Concerto dominical da União Operária
José Carlos Alexandre
Uma ótima manhã de domingo, com o céu ora cinzento, ora brilhante, ocasião em que o Sol se mostrava forte o suficiente para a gente tentar se esconder debaixo das poucas árvores da Praça Bernardino de Lima.
Uma praça imensa, dominada pela matriz de Nossa Senhora do Pilar, tendo o prédio da Prefeitura de um lado e do outro o Teatro Municipal.
Este, de histórias incríveis, desde os filmes de época até show, do Teatro de Revistas do Rio de Janeiro às peças da SOARTE, grupo teatral também parte da história de Nova Lima, além das memoráveis assembleias dos mineiros.
Os mineiros, este bravos combatentes, tendo junto ao Teatro a sede de seu Sindicato de conquistas nacionais e internacionais.
Hoje a Praça também tem supermercado, o local onde funcionava, no passado, uma espécie de anexo do Sindicato , uma padaria e a Casa Salles, grande loja à época.
Mais adiante destaca-se o Fórum e o prédio da Câmara Municipal, afora um pequeno comércio.
Passados tantos anos sem prestar atenção à bela Praça sinto falta da loja do Mário e de um ou outro bar onde num passado já distante, provei as primeiras cervejas da vida.
Mas terminada a missa, eis que a Banda União Operária, uma das mais tradicionais de Minas, começa a tocar.
Todo mundo presta atenção: hoje ela comparece com os instrumentos de sempre mas um pouco menor.
E, fato positivo, composta por muitas moças e rapazinhos, talvez dando uma amostra de que seu futuro está garantido.
Não, não toca a canção histórica de Chico Buarque, ("A Banda") mas nos brinda com tanta música tradicional e moderna que minha prima Yara, ao meu lado, dá o veredicto: "Dá vontade da gente dançar".
Começo, pouco a pouco a ficar mais descontraído, a ponto de ir relembrando cenas de minha infância, passada na cidade querida. Hoje moro em Belo Horizonte onde até sou cidadão honorário.
Mas não me esqueço dos tempos em que era mascote do Banjo de Ouro Jazz, geralmente nas apresentações dos antigos carnavais.
Era um conjunto que marcou época em Nova Lima e região metropolitana, lembra meu tio Edson, conhecido como Nôta, assim mesmo com acento e tudo.
Ele se recorda que um comerciante famoso na cidade, de nome Líncoln dizia que jamais se esquecia do dia em que houve um baile com três maestros.
Um era meu pai, que é nome de rua no bairro dos Cristais (Rua Maestro Manassés Alexandre), pertinho do centro de Nova Lima.
O Outro era o maestro Djalma Pimenta, da Rádio Inconfidência e o terceiro, o maestro Cipó, que fez-se admirado no Rio de Janeiro.
Só mesmo os acordes maravilhosos da banda para nos trazer de volta lances de um passado que deve ter sido de glória.
Volto minhas atenções para o show da manhã, sob a regência do maestro Fábio, o mesmo que vi num casamento recente na cidade, onde, neste mesmo espaço, fiz menção à beleza da trilha sonora.
É uma pequena mostra do que vem acontecendo em Nova Lima, onde tem frutificado escolas de música.
Outras bandas existem na cidade mas a Corporação Musical União Operária é uma das mais antigas. Meu pai foi um dos que passou por ela.
E também um de seus grandes amigos e figura igualmente histórica na cidade:José Fuzil.
Olho para o céu e me despeço: "Vou pegar a estrada antes da chuva" !
Mas estarei atento às próximas apresentações.
Ainda que com chuva...
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