O PCB E AS ELEIÇÕES NA VENEZUELA
"Consideramos que é fundamental o papel de Chávez no processo de mudanças na Venezuela, mas que este só será mantido e aprofundado, criando condições para transitar ao socialismo, se iniciar-se a superação das instituições do estado burguês e se os trabalhadores assumirem o protagonismo principal"
(Nota do Secretariado Nacional do PCB)
Recebemos respeitosamente convite para aderirmos ao Manifesto “O Brasil está com Chávez” e participarmos da reunião preparatória de seu lançamento, um ato público com o mesmo título do manifesto.
Entendemos que o governo Chávez – em conjunto com os diversos movimentos sociais e políticos que lhe dão sustentação – contribui significativamente para o avanço das causas populares e da luta anti-imperialista na América Latina. Ainda que não tenha deliberado formalmente sobre a questão, o PCB, seguramente, tenderá a se posicionar firmemente pelo apoio a Chávez nas próximas eleições presidenciais na Venezuela, ainda mais que seu adversário principal é um agente do imperialismo.
Sem sermos “chavistas”, temos apoiado a chamada revolução bolivariana de forma independente e por vezes crítica, como fazem, também, em relação a Chávez, os camaradas do Partido Comunista da Venezuela.Consideramos que é fundamental o papel de Chávez no processo de mudanças na Venezuela, mas que este só será mantido e aprofundado, criando condições para transitar ao socialismo, se iniciar-se a superação das instituições do estado burguês e se os trabalhadores assumirem o protagonismo principal.
Não assinaremos o manifesto proposto porque não concordamos com a afirmação, de que a “chegada (de Chávez) à presidência coincidiu, no impulso dessa onda transformadora, com a etapa da eleição de muitos presidentes democráticos e progressistas em seus respectivos países, entre eles Luís Inácio Lula da Silva, no Brasil”.
Se é fato que alguns poucos presidentes eleitos neste período (como Evo Moralez e Rafael Corea) têm perfil progressista, este não é certamente o caso, em nossa opinião, de Lula e de sua sucessora.
Eles não apenas mantiveram as políticas econômicas neoliberais de FHC como aprofundaram algumas, como nos casos da reforma da previdência, dos leilões do petróleo, da criação das Organizações Sociais – uma forma de privatização branca de instituições públicas – da privatização de aeroportos, estradas e estádios esportivos, do retrocesso na reforma agrária e muitos outros exemplos.
Não são progressistas governos que asseguram, como política de Estado e com recursos públicos, extraordinários lucros aos banqueiros, empreiteiros, latifundiários e ao capital em geral, como nunca na história desse país, tendo como objetivo central elevar o Brasil à categoria de potência capitalista mundial.
Por essa razão, recomendamos aos nossos militantes e amigos que não assinem o manifesto “O Brasil está com Chávez”, ao mesmo tempo que conclamamos os organizadores do manifesto e todas as forçasprogressistas brasileiras a construirmos um movimento amplo e unitário pela reeleição de Hugo Chávez, que tenha como ponto de unidade a luta contra o imperialismo e não o apoio ou a crítica aos governos brasileiros.
De nossa parte, seguiremos apoiando, com nossa identidade e autonomia, os governos e movimentos políticos e sociais progressistas na América Latina e em todas as partes do mundo, e nos manteremos em oposição ao governo Dilma, herdeira direta do governo Lula.
Rio, 19 de abril de 2012
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