Sindicato do Ceará e FENAJ lançam curso sobre igualdades de gênero e étnico-raciais na Comunicação

                                                                            
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) realizam, a partir de 1º de outubro deste ano, o Curso Dandara dos Palmares – Gênero, Raça e Etnia na Comunicação. O projeto social de formação complementar foi aprovado em primeiro lugar na Categoria VI – Projetos Sociais de até R$ 30 mil, no Edital de Chamamento Público Nº 001/2019 do Governo do Ceará, que seleciona iniciativas apresentados por organizações da sociedade civil, viabilizando a celebração de parcerias, em regime de mútua cooperação.

Para a formação gratuita, foram selecionados 52 profissionais da comunicação e estudantes de graduação em Jornalismo, Publicidade, Cinema e Rádio e TV. O Curso Dandara terá duração de 80 horas/aula, sendo 50 horas presenciais e 30 horas não presenciais, com produção de conteúdo para as aulas e tutoria. 

Ao final, os cursistas participam do seminário “Visibilidade com diversidade: recomendações para uma boa prática comunicativa”, com oito horas de duração, que será também aberto ao público interessado, com limite de 100 vagas. Os encontros, duas vezes por semana, acontecerão no auditório do Sindjorce.

Segundo o presidente do Sindjorce e diretor do Departamento Mobilização e Negociação Salarial da FENAJ, Rafael Mesquita, o Curso Dandara dos Palmares pretende preparar profissionais da comunicação para o desenvolvimento de ações relacionadas à gênero, raça e etnia. “A ideia é promover, por meio da formação oferecida aos profissionais da área (jornalistas, repórteres fotográficos, publicitários/as, radialistas e comunicadores/as populares), a diversidade, a igualdade de gênero, o combate à violência contra a mulher e o racismo, além do fomento à cultura afro-brasileira, nos meios de comunicação”, afirma.

“A ideia é contribuir com a educação continuada dos profissionais da comunicação para que, de posse de uma atitude crítica-reflexiva, ética e humanizadora, produzam conteúdo qualificado, com profundidade e com recorte de gênero, raça e etnia. Tem reflexos em curto, médio e longo prazo, inclusive na produção de matérias jornalísticas que sirvam para debater as políticas públicas específicas e apontar saídas para essas problemáticas que afligem
todo o tecido social cearense”, reforça Mesquita.

Visibilidade para mulheres negras e indígenas

Segundo a diretora de Comunicação, Cultura e Eventos do Sindjorce e Segunda Vice-Presidenta da FENAJ, Samira de Castro, além dos alarmantes índices de violência contra a mulher no Brasil e no Ceará – 536 mulheres sofreram agressão física a cada hora no Brasil em 2018 e uma mulher é vítima de feminicídio a cada 15 dias no Estado -, é preciso discutir a representatividade da mulheres negras e indígenas na mídia, que continuam invisibilizadas, sem o direito a ter suas opiniões veiculadas e ocupando os espaços socialmente naturalizados, como subalternas e exóticas.

“É preciso incluir, no fazer jornalístico, espaço para as diferentes experiências de desigualdades entre as mulheres (raça, etnia, idade, orientação sexual, etc), ouvir suas vozes nos mais variados campos e dar visibilidade à sua participação como sujeitas ativas na sociedade”, comenta Castro, uma das idealizadoras do Curso Dandara. 

Segundo ela, a promoção da igualdade de gênero com recorte de raça e etnia também passa pela contratação de jornalistas negras e indígenas nos jornais, rádios, revistas, televisões, mídias digitais e assessorias de imprensa. “E, ainda, pela adoção de uma perspectiva de gênero nas relações de trabalho, onde prevaleça a equidade no tratamento entre homens e mulheres”, pontua a dirigente sindical.

Aula inaugural terá ato contra a violência de gênero e o racismo

                                                                        

Aula inaugural do Curso Dandara vai debater o tema “Por uma Comunicação negra e feminista, no dia 1º de outubro, a partir das 18h, no Auditório Murilo Aguiar, na Assembleia Legislativa do Estado. A palestra ficou a cargo da jornalista e escritora pernambucana Jaqueline Fraga, autora do livro-reportagem “Negra Sou: a ascensão da mulher negra no mercado de trabalho.”Será antecedida por um ato contra a violência de gênero e o racismo, em evento aberto ao público.

O ato político é organizado pela Comissão de Mulheres Jornalistas do Sindjorce e contará com falas das autoridades convidadas e apresentação artística. O Sindicato será representado pela sua secretária-geral, Luizete Vicente. Já a Federação será representada por Samira de Castro. “O momento exige posicionamento político e ações das entidades representativas dos trabalhadores e trabalhadoras contra todas as formas de violência e opressão”, avalia Luizete Vicente.

Para Samira de Castro, o crescimento dos casos de feminicídio, de violência doméstica e de racismo é preocupante e precisa ser combatido em todos os espaços. “A formação, sobretudo dos profissionais que trabalham com Comunicação, é um caminho concreto para a construção de uma sociedade sem machismo, sem sexismo, sem misoginia, sem LGBTIfobia e sem racismo”, comenta.


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