“Brasil só não é mais perigoso que países em guerra”
À exceção dos Estados que vivem guerras, o Brasil é um dos países mais perigosos para jornalistas, segundo uma longa reportagem especial publicada pelo site em inglês da rede árabe Al Jazeera, na última quarta-feira, dia 9.
Com o título “Morrendo por uma história”, o autor abre a matéria com a história detalhada de Evany José Metzker(foto), 67 anos, que foi encontrado decapitado em Padre Paraíso em Minas, na região do Vale do Jequitinhonha, em 18 de maio deste ano.
O jornalista, dono do blog “Coruja do Vale”, já vinha recebendo ameaças de morte por conta das denúncias que fazia na cidade, e nos últimos tempos, por conta de uma série de reportagens sobre uma rede de prostituição infantil.
“O Brasil é um dos países com mais mortes de jornalistas que atuam fora de zonas de guerra”, informa o repórter Matt Sand.
A reportagem faz um levantamento de crimes contra repórteres por todo o país, e conta histórias de jornalistas ameaçados e mortos, especialmente fora dos grandes centros urbanos.
O blogger Marcos de Barros Leopoldo Guerra, jornalistas de rádio Gleydson Carvalho e Djalma Santo da Conceição.
Também relata a história da morte do radialista Djalma Santos da Conceição, encontrado com sinais de tortura em uma zona rural próximo à cidade onde trabalhava, Conceição da Feira, localizada a 110 quilômetros de Salvador (BA). Foi a segunda morte de um profissional de imprensa em menos de uma semana no país.
Outros casos citados pela reportagem da rede árabe foram os dos jornalistas Gleydson Carvalho, Israel Gonçalves Silva e do blogueiro político Ítalo Eduardo Diniz Barros, assassinado no Maranhão. Mencionou ainda a atuação do jornalista investigativo Mauri König, que trabalhou por quase 13 anos no jornal Gazeta do Povo, e de Lúcio Flávio Pinto, do Jornal Pessoal em Belém.
“O Brasil está passando por uma onda sem precedentes de assassinatos de jornalistas, com pelo menos 17 mortes causadas por reportagens desde 2011″, diz a reportagem. “É o mesmo número de mortes registradas no país ao longo de 19 anos até então.”
Jornalistas independentes: alvo principal
O risco de quem trabalha com notícias no país não chega a ser novidade, o texto explica. “Jornalistas aqui há muito vivem com medo de serem ameaçados, processados, espancados, exilados ou assassinados”. A matéria alerta para um novo grupo de jornalistas que trabalham sozinhos, atuando pela internet. Sem apoio institucional e muitas vezes trabalhando como únicos repórteres em suas cidades, eles são especialmente vulneráveis ao aumento da violência no país que registra quase 60 mil homicídios por ano.”
Veja a reportagem na íntegra no site da “Al Jazeera”:
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