Uma “Fábrica de Ideias” em defesa da Petrobrás
Felipe Coutinho (*)
É necessário perguntar: defender a Petrobrás de quem? De quais interesses?
Em favor de quem?
O que está em disputa é a renda petroleira, a propriedade do petróleo e os objetivos do seu uso.
As multinacionais privadas que são controladas pelo sistema financeiro querem se apropriar da renda petroleira para maximizar seus lucros no curto prazo.
Querem produzir e se apropriar do petróleo aos menores custos e riscos, com total liberdade para exportá-lo.
Os bancos querem financiar os empreendimentos e garantir o recebimento prioritário da maior taxa de juros possível. Quanto maior a velocidade da extração mais rápido se apropriam desta fração da renda petroleira.
As estatais estrangeiras querem garantir a segurança energética de seus países. Querem transferir a renda petroleira na aquisição de bens e serviços. Querem gerar empregos qualificados em seus países.
Outros interesses privados disputam a renda petroleira, os empreiteiros, os licenciadores de tecnologias, os industriais consumidores dos derivados e os comerciantes de combustíveis.
Aos rentistas interessa que o Estado privatize seus ativos e recursos naturais para garantir o pagamento dos elevados juros da dívida pública.
Os políticos traficantes de interesses e os executivos de aluguel servem aos poderosos interesses privados que cercam a Petrobrás, o petróleo brasileiro e a renda petroleira.
Cabe à AEPET defender a Petrobrás destes poderosos interesses antinacionais.
Em favor dos interesses da grande maioria dos brasileiros, dos estudantes, dos trabalhadores e dos aposentados.
Para que nosso país seja soberano e utilize seus recursos e o fruto do trabalho dos brasileiros para o desenvolvimento, com justiça e dignidade social.
Existe correlação entre o desenvolvimento humano e o consumo de energia per capita. O consumo no Brasil é próximo ao do Paraguai, é cerca de seis vezes menor em relação aos EUA e quatro vezes menor do que a Noruega.
Também existe relação entre o consumo de energia e o crescimento econômico.
Nosso desenvolvimento depende da produção do petróleo na medida das nossas necessidades e em suporte ao progresso do Brasil.
Agregar valor ao petróleo, desenvolver uma indústria forte e diversificada, planejar a distribuição da renda petroleira através do desenvolvimento tecnológico e da produção de bens e serviços especializados.
Utilizar a renda petroleira para levantar a infraestrutura da produção dos biocombustíveis e das energias potencialmente renováveis.
Nenhum país se desenvolveu exportando petróleo por multinacionais estrangeiras.
Nenhum país, continental e populoso como o Brasil, se desenvolveu exportando petróleo cru ou matérias primas.
A batalha das ideias
Quero destacar o papel da AEPET na disputa da opinião pública e na construção do senso comum.
Somos uma "fábrica de ideias" em favor do desenvolvimento do Brasil. A qualidade dos nossos conteúdos e a eficiência dos meios pelos quais são divulgados são vitais para o sucesso.
A disputa é desigual em termos econômicos, mas estamos do lado da maioria, essa é a origem da nossa força.
No último triênio a audiência do nosso portal duplicou, chegando a cerca de 200.000 usuários por ano, com quase 550.000 seções acessadas.
É evidente que estamos avançando, isso é resultado da qualidade do que produzimos, dos nossos artigos, notas, cartas, votos e da seleção de artigos de terceiros.
Entre os petroleiros, afirmo com serenidade que estamos vencendo a batalha das ideias.
A verdade passou a ser aceita por si própria, sem ser ridicularizada ou rejeitada com violência. A maioria dos petroleiros e dos brasileiros percebeu a "Construção da Ignorância sobre a Petrobrás".
A partir de agora é evidente que a Petrobrás não está (e nunca esteve) quebrada, que não precisa vender seus ativos para reduzir a dívida, que a privatização prejudica o fluxo de caixa e compromete o futuro que já se torna presente.
Agora está na cara “O mito da Petrobrás quebrada”, é óbvio que houve uma propaganda de choque e terror, a serviço das multinacionais do petróleo e dos agentes do sistema financeiro que as controlam.
Estão desmascarados os executivos que giram através de portas giratórias entre a administração pública e corporações privadas. Eles são os modernos feitores e capitães do mato, a serviço do novo ciclo colonial da exportação de petróleo cru, e que só podem debater em ambientes controlados do cartel midiático.
Interventores e porta-vozes do capital internacional se entendem bem. Antes desfilavam seus egos como os salvadores da pátria, agora se escondem e só oferecem entrevistas para microfones amigos.
Com relação à percepção dos petroleiros podemos recorrer à pesquisa de ambiência realizada pela Petrobrás. A última pesquisa foi feita em janeiro de 2017. Pedro Parente e seus executivos, confiantes, incluíram duas perguntas inéditas:
“71 - O Plano de Negócios e Gestão 2017-2021 está na direção certa?
Resultado: 37% favoráveis
72 - Confio nas decisões tomadas pela Direção Superior diante dos desafios da companhia?
Resultado: 31% favoráveis” (Petrobras, 2017)
O percentual de respondentes foi muito baixo, apenas 64% do total. Apenas 31% dos 64% que responderam, em janeiro de 2017, confiavam nas decisões tomadas pela “Direção Superior”. Ou seja, menos de 20%, um em cada cinco, responderam favoravelmente e confiantes nas decisões do presidente, conselheiros e diretores da Petrobrás.
Veja bem, a pesquisa foi realizada em janeiro de 2017. Ao longo do ano, a confiança certamente piorou diante do resultado das privatizações da malha de gasodutos (NTS), do campo de Carcará etc. etc. etc.
Em dezembro de 2017, a “Direção Superior” anunciou que não haverá pesquisa de ambiência em janeiro de 2018. Para um bom entendedor, tal decisão basta para afirmar que a verdade sobre a Petrobrás foi revelada e já é autoevidente para os petroleiros em 2017.
Entre os brasileiros também, pois pesquisa recente apontou que 70% são contra a privatização da Petrobrás. Não estamos sozinhos nesta luta, o que temos produzido serve como referência para outros cidadãos - professores, jornalistas, parlamentares, sindicalistas etc. - que também percebem a importância da Petrobrás para o Brasil.
Colaboramos com jornalistas independentes do capital internacional, nossos artigos são cada vez mais publicados em blogs progressistas de grande alcance.
A internet é o meio mais eficiente para difundirmos nossas ideias. Agradeço a todos que cooperam com a AEPET na produção de conteúdo, na divulgação e no trabalho cotidiano de garimpar conteúdo de qualidade que mereça ser conhecido através dos nossos meios.
Ainda há muito a fazer, mas nossos êxitos, ainda que modestos, são o incentivo para prosseguir no mesmo rumo.
(*) Felipe Coutinho é presidente da AEPET. O texto é a transcrição do discurso de posse para o triênio 2018-2020 na entidade.
http://www.correiocidadania.com.br/2-uncategorised/13117-uma-fabrica-de-ideias-em-defesa-da-petrobras
(Com o Correio da Cidadania)
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