Em São Paulo o Ecla luta pela sobrevivência
O Espaço Cultural Latino Americano (Ecla), reduto socialista de militância política e sócio-cultural, está impulsionando uma campanha para manter o funcionamento de sua sede, localizada na Rua da Abolição, 244, no centro de São Paulo (SP). De acordo com os coordenadores do Ecla, Claudimar Gomes dos Santos e Vilma Lopes, o espaço acumula mais de R$ 20 mil em dívidas, decorrentes de empréstimos para manter o local, aberto desde 2009 e de acesso livre ao público.
Frequentando por toda a esquerda, “do PT ao PSTU, dos anarquistas a socialistas e marxistas, dos independentes a boêmios”, conforme explicam os organizadores do espaço, o ECLA também abriga – gratuitamente – reuniões partidárias e sindicais, debates, saraus, comitês e ensaios e é palco para eventos artísticos e políticos nos âmbitos do teatro, do cinema e da música brasileira e latino-americana.
É ainda referência de apoio no Brasil à luta dos palestinos e de manifestações de resistência e solidariedade às causas sociais. (veja vídeo de apoio ao espaço)
Mensalmente são mais de R$ 3 mil gastos com a manutenção do espaço e o pagamento de aluguel, água, luz e telefone. A única fonte de renda é o bar.
Caso não paguem a dívida com o banco, Claudimar e Vilma serão obrigados a fechar o espaço. Para arrecadar fundos, o casal planeja até o dia 23 de dezembro uma série de atividades com shows, debates e confraternizações (acesse a programação aqui ou aqui, ou leia no final dessa página). Também mantêm uma conta para receber doações (veja os dados abaixo).
Movimentos sociais e culturais
De acordo com Claudimar, é a posição política e não partidária que dá a tônica ao Ecla. A independência partidária facilita agregar os mais diversos setores da esquerda ao local, mas também significa escassez de recursos partidários. “Não dá pra ficar vinculado a partido a, b ou c, e até por isso não temos nenhum tipo de financiamento.
A nossa ideia é que o trabalho cultural deve estar numa perspectiva de esquerda, mas acima de partidos ou organizações políticas”, destaca o desenhista.
A organização do espaço surgiu das parcerias entre os integrantes do grupo Canto Livre, ligado majoritariamente ao Partido Comunista chileno, do Instituto Lindolfo Silva, que agrega pessoas de diversos setores da esquerda e do cine clube Vianinha, inicialmente vinculado ao PCB (Partido Comunista Brasileiro).
Pouco tempo depois, as parcerias foram se desfazendo e apenas o cine clube Vianinha, coordenado por Claudimar, manteve a relação com o espaço.
“Eu, quando militava no PCB, tinha esse trabalho cultural junto ao cine clube Vianinha, em homenagem ao [dramaturgo e diretor de teatro] Oduvaldo Vianna Filho. Mas logo saí do PCB até por conta de uma incompreensão do Partido em construir um projeto mais plural. Eu não queria que o Ecla ficasse ligado a um só partido”, explica Claudimar. “Como tinha certa divergência da direção estadual no momento, chegou em um ponto que tivemos que romper”, complementa.
Somente este ano, o local abrigou eventos dos indígenas Guarani-Kaiowá, manifestações de apoio contra o golpe do Paraguai, atividades de solidariedade a Cuba, à Palestina e à Colômbia, impulsionou o bloco “Cordão da Mentira” e exibiu mais de 30 filmes, seguidos de debates.
“E era bem essa a idéia que a gente tinha no início. Eu, em particular, sempre procurava um lugar onde tivesse pessoas afins e não encontrava em São Paulo. Aí, a gente foi dando a cara ao Ecla daquilo que a gente gostaria de encontrar”, conta Claudimar.
Como dar seu apoio
ESPAÇO CULTURAL LATINO AMERICANO
Caixa Econômica Federal
Agencia: 3097 - POUPANÇA
op. 013 - Conta número: 3444-3
CNPJ 12.314.401/0001- (Com o Brasil de Fato)
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