Flávio Anselmo e o futebol
BRASIL SÓ PRECISOU DE VONTADE PRA VENCER A BÓSNIA
Normalmente, o brasileiro – e mais especificamente nós, mineiros – tem enorme pessimismo com a Seleção Nacional. Nem na fase de Telê Santana, o escrete foi aplaudido após as partidas amistosas. Sempre bem recebido com festa, foguetes, expectativa, estádios lotados. E tome vaia no final.
Aprendi nas copas que fiz com o fabuloso e saudoso João Saldanha que se deve analisar a Seleção nas competições que valem alguma coisa de certa maneira; e nos amistosos com absoluta boa vontade.
Lição que, com certeza, o João Sem Medo tirou de seu amigo mestre Didi.
A passagem dos treinamentos pro Mundial da Suécia ficou na história. O neguinho Moacir Canivete, meia do Flamengo, xodó da torcida rubro-negra, tornou-se verdadeiro “leão- de - treino” e nos amistosos ao entrar no lugar de Didi se superava. A Imprensa cobrava e a torcida pedia o flamenguista no time de Vicente Feola.
Certo repórter, querendo passar a situação a limpo, antes do embarque pra Europa, falou com o Mestre:
“Didi, você não tem receio de perder a posição por exigência da imprensa e da torcida?” Claro que a pergunta não foi feita nessas mesmas palavras. Não tenho memória tão boa. Porém, no mérito foi isso aí. Didi, com aquela elegância que o marcou na vida pessoal e no futebol, respondeu:
“Meu filho, treino é treino. Jogo é jogo”.
E saía pra treinar, mas aceitou o desafio de nova pergunta:
“Dizem que você corre pouco, ao contrário de Moacir que está em todas as partes do gramado”.
De novo, aviso que as palavras do intrépido repórter não foram exatamente essas. Contudo, as do Mestre Waldir Pereira foram:
“Meu filho, quem tem que correr é a bola!!!”
Nada mais lhe foi perguntado. Didi, também, nada mais disse. Naquele passo de malandro/sambista carioca e de boleiro de bem com a vida entrou no coletivo, onde Moacir se desmanchava em suor. .
Não é o que tenho afirmado na maioria das vezes antes e depois dos amistosos da Seleção? Existe corneteiro demais. Principalmente ex-jogadores comentaristas e narradores especialistas em encher a cabeça dos torcedores de porcaria.
Amistoso só tem valor pra quem disputa vaga no elenco ou para os adversários que querem derrotar a Seleção penta-campeã do mundo. Salvam-se os amistosos contra Argentina, Uruguai, França, Alemanha e Itália em razão das rivalidades. Nem é aconselhável promover amistosos contra tais adversários pelo risco de contusões sérias.
Direis: ah, Flávio, o Ronaldinho Gaúcho não jogou nada!. É um absurdo sua convocação. Aí vêm Casagrande e Júnior e pedem Kaká e Robinho. Pô, mais chances que estes tiveram e, também, negaram fogo!
Melhor então chamar a meninada que surge por aí. Como Bernard aqui do Galo.
Júlio César é bananeira que já deu cacho – não concordo – então chamem Diego Alves, ex-Atlético, Fábio, do Cruzeiro, Felipe, do Flamengo. Existe um monte de goleiros por aí.
Não houve brilho nem arte na vitória da Seleção, porque tais qualificações atualmente sobram apenas no Barcelona de Messi. As mudanças feitas por Mano Meneses, em princípio criticadas pelo trio global – Casa, Júnior e Galvão – deram resultado positivo. O Brasil quis a vitória. Saiu em cima da Bósnia e o segundo gol veio numa jogada que a Seleção não realizava. Do lado esquerdo, por causa de Ronaldinho Gaúcho. Mas sejamos justos: o primeiro gol foi marcado pelo excelente Marcelo, do Real Madrid, pela ponta-esquerda.
Considerada sua parte cumprida, Marcelo sumiu na partida, como sumiu também Daniel Alves. Não se esqueçam que Real e Barça brigam pelo título espanhol e pela Liga Europeia. Vários outros atletas, também. O Brasil fez l a 0 e parou. A Bósnia vidrada numa possibilidade de vitória abriu a caixa de ferramentas e intimidou nosso time. Lembra-se como aquele número 4 deles bateu impunemente no Neymar?
Calma aí, meu amigo. A fase é de preparação e não de morte súbita.
