Jornalista mineira viaja pelos cinco continentes pedindo carona, publica o Portal Imprensa
Durante 13 meses, a jornalista Kívia Costa passou por 40 países |
Gabriela Ferigato
“Uma viagem de volta ao mundo meio sem rumo, meio sem dinheiro e sem frescura”. É assim que a jornalista mineira Kívia Costa define sua experiência de 13 meses por quarenta países e muitos quilômetros de carona. Segundo ela, conhecer os cinco continentes era um sonho bastante antigo e “que a rotina maçante de São Paulo ajudou a desenterrar”.
Ela juntou algumas economias, carimbou dois vistos no passaporte (China e Estados Unidos), fez uma lista com destinos que desejava conhecer e arrumou uma sacola com uma dúzia de roupas. O hábito de pegar caronas vem da infância e, para ela, essa é a melhor maneira de ouvir histórias.
“As pessoas ficam muito à vontade dentro do veículo. É como se fosse a própria casa”, conta. A primeira surgiu ainda em seu estado (Minas Gerais), em maio de 2013. De lá partiu para Foz do Iguaçu e três semanas depois estava em Ushuaia, na Argentina – somando mais de 5.000 km de carona.
“A viagem foi uma oportunidade de realizar o que eu sempre quis fazer como jornalista – que é contar histórias. Esse estilo de viajar - pegando carona e se hospedando na casa das pessoas - não é somente porque quero economizar. Claro que tudo isso torna a experiência possível, mas o mais bacana são as histórias”, diz.
Kívia visitou ruínas pré-colombianas, fez curso de mergulho, saltou de cachoeiras, foi picada por uma arraia, dormiu em rede, em cama sem colchão e até passou por uma cirurgia. Dentre tantos lugares e experiências, a jornalista diz que uma das passagens mais marcantes foi pelo Oriente Médio.
Ao chegar em Hebron (Cisjordânia), cidade dividida entre palestinos e israelenses, ela presenciou um conflito. “Foi um dia muito revelador. Uma amiga alemã foi embora, mas eu queria fazer as imagens. Um palestino se aproximou de mim, segurou a minha mão e com os olhos bem grandes me disse ‘tira essa foto, por favor. Mostra para o mundo o que está acontecendo, porque se eu contar ninguém acredita. Finge que você é jornalista e mostra”, conta.
Kívia, que passou por veículos como Rádio CBN, O Estado de S. Paulo e Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), conta que a profissão sofre hoje uma carência muito grande de boas histórias. “Vejo meus amigos reclamando que falta tempo e recursos para buscar isso. Eles ficam entre o sonho de encontrar grandes personagens e o que a empresa cobra, ou seja, uma velocidade de produção sobre-humana. Acho que a imprensa se voltou totalmente para o consumo diário”, opina.
Atualmente, a jornalista reúne suas experiências e dicas de viagem no projeto “Kiviagem” e pretende lançar, ainda no começo de 2015, um livro.
(Com o Portal Imprensa-Foto do acervo pessoal da jornalista mineira)
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