Comissão da Verdade dos Trabalhadores entrega relatório quinta-feira às 14h na Assembleia Legislativa

                                                                            

A preparação da audiência pública, em que será feita a entrega do relatório setorial da Comissão da Verdade dos Trabalhadores para a para a Comissão da Verdade (Covemg), em evento que ocorrerá na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), foi o tema de novo encontro, realizado em 26 de julho, na Casa do Jornalista, que reuniu o grupo incumbido de mobilizar entidades sindicais e preparar um relatório circunstanciado inicial.

A tarefa de levantar nomes de trabalhadores que sofreram com atos de repressão e resgatar denúncias e acontecimentos envolvendo lideranças sindicais, no período entre 1946 e 1988, voltou ao foco do debate, visto que as informações serão inseridas no relatório final da Covemg.

Inicialmente, a Comissão da Verdade dos Trabalhadores, criada em 22 de junho, definiu o dia 3 de agosto para a solenidade de entrega do relatório setorial para a Covemg, que incluirá os anexar o conteúdo ao relatório final e fazer o encaminhamento para o Arquivo Público Mineiro (APM). Mesmo não confirmada, a data da realização do evento deverá ser anunciada ainda no mês de agosto.

A VERDADEIRA HISTÓRIA DOS LUTADORES

A intensão de tornar pública a apuração dos fatos foi advogada por Eduardo Sérgio, Secretário do Servidor Público da União Geral dos Trabalhadores de Minas Gerais (UGT-Minas). Ele lamentou que os livros não contem a verdadeira história do Brasil, mas apenas estórias, o que dificulta ao próprio movimento sindical a formação de lideranças junto à juventude.

Carlos Calazans, assessor de Relações Sindicais da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), observou que os atos de repressão cometidos contra os trabalhadores estão registrados em ata nas entidades sindicais, nas quais são relatados os acontecimentos.

Calazans, que presidiu do Sindicato dos Marceneiros de Belo Horizonte e da Central Única dos Trabalhadores de Minas (CUT-MG), chegando a ocupar o cargo de Delegado Regional do Trabalho, apontou a responsabilidade do Estado de Minas Gerais no processo de repressão, uma vez que o aparato, a polícia e as dependências em que ocorreram prisões e torturas compõem a estrutura oficial.  Para ele, além da responsabilização, o Estado deveria se retratar fazer a devida reparação dos atos protagonizados no período repressivo.

PUNIÇÃO E REPARAÇÃO, AO INVÉS DE DESCULPAS

Já Oraldo Paiva, da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) acredita que um simples pedido desculpas é um ato insuficiente, diante dos males provocados e propôs que, na audiência pública na ALMG, fosse socializado o relatório expondo os ataques ao movimento sindical urbano, com o relato de denúncias, inclusive. Oraldo também sugeriu que no ato fossem apresentados depoimentos de vítimas da repressão.

A questão da continuidade das duas comissões – a dos Trabalhadores e a Covemg – foi novamente abordada pelos participantes do encontro, como Carlos Machado, do Sindicato dos Professores de Minas (Sinpro-MG), quew considera pertinente a ideia, em razão da sequência de fatos que surgem a todo momento. A ocorrência de prisões arbitrárias, sequestros, torturas, assassinatos e ocultação de corpos de membros da resistência democrática, entre outros abusos e crimes ocorridos, especialmente entre os anos de 1964 e 1985, foram ocultadas e não foram apuradas a fundo, como a participação de empresas que financiaram a repressão.

Entre os participantes do encontro, Carlos Magno Machado, do Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro); Oraldo Paiva, da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas); Gildasio Cosenza, da CTB; Carlos Calazans, assessor de Relações Sindicais da Seplag; Eduardo Sérgio, da UGT; Everson Tardele, Federação dos Urbanitários; Rafael Jacome, membro da União da Juventude Comunista (UJC); Renato Ilha, jornalista, mais os integrantes da Comissão da Verdade, Jurandir Persichini Cunha, Ronald Rocha, Alexandre Salles e José Antônio Marçal.

(Com Renato Ilha)

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