Vale ponderar a falta de conjunto da Seleção. Há quem ache possível o Brasil jogar coletivamente como o Barça, que treina todos os dias e joga duas vezes por semana, visto que tem excelente elenco. Outros insistem pela falta de fulano, ou de cicrano, como sempre aconteceu entre os pitaqueiros até as vésperas da Copa.
Se o Brasil ganhar, eles enfiam a viola no saco e somem.
O time canarinho venceu a Bósnia por 2 a 1, na AFG Arena, em St. Gallen. Verdade, Atuações apagadas de Ronaldinho Gaúcho e falhas da defesa. A equipe de Mano Menezes se mostrou frágil no compromisso que marcou a estreia dos novos uniformes, mas marcou com Marcelo e Papac (contra). O gol deles foi anotado por Ibisevic.
Este cara apareceu na frente de Júlio César e chutou forte. A bola bateu no pé esquerdo do nosso goleiro e entrou devagar. Debitaram o gol a Júlio César “que tem falhado demais”. Falaram de David Luiz: teve pouca segurança ao lado de um seguro Thiago Silva (o melhor do time, apesar do Neymar levar este crédito e um belo relógio suíço).
Hulk botou fogo no jogo. O Brasil insistia pelo meio e o atacante do Porto gosta de cair pelos lados. A jogada do segundo gol nasceu com ele. Do lado esquerdo, Hulk driblou e soltou o torpedo. O zagueirão bósnio desviou pras redes.
Ganso e Lucas também entraram bem no confronto.
Não acho que seja pouco para o time que busca a inédita medalha de ouro nas Olimpíadas de Londres e nem para a carreira do hexacampeonato.
Mano Meneses, entretanto, deve repensar alguns valores e buscar outros. Ronaldinho Gaúcho chega.
NÃO VOU MORRER SEM CONHECER A ARENA DO JACARÉ. Neste domingo, por ocasião do América x Atlético, a convite de Ricardo Raso, diretor geral da ADEMG eu vou ao jogo. Ricardo, filho do amigo/irmão e advogado Afonso Celso Raso, com quem, certamente, me encontrarei na Arena.
Com aquela educação própria da família Raso, Ricardo justificou o convite por causa de certa nota de autoria deste filho do Sodico aqui inserida informando que só conheci a Arena na construção. Nunca mais havia voltado lá.
E eis que estava eu esta semana bem no meu, comendo uns beijus molhados num dos quartos do meu barracão quando toca o celular. É o assessor de Imprensa da ADEMG, Rivelli Nunes. Diz que Ricardo quer me fazer convite pra conhecer a Arena e pitacar a respeito do que foi feito no estádio.
Veja bem que cafuné o moço dos Raso me faz.
Se mal conheço das letras, longe da mordacidade do velho Fon-Fon de glórias mis no falecido Diário Católico, que posso entender de engenharia, arte dominada por Ricardo Raso? Vou lá, mas sem fazer o dever de casa e nem levar cola pra prova oral.
NÃO BASTASSEM AS VITÓRIAS CONSEGUIDAS NA ADMINISTRAÇÃO do Atlético, confirmadas com sua reeleição e a expectativa de boas performances do time no Mineiro e na Copa do Brasil, Alexandre Kalil entrou no Independência pra anunciada visita com pose de mandatário supremo.
Um séquito o seguia. Imprensa, diretores, amigos, conselheiros, atleticanos, americanos e aqueles papagaios de pirata costumeiros. Não foi sem motivo aquela corridinha extra, quase no final da visita, quando deixou o séquito pra trás e caiu nos braços da mídia.
Conheço a fera desde pequeno. Tinha ali as ventas abertas pelo fogo da vitória.
Sua estupefação diante da obra, (igual sensação que tive ao ver a reportagem na tevê), pareceu-me a de Elias Kalil ao visitar o Mineirão e ver o “túnel” do Galo que ele mandou construir do outro lado, debaixo da Massa, pra pressionar o bandeirinha daquela banda.. O Cruzeiro pressiona de um lado e o Galo de outro.
Kalil nenhum dá ponto sem nó. Alexandre, com certeza, fez passar na sua cabeça o filme do sucesso que tentou certa vez com um arremedo de Independência. Agora a história é outra. E ele não tripudiou: “este estádio é o bem do futebol mineiro; do América, do Atlético e do Cruzeiro, se quiser jogar aqui”.
Como dizem em Bom Jesus do Galo: “Cacetada no pé da orelha, Kalil!”
Flavio Anselmo
twitter: @fganselmo
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