Repressão e Direitos Humanos
Brasil e EUA: terrorismo de Estado ontem e hoje
Eduardo Vasco
Na mesma semana em que a Comissão Nacional da Verdade entregava o seu relatório final sobre os crimes contra os direitos humanos cometidos, principalmente, durante o Regime Militar (1964-1985), o Senado dos Estados Unidos publicava a sua apuração sobre os métodos de tortura executados pela CIA após o 11 de setembro.
Ambos os documentos revelam as atrocidades aplicadas pelo Estado contra a dignidade humana. Foram as provas que faltavam – apesar de o cidadão mais atento já saber sobre tais barbaridades – para jogar luz sobre os obscuros porões da história recente desses dois países.
Como se sabe, o golpe militar de 1964 e suas consequências nefastas só chegaram ao nível que chegaram por causa da preciosa ajuda do governo dos Estados Unidos. Os norte-americanos sempre estiveram de olho no que ocorria aqui no Cone Sul, mas a partir dos anos 50 suas atividades se intensificaram.
Os ianques não aprenderam a torturar pessoas nos últimos 13 anos. Sempre souberam como "obter informações" ou apenas aplicar o terror em suas vítimas. E ensinaram esses métodos aos militares brasileiros lá atrás.
Do apoio material ao golpe até o encobrimento de arquivos, passando pelas operações de espionagem, prisão, tortura, morte e desaparecimento de civis, a Casa Branca esteve envolvida durante todo o período ditatorial com os comandantes do terror do Estado brasileiro.
Mas não é apenas em uma ditadura militar que esses métodos desumanos de repressão estão presentes. Em uma ditadura capitalista, cuja expressão máxima é o imperialismo, como são os Estados Unidos, às vezes é preciso ir até os limites da crueldade para garantir a ordem e a dominação.
Com sua sede pelo domínio político do planeta e seus recursos naturais, George W. Bush – o maior terrorista do século XXI – lançou uma cruzada contra o terrorismo. Um terrorista contra o terrorismo.
Muitos discursos falaciosos e nenhuma prova do envolvimento iraquiano com o ataque às Torres Gêmeas foram o bastante para justificar o massacre empreendido no Oriente Médio e a captura de possíveis jihadistas.
Os afogamentos e privação do sono na base ilegal de Guantánamo – território roubado de Cuba – muitas vezes não serviram para nada senão demonstrar o repúdio estadunidense aos direitos fundamentais do ser humano e ao direito internacional, tendo detido e torturado muitas pessoas sem provas da ligação com organizações terroristas.
Em nome da "segurança nacional", graves violações contra a humanidade foram cometidas no Brasil e nos EUA. O fascismo presente nos ideais que moveram e movem seus sistemas agora foi revelado ao público.
Mesmo assim, os agentes terroristas envolvidos nessas operações continuam tentando justificar o injustificável.
A CIA insiste em defender seus crimes. "Os nossos agentes fizeram o que tinha que ser feito em serviço à nossa nação", disse esta semana o chefe da agência, John Brennan.
Esse discurso lembra alguma coisa quando se fala dos crimes cometidos pelo Regime Militar, não?
Resta agora continuar a luta pela punição aos torturadores da Ditadura Militar brasileira. E também os do imperialismo estadunidense. (Com o Diário Liberdade)
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