Hamas e Al-Fatah discutem governo de unidade



                                           
Os líderes das duas organizações maioritárias palestinas, Hamas e Al-Fatah, voltaram a reunir-se hoje nesta capital para pontualizar a formação de um governo de unidade, que concretizaria o acordo pactuado recentemente no Catar.

  O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) e máximo dirigente da Al-Fatah, Mahmoud Abbas, e o chefe político do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), Khaled Meshaal, retomaram nesta quinta-feira as conversar depois de um contato sustentado ontem à noite no Cairo.

Abbas, que governa na ocupada Cisjordânia, e Meshaal, que vive exilado na Síria enquanto agrupamento controla a Faixa de Gaza, se comprometeram a acelerar realização do pacto subscrito em 4 de maio de 2011 nesta capital e refrendado faz semanas em Doha.

O mandatário encabeçará a reunião de hoje com chefes de diferentes facções palestinas, líderes da Organização para a Libertação de Palestina (máxima instância política na ANP), e o presidente do Conselho Nacional Palestino (Legislativo).

Fontes diplomáticas palestinas que requereram o anonimato disseram à Prensa Latina que as conversas se centraram na ideia de que Abbas seja o premiê do Executivo e que os demais integrantes do mesmo sejam independentes e tecnocratas, "para evitar rupturas".

O entendimento do Cairo entre Al-Fatah e Hamas estabelecia também que o pretendido governo conduzisse aos palestinos a um processo de eleições presidenciais e legislativas dentro de um ano, data que se cumpriria em maio próximo e que hoje parece pouco provável.

Após o acordo em Doha para que Abbas seja o premiê, em substituição de Salam Fayyad, que Hamas chama de pró-ocidental, os maiores desafios se situam na integração dos sistemas eleitorais e governamentais em Gaza e na margem Ocidental.

O membro da delegação da Al-Fatah Azzam Al-Ahmed pronunciou-se para que seja um "governo de consenso nacional integrado por independentes", enquanto a liderança dos islamistas pôs ênfasis em que o acordo se aplique de forma "honesta e cuidadosa".

Hamas fez questão de que essa é a única via para acabar com a divisão palestina e unificar uma frente nacional, não obstante ao fato de que até há muito pouco prevaleciam divergências dentro de suas fileiras. Os dirigentes do agrupamento islamista reuniram-se ontem no Cairo para limpar disputas internas sobre o texto de Doha, sobretudo a dualidad de funções de Abbas que consideravam ilegal, e terminaram aceitando os princípios do acordo, segundo seus porta-vozes.

Por seu lado, o membro do Hamas Mahmoud Al-Zahar, considerado de linha dura pela Al-Fatah, qualificou de erro o pacto com Abbas, ainda que tenha discordado da postura de Israel, que disse ao presidente palestino que escolhesse entre a paz com Hamas ou a paz com o Estado sionista. (Com a Prensa Latina)

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