucas Martins
        
Cerca de 30 mil manifestantes tomaram as ruas de Buenos Aires, Argentina, nesta sexta-feira (30), em protesto contra a reunião de cúpula do G20 que acontece no país.

 Mesmo diante de forte esquema de segurança no país, com mais de 20 mil policiais e agentes de segurança do estado, os trabalhadores seguiram em marcha rumo ao Congresso argentino sem medo. Nas faixas e cartazes o repúdio às políticas de austeridade e retirada de direitos.

A CSP-Conlutas e a Rede Sindical Internacional participaram do protesto com uma caravana de ao menos 100 pessoas. O ato chegou a ocupar, ainda na parte da manhã, 10 quadras da Avenida 9 de Julho, uma das principais vias da capital argentina.

Estiveram em marcha partidos e diversas organizações sociais de diferentes países da América do Sul, como Colômbia, Chile, Uruguai, Brasil e Argentina.

Menção ao governo de direita no Brasil

Uma das principais pautas em comum durante o ato foi o avanço da ultradireita nos países e os variados ataques aos direitos trabalhistas e de liberdade democrática.

Mesmo antes de assumir a presidência no Brasil, os manifestantes também cantaram palavras de ordem contra o presidente recém eleito Jair Bolsonaro. A postura machista e homofóbica do futuro presidente e seu plano de aprofundar a reforma da Previdência foram pontos denunciados, por muitos argentinos, inclusive, ao longo da Marcha.

Neida de Oliveira, membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, chegou em Buenos Aires junto da Caravana vinda do Rio Grande do Sul. Ela destacou a importância de nos solidarizarmos e darmos atenção ao internacionalismo com ações concretas, uma vez que a classe trabalhadora sofre igualmente os ataques dos governos neoliberais.

“Entendemos que é necessário atuarmos internacionalmente, demonstrarmos para os imperialistas, especialmente em relação ao Brasil, agora com o governo Bolsonaro, que esse símbolo [encontro do G20] do imperialismo que temos aqui na Argentina deve ser denunciado, pois o que eles pretendem é aprofundar os ataques contra os trabalhadores. Essa denúncia é tarefa nossa e da CSP-Conutas. Não podemos abrir mão do internacionalismo”, afirmou durante a marcha.

A região central de Buenos Aires amanheceu sitiada, com forte esquema de bloqueios de vias e da frente do prédio do Congresso Nacional. O que o governo argentino de Mauricio Macri montou foi uma verdadeira operação de guerra, o que impediu que ônibus e metrôs do centro circulassem.

Apesar de o ter ocorrido de forma pacífica, o clima de repressão era forte. Oito pessoas foram detidas durante o trajeto, sem qualquer motivo aparente.

O protesto seguiu pacificamente e terminou em frente ao Congresso, com dispersão organizada pelas ruas próximas ao local.

A crise não é nossa

Paulo Barela, membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, ressaltou os motivos que levam milhares para as ruas contra a realização desse encontro mundial. “Vivemos uma crise econômica desde 2008, sem solução alguma vinda do capitalismo, que tem somente aplicado a retirada de direitos, via leis de trabalho, reformas previdenciárias, falta de investimentos na saúde e educação, redução de gastos que são exigência do Capital. 

Viemos pra cá, a CSP-Conlutas com muitos companheiros em nossa delegação, para mostrarmos essa indignação em relação às politicas capitalistas de austeridade que esses governos poderosos apresentam ao trabalhadores”, afirmou.

Segundo pesquisa do instituto local D’Alessio Irol, 44% dos argentinos não acreditam que as decisões do G20 resolvam os problemas das crises econômicas.

Alvo dos protestos, o G20 reuniu nos últimos dois dias (30/11 e 1/12) os presidentes dos 19 países mais ricos – além de um representante da União Européia – e dos principais bancos mundiais como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

O atual presidente Michel Temer afirmou a intenção de nesse encontro aprofundar as discussões sobre a necessidade de aplicar a reforma da Previdência e mais ajustes fiscais, o que significa mais retirada de direitos aos trabalhadores.

 Esse tema teve, de modo geral, especial atenção de todos os líderes reunidos. A preocupação da cúpula é a de garantir a estabilidade do mercado e dos bancos, mesmo que isso custe a miséria e a fome dos povos.

Macri, presidente do país que sedia esse grande evento, recebeu do FMI mais de 50 bilhões de dólares em empréstimo a fim de resolver a profunda crise econômica na Argentina. Desde o pedido de resgate ao Fundo, os argentinos têm realizado diversas manifestações em protesto contra a medida, além de fortes greves gerais.

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