Crise no Reino Unido: governo pretende reduzir gastos com portadores de necessidades especiais. Cadeirantes protestam nas ruas de Londres
Recentemente, o governo britânico anunciou que pretende, até 2015/2016, reduzir em 20% os gastos com a principal pensão para portadores de necessidades especiais. Também pretende fechar 36 de 54 fábricas Remploy, destinadas a empregar pessoas nessas condições.
Maz Smith era um dos cadeirantes que bloqueavam a rua. Inconformado com a nova política, e preocupado com seu futuro, ele critica a forma como portadores de necessidades especiais têm sido diagnosticados como aptos a trabalhar ou não. “As pessoas que te avaliam não são doutores nem enfermeiras. Elas agora têm um computador à frente e te fazem perguntas as quais você tem que responder entre A e B. Finalizado o questionário, é o computador que diz se alguém tem condição de trabalhar ou se precisa receber o beneficio.”
Segundo ele, em caso de negativa, o benefício é retirado imediatamente. “Se você perde seu beneficio, você precisa apelar judicialmente, ganhar a causa, e só então poderá recebê-lo de novo. Nesse meio tempo você fica com medo de que irá perder sua casa, de que irá perder a pessoa que cuida de você, de que não terá mais como pagar o transporte. Temos pessoas que estão cometendo suicídio por isso.”
Adam Lotun é um dos que perderam parte de seus benefícios no último ano. De acordo com ele, desde 2008 vários portadores de necessidades especiais vem sendo erroneamente diagnosticados como aptos a trabalhar de forma sistemática. “O governo diz que eu não preciso de ajuda para mobilidade. Diz que não preciso de ajuda para cuidar de mim mesmo. Mas nem comprar os remédios que preciso eu consigo sem ajuda de alguém.”
Cadeirante e militante na área dos portadores de necessidades especiais, Lotun conta que começou a receber benefícios em 1991, passou a receber um novo em 2004, mas de repente eles foram interrompidos em 2011. “Cameron só fala com os grandes e milionários grupos de caridade. Eu espero que sejamos presos hoje porque assim o governo será forçado a falar conosco.”
Já Eleanor Lee cita a Convenção da ONU para os Portadores de Necessidades Especiais. “O que o governo faz é ilegal porque eles estão quebrando uma convenção internacional da qual o Reino Unido é signatário. Querem nos fazer regredir 20 anos.” Ela recebe um benefício há 5 anos, e lembra os altos custos de vida de uma pessoa com necessidades especiais. “Para se ter uma ideia, um carro usado custa 1.000 libras, enquanto que uma cadeira apropriada para nos locomover custa 6.000 libras. Se eu perder meus benefícios, tudo ficará muito difícil.” (Com o Brasil de Fato)
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