Uberlândia, a luta contra a ditadura



A 22ª Caravana da Anistia esteve em Uberlândia dias 13, 14 e 15 com o reconhecimento de que a resistência à ditadura militar no país não se restringiu somente às capitais. A homenagem ao papel do Triângulo Mineiro na construção da democracia incluiu um julgamento especial da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, que apreciou processos de ex-perseguidos políticos da região.
Na cerimônia, foi prestada homenagem a dois mineiros naturais de Uberlândia que tiveram papel importante na resistência. Um deles é dom Estevão Avellar, bispo da região do Araguaia na época de atuação da guerrilha. O outro, Guaracy Raniero, foi um dos principais dirigentes do Movimento Revolucionário 21 de Abril, braço da esquerda nacionalista vinculada a Leonel Brizola. O grupo foi desmantelado em 1967 com a prisão de 22 integrantes, todos de Uberlândia – Raniero cumpriu pena de dois anos em Juiz de Fora (MG).
Cinco processos julgados envolvem ex-integrantes do Movimento 21 de Abril: Irto Marques dos Santos, Elias Parreira Barbosa, Romário Ribeiro Júnior, Edmo de Souza e Antonio Jerônimo de Freitas.
Outro caso emblemático foi o julgamento de quatro integrantes da mesma família: o pai, o mineiro Sebastião Vieira, e a mãe, Maria Rodrigues Vieira, foram perseguidos em razão da militância exercida pelos filhos – Euler, Joana D’Arc e Marina (esta já anistiada pela Comissão de Anistia).
As perseguições políticas ocorridas no Triângulo Mineiro são desconhecidas no país. O papel da Igreja e de dom Estevão, a criação do Movimento Revolucionário 21 de Abril, a saga da família Vieira são exemplos da resistência ocorrida no interior do Brasil, que precisam ser valorizados e receber destaque histórico”, lembrou o presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão.
Foi julgado, ainda, o processo do atual secretário de Educação do município, o médico Afrânio de Freitas Azevedo(foto). Ex-militante comunista, Azevedo foi responsável pela cirurgia plástica que transformou o rosto de Carlos Lamarca, um dos principais guerrilheiros do país. A consequência foi sua prisão, por 73 dias, no Rio de Janeiro.(Imagem: Prefeitura de Uberlândia/Divulgação)

Comentários

Neide Pessoa disse…
Caro amigo José Carlos:
foi um exercicio de Democracia,
em terras mineiras.
Só que até agora,temos amigos que foram julgados lá e estão angustidos
por não terem tido nehuma notícia do seu caso.
Onde encontrar a lista completa?
Quem sabe você consegue tornar público o resultado,que nenhum jornal a não ser o de Uberlânmdia
( somente para assinantes do jornal impresso)ainda publicou
é enorme a angústia de amigos queridos.
Obrigada.
Neide Pessoa
Letícia disse…
Parabéns pelo texto e pelo blog!

Sou estudante de jornalismo da UFU e estou fazendo um trabalho sobre o regime militar em Uberlândia. Gostaria muito de te ouvir. Pelo que vi no texto o senhor tem histórias importantes para contar.
O senhor poderia passar algum contato para combinarmos de conversar? Se preferir meu e-mail é letícia.franca@live.com
Obrigada
Letícia