Rede TV é levada a desistir de cortar 43% nos salários
Jornalistas e radialistas da RedeTV conseguiram, quarta-feira (23/10) uma importante vitória: o recuo da emissora numa medida anunciada no fim da semana passada que acarretaria em redução dos salários em cerca de 43%, para jornalistas, e de 40%, para radialistas. Mobilizadas pelos seus respectivos sindicatos, as categorias planejaram uma reação conjunta à ofensiva patronal. A articulação dos trabalhadores das praças do Município do Rio de Janeiro, Distrito Federal e São Paulo foi fundamental para que a direção da empresa anunciasse, em comunicado interno veiculado na tarde de hoje, que reavaliou e retirou a determinação de suspender as horas extras.
O corte das horas extraordinárias foi anunciado pelas chefias aos trabalhadores na noite da última sexta-feira (18/10), sem qualquer negociação prévia com os sindicatos laborais, sob o argumento de “equalizar o orçamento à atual realidade do mercado, que encontra-se em retração”. As duas horas extras laboradas habitualmente eram responsáveis por aumentar o valores nos contracheques dos jornalistas e radialistas. Com as mudanças, alguns deles devem passariam a receber o salário abaixo do piso determinado para São Paulo, que é de R$2.528,27.
Jornalistas e radialistas da RedeTV aprovaram estado de greve contra a redução de salários ontem (22/10)
Após serem informados pelas bases da alteração unilateral da jornada de trabalho, os Sindicatos de Jornalistas das praças de São Paulo, Município do Rio de Janeiro, Distrito Federal, Minas Gerais e Ceará passaram a levantar mais informações oficiais. O Sindicato dos Jornalistas de SP, imediatamente, oficiou a direção da emissora, solicitando reunião e realizou um ato na frente da emissora, na segunda-feira (21/10), junto com o Sindicato dos Radialistas de SP. Na sequência, em assembleia geral conjunta com os radialistas, realizada ontem (22/10), os trabalhadores aprovaram estado de greve. Nos demais Estados, foram convocadas assembleias para discussão da situação com a categoria.
Prontificando-se a negociar a qualquer momento, a direção do Sindicato dos Jornalistas de SP entregou o aviso do estado de greve à emissora, reiterando que os trabalhadores deliberaram por uma possível paralisação na quinta-feira (24/10), caso não fosse revista a determinação que reduziria os salários. A rápida mobilização conjunta de jornalistas e radialistas funcionou para que a RedeTV recuasse na adoção da medida.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP), Paulo Zocchi, vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) reiterou que redução de salário é ilegal e apontou que a jornada habitual praticada pelos profissionais era de sete ou mais horas de trabalho, para os jornalistas, e de oito ou mais horas para os radialistas.
Ele avalia que o movimento saiu vitorioso, mas alerta os jornalistas para que continuem vigilantes e em estado de atenção, pois a empresa pode adotar outras medidas que afetem a categoria.
Para Paulo Zocchi, é a organização dos jornalistas a partir dos locais de trabalho que fortalece a luta, defende direitos e garante conquistas como a manutenção dos salários diante de uma ameaça de redução como a proposta pela RedeTV. É com a participação da categoria por meio da sindicalização que o Sindicato sobrevive e assegura conquistas.
Comentários