Carta aos Jornalistas

                                                       
Nós, jornalistas do Município do Rio de Janeiro, temos o desafio de compreender as causas e as soluções possíveis para que haja um basta na violência que atinge a nossa categoria. A diretoria do Sindicato repudia todo e qualquer tipo de agressão, seja por parte de manifestantes ou de agentes do Estado. Agredir jornalista é um grave atentado à democracia. Sempre com a participação da categoria nos debates e deliberações, a nossa gestão, desde o início do mandato, tem pautado prioritariamente a segurança dos jornalistas no exercício livre da profissão.

Entre outras ações, realizamos audiências públicas, atos, elaboração e entrega do relatório de casos de violência a ministros de Estado e outras autoridades; denúncias internacionais; e ações no Ministério Público do Trabalho (MPT), que notificou as empresas a cumprir 16 recomendações de segurança. Essa atuação firme, por meio de fiscalização, denúncias e ações na Justiça dos precários salários, condições de trabalho e de segurança dos jornalistas, tem incomodado os nossos empregadores.

Na última quinta-feira (24/7), aconteceu mais um episódio de violência a jornalistas, durante a libertação de ativistas. O Grupo Tortura Nunca Mais e a ONG Justiça Global haviam reservado para a sexta-feira (25/7) o auditório para realização de uma coletiva de imprensa com os pais dos presos. Com a agressão da véspera, a direção do Sindicato decidiu propor que a atividade se transformasse num espaço de diálogo entre manifestantes e jornalistas, buscando evitar novas agressões e reafirmar a importância do papel do jornalista na sociedade.

Durante a coletiva, houve perguntas sobre a violência de manifestantes contra jornalistas. Pais e manifestantes se queixaram das notícias sobre as manifestações e prisões, que, segundo eles, tem criminalizado os ativistas. Em certo momento, parte dos manifestantes presentes entoou as palavras de ordem que costumam usar nas ruas: “Presos políticos, liberdade já, lutar não é crime, vocês vão nos pagar”, um protesto contra a opressão do Estado. Tanto jornalistas quanto a presidente do Sindicato, Paula Máiran, argumentaram imediatamente que nada justifica as agressões.

Os jornalistas permaneceram no Sindicato até a hora que cada equipe considerou adequada. Em momento algum, houve expulsão ou agressão a qualquer profissional. Pelo contrário, a direção garantiu que o clima de respeito e civilidade prevalecesse durante a atividade. Apesar de diversas notícias terem retratado a coletiva do modo como aconteceu, fomos surpreendidos por algumas que deturparam os fatos, como pode comprovar qualquer gravação da coletiva apresentada na íntegra. Houve forte reação da categoria.

Nossa carta reafirma o compromisso do Sindicato de agir sempre em defesa dos interesses individuais e coletivos da nossa categoria e convida os colegas para participar de plenária para o esclarecimento de dúvidas e sobre a violência que nos atinge. Será na próxima segunda-feira (4/8), às 20 horas, no Auditório João Saldanha, na sede do Sindicato. Vamos juntos construir uma ampla campanha em defesa dos jornalistas e das garantias para o livre exercício profissional a serviço da sociedade.

Diretoria do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

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