Expedições conjuntas no Parque Nacional em Foz do Iguaçu em busca de corpos de desaparecidos

                                       

Em Audiência Pública na Câmara dos Deputados, realizada quarta-feira (21/05), presidida pelo deputado federal Assis do Couto, Rafael Schincariol, da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, convidou a Comissão Nacional da Verdade a realizar expedições conjuntas no início do segundo semestre no Parque Nacional, em Foz do Iguaçu. "Temos a obrigação legal de não medir esforços para encontrar desaparecidos políticos. Vamos continuar os trabalhos e retomar as expedições junto da CNV", disse.

O evento contou com a presença de Rosa Cardoso, membro da Comissão Nacional da Verdade, representantes da Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SDH-PR), autoridades ligadas à promoção de Direitos Humanos, jornalistas e familiares das vítimas.

Ocorrida na região da fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai, a Chacina no Parque, como ficou conhecida, foi uma emboscada, organizada pelo Exército, no interior do Parque Nacional. Cinco militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Onofre Pinto, os irmãos Daniel e Joel de Carvalho, José Lavecchia e Victor Ramos e o argentino Enrique Ruggia foram assassinados. Até hoje não foram encontrados seus restos mortais.

Rosa Cardoso, que há dois meses ouviu o coronel Paulo Malhães, militar que assumiu ter participado do caso, revelou que a Comissão já possui provas que levam à autoria dos mandantes da Chacina do Parque, e que o caso poderia até ser levado à justiça pelas autoridades competentes. "O que não temos ainda são os restos mortais, que temos que resgatar e encontrar", afirmou.

Ivan Seixas, coordenador da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva", fez um relato das buscas aos corpos da Chacina no Parque, investigação que acompanha desde 2010. O ex-preso político ressaltou que a Comissão nunca deixou de lado as buscas aos corpos e a investigação dos envolvidos. "Para além da importância do caso, eram todos nossos amigos. A cada novo passo, as famílias dos envolvidos são informadas. Não desistiremos até encontrá-los", afirmou.

Aluizio Palmar, autor do livro "Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?", sobre a chacina no Parque, havia questionado a CNV e a CEMDP sobre a atuação no caso, e Ivan e Rosa esclareceram que a CNV não parou as diligências sobre o caso. Após audiência em Foz do Iguaçu, em 2013, a CNV ouviu um dos envolvidos na chacina meses depois e percorreu a região novamente. Em março deste ano, questionou Paulo Malhães sobre o caso.

Juliana Dal Piva, jornalista, reclamou que jornalistas, a CNV e o Ministério Público Federal ainda têm dificuldade em obter informações diretamente das Forças Armadas. A repórter investiga casos como o da Casa da Morte em Petrópolis e a Chacina do Parque, e entrevistou várias vezes o ex-coronel Paulo Malhães, autor confesso da chacina. "Ouvi o Malhães por mais de seis horas. Ele se orgulhava muito de ter trabalhado como agente secreto do centro de informações do exército e de ter trabalhado com infiltrados", afirmou.

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