ELEIÇÕES BURGUESAS X ELEIÇÕES PROLETÁRIAS

                                                                     

By mm5 / 7 de agosto de 2020

O mais descarado e cínico oportunismo político é o que os partidos e organizações reformistas e trotskistas sempre manifestam — de forma ainda mais acentuada — em épocas de eleições burguesas, protagonizando um verdadeiro circo de horrores. No Brasil de 2020, quando serão realizadas eleições em milhares de municípios, isto também não vai ser diferente. Mais uma vez.

Partidos como PSOL, PT, PCdoB, PCB, Unidade Popular, PSTU, PSB e outros do chamado “campo progressista” — expressão muito utilizada para atrair os trabalhadores para o campo burguês — já iniciaram suas movimentações e conchavos com vistas às eleições deste ano, lançando candidaturas a prefeito e vereança com um objetivo central: manter seus espaços políticos e aparatos junto às superestruturas do estado burguês. Espaços, como mandatos e gabinetes parlamentares, que há muito já se transformaram em meio de financiamento e sobrevivência material indispensáveis para essas organizações, pautando assim suas práticas políticas cada vez mais acomodadas às instituições burguesas. Mesmo as organizações e partidos que ainda não conseguiram eleger parlamentares continuam, a cada eleição, perseguindo tal objetivo.

A participação na institucionalidade é o ‘chão’ e o horizonte estratégico de atuação desses partidos, que a todo momento reificam a ordem burguesa por meio de sua atuação parlamentar e de suas outras movimentações políticas, como o lançamento de ‘frentes em defesa da democracia’ ou ‘em defesa do estado de direito’, como ocorre agora na forma como se “opõem” ao governo Bolsonaro.

A presença dessas organizações nas eleições municipais, portanto, expressa tão somente suas concepções reformistas e pequeno-burguesas, não lhes provocando uma nesga sequer de reflexão crítica a respeito do nefasto papel que desempenham como difusores de ilusões junto ao proletariado. A burguesia, sinceramente, agradece.

Nós, do Movimento Marxista 5 de Maio (MM5), não participamos de eleições burguesas porque eleições burguesas são um sofisticado instrumento a serviço da dominação político-ideológica da burguesia, contribuindo para passar ao proletariado a ilusão de que por meio do voto e da institucionalidade seria possível implementar mudanças substanciais na própria ordem burguesa. É o mesmo que esperar a chegada do Papai Noel na noite de Natal. Participar de eleições burguesas também é nefasto por ser um meio de legitimar a própria democracia como forma de dominação a serviço do capital e de sua reprodutibilidade.

É por isso que nós, do MM5, defendemos o voto nulo em toda e qualquer eleição burguesa, incluindo a deste ano. Afinal, a solução da atual crise política no Brasil não nascerá de propostas burguesas ou jogando água no moinho da burguesia, como fazem os atuais partidos trotskistas e reformistas.

Diferentemente das eleições burguesas, quando as eleições são proletárias — ou seja, quando contribuem para que o proletariado acumule forças em sua luta para derrubar a própria institucionalidade burguesa —, é possível falar em algum nível de participação. E é isto o que vem ocorrendo, por exemplo, na Venezuela desde a ascensão de Hugo Chávez ao poder, quando as eleições, por seu caráter proletário, serviram para o avanço (organizativo, teórico, político) das lutas proletárias e das bases sociais do governo bolivariano contra a dominação burguesa naquele país.

São diferenças qualitativas fundamentais que só o reformismo e o trotskismo, em seu infinito oportunismo eleitoral, fingem desconhecer.

Venceremos!

https://www.mmarxista5.org/index.php/2020/08/07/eleicoes-burguesas-x-eleicoes-proletarias/