Turquia: trabalhadores reagem a tentativa de censura à liberdade de imprensa e ao jornal "Evrensel"(Universal)
Reprodução da internet
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Justiça determina o fim do apoio de Agência de Publicidade à Imprensa (BIK) ao jornal Evrensel porque trabalhadores compravam mais de um jornal. Trabalhadores respondem com brigadas solidárias e comprando inúmeros jornais.
Thales Caramante
TURQUIA – A Agência de Publicidade à Imprensa (BIK) é o órgão responsável por alocar anúncios do setor públicos em jornais. Muitos jornais turcos que não pertencem aos grandes monopólios dependem avidamente dos anúncios dispostos pela BIK para manter sua existência. Os jornais que têm grande apoio das massas, tal como o Evrensel, BirGün e Cumhuriyet, não dependem da Agência de Publicidade à Imprensa (BIK), mas ela interfere diretamente no número de tiragem dos jornais, número de páginas, peso, salários dos jornalistas profissionais, equipamentos etc.
Recentemente, a BIK cortou por dois meses o apoio ao jornal Evrensel. A razão é surpreendente por sua barbaridade: um leitor, um trabalhador, comprou dois jornais. Segundo a agência isso é configurado como crime, porque “um leitor comprar mais de um jornal constitui uma ofensa e não atinge realmente sua cota mínima de vendas.” A BIK também afirmou ter cortado o apoio porque, segundo as investigações da agência, “os jornais estavam sendo levados para locais suspeitos.”
A advogada do Evrensel, Devrim Avcı, afirmou por sua vez que ao enunciar todas essas razões e argumentos, a BIK comprova que está “fisicamente perseguindo os leitores do Evrensel”, pois não teria como chegar a essas conclusões sem que estivesse atuando de maneira policialesca. “A BIK faz uma reclamação, investiga e dá a sentença”, ou seja, “a BIK é ao mesmo tempo a vítima, a polícia, o investigador e o juiz. Isso é inaceitável de acordo com a lei”, afirmou a advogada.
Em seguida, Devrim Avcı afirmou que a agência está cortando a cota de publicidade ao Evrensel por uma razão política. Ela afirma que a BIK quer acabar com a campanha de finanças do jornal – que até então estava conquistando muitos trabalhadores – onde os leitores compram dois jornais, um para si e o outro para mais alguém, uma espécie de presente.
Por essa ligação de proximidade entre Evrensel e os trabalhadores, a agência acusou todos que estavam comprando mais de um jornal de “serem trabalhadores do jornal”. Essa declaração não só confirma o argumento de Avcı, como também revela o preconceito da BIK.
“Então todos os nossos leitores são trabalhadores [do Evrensel]? Se isso realmente fosse verdade então haveriam muitos procedimentos a apresentar como prova, inclusive o pagamento de seguros nacionais. [A BIK] não apresenta absolutamente nenhuma prova, mas condena todos os [milhares] de leitores à operadores do jornal. Isso é discriminação.”
De certo a Agência de Publicidade à Imprensa só pode chegar a tantas conclusões estapafúrdias somente se investigou profundamente todas as atividades da infraestrutura e superestrutura do Evrensel.
Para acrescentar, a BIK ainda teve a ousadia de afirmar que os jornais comprados em Diyarbakır estavam sendo levados à prisão. “Como sabem que os jornais estão sendo levados para a prisão? Estão seguindo nossos leitores? Essa é a única conclusão que podemos chegar com esse relatório. [A verdade é que] o jornal está sendo punido através de seus leitores.” – continuou a advogada.
O que se trata afinal, até aqui, é de uma injustiça irreparável do governo contra uma empresa socialista sustentada pela classe trabalhadora turca.
Solidariedade da Classe Operária
Tamanho ridículo que a BIK se presta a fazer em nome dos censuradores de Erdogan que a classe operária já se posiciona em favor ao Evrensel e passam a lutar em defesa de sua construção e manutenção diária. A classe operária comprará mais jornais.
O operário metalúrgico Fesih Aydın afirmou que a partir de agora comprará seis jornais por dia e denunciou a Agência de Publicidade à Imprensa: “Isso é justo? Onde está nossa democracia?”, em seguida afirmou que irá se rebelar contra a BIK e que “uma arbitrariedade dessa não pode acontecer. Vou comprar mais seis jornais e vou distribuir no meu bairro.”
Outro operário metalúrgico que trabalha na fábrica Aydın Döküm, Recep Çelik, é leitor e assinante: “leio Evrensel na fábrica entre as pausas do almoço ou do chá. Leio no caminho da volta, ou em casa. Repudio essa operação [militar] para silenciar arbitrariamente nosso instrumento de oposição [ao governo]. Jamais vou parar de ler Evrensel.”
Nazım Sarıbal, operário tecelão da Alan Döküm denuncia que essa censura ao Evrensel não passa de um crime político: “Hoje não há direitos e nem lei [para os operários], tudo está conectado com o palácio (Erdogan)”.
Em seguida, denunciou que a BIK está a servir aos interesses dos grandes monopólios midiáticos. “Quem comete uma atrocidade dessa é quem não tem nenhum compromisso com a democracia, é quem serve ao Zaman, Akit, Hurriyet e Sabah… aos jornais com muito dinheiro. Por causa deles continuarei comprando mais edições todos os dias.”
“Nós, operários e operárias, acompanhamos todas as notícias do interessa da nossa classe através do Evrensel. Entendemos as lutas dos nossos irmãos através desse jornal. Os únicos jornais que não tem pressão nenhuma do governo são os jornais dos ricos, da burguesia. O que a nossa classe vê é um crime do governo [contra os trabalhadores] e estamos cientes da sua estratégia. Assim, quanto maior o crime do governo, maior será nossa solidariedade. Aprendemos isso com Evrensel.” – declarou um operador de empilhadeira anônimo.
Nuray Öztürk, mãe e trabalhadora, declarou orgulhosamente que está lutando contra a BIK: “Na minha casa moram três pessoas, comprei Evrensel para todas! Ainda comprei mais duas edições para os meus vizinhos. Não existe crime nenhum nisso. Se comprar mais de uma edição de jornal é crime então não posso comprar mais de uma garrafa de leite para minha filha.”
Yılmaz Konak, comerciário, também se solidarizou: “Só hoje comprei três edições. Uma pra mim, uma para meu vizinho barbeiro e outro para meu vizinho pintor. Evrensel é o melhor veneno contra os milionários!”
Taylan Kulaçoğlu, operador, reafirmou também a campanha de finanças do Evrensel: “Eu geralmente comprava duas edições todos os dias, agora aumentei para quatro! O jornal de Metin Göktepe jamais será silenciado! Evrensel é um jornal nosso, é uma honra lê-lo todos os dias! Não vamos deixar os ricos em paz!”
A solidariedade ao jornal apenas cresce todos os dias. Isso mostra que os planos de Erdogan para censurar a imprensa dos trabalhadores turcos está sendo desmoralizada e liquidada pelos próprios trabalhadores que se sacrificam todos os dias para sustentar e avançar a construção da imprensa proletária.
A Verdade se solidariza ao Evrensel, pois esse é o jornal dos trabalhadores turcos, da classe que libertará toda a sociedade com a revolução e acabará com a sociedade de classes. Evrensel é um jornal consciente de seu papel na história de ser o agitador, propagandista e organizador coletivo de operários e camponeses, e realiza essa tarefa com um esmero inspirador a todos os jornais revolucionários do mundo.
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