SOMAR ANOS E ANOS DE AMOR, JUNTOS
-"Por favor, cante para mim".
Claro que canto, sinto-me o melhor
dentre os cantores românticos - o maior
Sou o boêmio Nelson ou A Voz Sinatra,
Sou também, o espanhol Luiz Miguel,
ou o saudoso Gregório?
O quê canto pra você, maltrata.
Ah, maltrato-me também.
Agora na solidão descobri:
não sou ninguém!
Mas como sou tão-somente
eu mesmo, estou contente
e de alma cheia.
Você é quem me faz imenso.
Ao soltar a voz, pra você,
sou também intenso.
Como se barítono fosse
solo à capela, Hino ao Amor.
Coloco Edith Piaf no chinelo.
De nariz grande e feio,
viro mentiroso - Polichinelo.
Meu canto é crispado
como bambu rachado.
Só você chora quando canto
e se emociona tanto.
Vou-me embora estrada afora
Deixo-a em lágrimas
às margens do lago dos cisnes.
Ao som espiritual de
-"Love is a Many Splendored Thing"
(o Amor é a coisa mais esplendorosa)
Onde Nat King Cole canta:
"que o amor tem da meiga flor,
o perfume e a cor".
Canção que se curte no cinema,
em casa, nos parques de diversão
sempre abraçados, mão na mão.
Soubemos que nossa vida
Não cabe apenas em uma música,
na tarde caliente de verão ouvida
debaixo da árvore que emudecida
Somou anos e mais anos
sem maiores desenganos,
de nós juntos e arrulhando
feito dois pombinhos, num amor
sem data de terminar ou morrer.
Quando a morte nos separar,
pouco importará:
pois o que for, retornará
Invocado em Espírito,
de reencarnação privilegiada.
Na qual o Perispírito traz
dotes, sentimentos e igual feição
Do dia em que você se for.
Nada será mudado então.
O Perispirito terá olhos verdes
pintas espalhadas pelo corpo,
emoldura o rosto queimado de sol.
Eu me manterei ente vivo
Que seus poros engolem
em gotas de suor,
E sua boca ávida absolve
com a secura de antes.
Corpo e Perispirito unem-se
em um único ser vivo,
como sempre foi:
Gloriosamente, AMANTES (fim)
(Flávio Geraldo Anselmo)
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