RECESSÃO SEM FOLGA
José Carlos Alexandre
WASHINGTON - Coincidentemente hoje é feriado no Brasil e nos Estados Unidos. Um dos poucos feriados norte-americanos. Aqui comemora-se o Labor Day, ou seja, o Dia do Trabalho. A primeira pergunta que se faz é, justamente, por que no maior país capitalista do mundo não se festeja o Dia do Trabalho, como todos os demais, à exceção do Canadá, que acompanha os americanos!
A explicação é simples. Os norte-americanos não gostam de comemorar a data no mesmo dia que os anarquistas e comunistas, me disse o diretor do Escritório de Washington da Organização Internacional do Trabalho, Stephen Sscholossberg.
Ex-diretor e ex-advogado do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Automóvel da América (UAW), Schollosberg diz que a data lembra o "The Hay Market ;Riet", um acontecimento que acabou por provocar a morte de muita gente.
Infelizmente ele não dá detalhes, lembrando apenas que os primeiros a festejar o Labor Day na primei4ra segunda-feira de setembro foram os carpinteiros de Nova York, em 1886.
Curiosamente, este feriado é utilizado pelo comércio para tentar "sair do vermelho".Isto porque , tanto no Brasil quanto nos EUA a situação é de muita recessão e desemprego.
Em matéria de primeira página no último sábado, o The Washington Post afirma que, só no mês passado, 167.000 trabalhadores perderam seus empregos.
Na mesma matéria, se diz quem pelo segundo ano consecutivo,m o número de norte-americanos que se situa abaixo da linha de pobreza está acima de 35,7 milhões. É para deixar qualquer presidente com pretensões a reeleição realmente preocupado.
Toda essa situação de dificuldades tem-se refletido nas pesquisas. A CNN repete várias vezes por dia o resultado da última consulta que encomendou junto com o jornal US Today: Bill Clinton: 54%; George Bush,
46%.
Quatro dias antes do "feriadão" norte-americano do Labor Day, as lojas começaram a anunciar as liquidações especiais s propósito da data. E até em páginas inteiras em jornais como o The Washington Post. Oferecendo descontos de até 60% em suas mercadorias, não importando se variam de sutiãs a automóveis importados, os japoneses que enchem as ruas da capital dos EUA.
Os descontos vão vigorar até no Labor Day.É que a maioria do comércio vai funcionar normalmente hoje, pagando extras a seus empregados ou oferecendo-lhes folga em outro dia da semana.
De qualquer forma, não há muitos motivos para comemorações.Além da tragédia do furacão Andrew na Flórida e na Luisiana, capaz de consumir, numa estimativa por baixo, de 30 a 41 bilhões de dólares do Tesouro Nacional, existem problemas como o pagamento das despesas com a Operação Tempestade no Deserto, ocorrida no ano passado, e mesmo a manutenção de forças na região do Golfo, que não fica barata.
Mas não há exemplo maior da crise atual que a da indústria de cartoons. Até mesmo o Super-Homem está cm os dias contados. O herói de várias gerações na América e no mundo inteiro deverá ser morto por um vilão de outro planeta. E assim desaparecer.Talvez para sempre. Foi o meio encontrado pelos editores de sua revista para enfrentar a recessão.(Artigo publicado no Diário da Tarde em 7 de setembro de 1992) Imagem: o autor à saída da Casa Branca.
WASHINGTON - Coincidentemente hoje é feriado no Brasil e nos Estados Unidos. Um dos poucos feriados norte-americanos. Aqui comemora-se o Labor Day, ou seja, o Dia do Trabalho. A primeira pergunta que se faz é, justamente, por que no maior país capitalista do mundo não se festeja o Dia do Trabalho, como todos os demais, à exceção do Canadá, que acompanha os americanos!
A explicação é simples. Os norte-americanos não gostam de comemorar a data no mesmo dia que os anarquistas e comunistas, me disse o diretor do Escritório de Washington da Organização Internacional do Trabalho, Stephen Sscholossberg.
Ex-diretor e ex-advogado do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Automóvel da América (UAW), Schollosberg diz que a data lembra o "The Hay Market ;Riet", um acontecimento que acabou por provocar a morte de muita gente.
Infelizmente ele não dá detalhes, lembrando apenas que os primeiros a festejar o Labor Day na primei4ra segunda-feira de setembro foram os carpinteiros de Nova York, em 1886.
Curiosamente, este feriado é utilizado pelo comércio para tentar "sair do vermelho".Isto porque , tanto no Brasil quanto nos EUA a situação é de muita recessão e desemprego.
Em matéria de primeira página no último sábado, o The Washington Post afirma que, só no mês passado, 167.000 trabalhadores perderam seus empregos.
Na mesma matéria, se diz quem pelo segundo ano consecutivo,m o número de norte-americanos que se situa abaixo da linha de pobreza está acima de 35,7 milhões. É para deixar qualquer presidente com pretensões a reeleição realmente preocupado.
Toda essa situação de dificuldades tem-se refletido nas pesquisas. A CNN repete várias vezes por dia o resultado da última consulta que encomendou junto com o jornal US Today: Bill Clinton: 54%; George Bush,
46%.
Quatro dias antes do "feriadão" norte-americano do Labor Day, as lojas começaram a anunciar as liquidações especiais s propósito da data. E até em páginas inteiras em jornais como o The Washington Post. Oferecendo descontos de até 60% em suas mercadorias, não importando se variam de sutiãs a automóveis importados, os japoneses que enchem as ruas da capital dos EUA.
Os descontos vão vigorar até no Labor Day.É que a maioria do comércio vai funcionar normalmente hoje, pagando extras a seus empregados ou oferecendo-lhes folga em outro dia da semana.
De qualquer forma, não há muitos motivos para comemorações.Além da tragédia do furacão Andrew na Flórida e na Luisiana, capaz de consumir, numa estimativa por baixo, de 30 a 41 bilhões de dólares do Tesouro Nacional, existem problemas como o pagamento das despesas com a Operação Tempestade no Deserto, ocorrida no ano passado, e mesmo a manutenção de forças na região do Golfo, que não fica barata.
Mas não há exemplo maior da crise atual que a da indústria de cartoons. Até mesmo o Super-Homem está cm os dias contados. O herói de várias gerações na América e no mundo inteiro deverá ser morto por um vilão de outro planeta. E assim desaparecer.Talvez para sempre. Foi o meio encontrado pelos editores de sua revista para enfrentar a recessão.(Artigo publicado no Diário da Tarde em 7 de setembro de 1992) Imagem: o autor à saída da Casa Branca.
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