FLÁVIO ANSELMO
COISAS QUE OS ITALIANOS NÃO CONSEGUEM VIVER SEM ELAS.
Tenho ascendência italiana num dos galhos de minha árvore genealógica. Meu avô paterno chamava-se José Molinari. De quando em vez dou uma pesquisada na história interessante da Itália, a partir, principalmente das aventuras de Giuseppe Garibaldi, herói de dois continentes, ao lado de sua mulher brasileira Anita.
Nas diversas páginas que pesquisei, sem que isso seja uma regra geral, italianos gostam de viver perigosamente.
Daí porque Garibaldi ser o herói da unificação italiana, até então dividida em cidades-estado autônomas e de sangue quente e espírito romano de colonizadores.
Em contrapartida, os italianos tiveram Mussolini, o pai do fascismo, e sobreviveram a uma guerra interna pior que a Segunda Guerra: a batalha contra a Cosa Nostra, ou Máfia, que custou a vida de importantes figuras da Justiça; as furiosas Brigadas Vermelhas que assassinaram o político social-democrata Aldo Moro.
Italianos gostam, também, da boa comida, do bom vinho, das mulheres belas e da dulce vita. Do fettuccine do Alfredo – delicioso – do time da Roma, as atrizes Sophia Loren e Mônica Bellucci, adoram o canto dos saudosos Maria Callas, Caruso, de Pavarotti e Andrea Bocelli.
Mas sofrem com os constantes embates contra a corrupção desenfreada em diversos segmentos. Na política conseguiram reduzir em quase 80%, mas não acabam de vez com esta praga de casas de apostas surgida por meio da Máfia com apoio dos políticos bandidos, atletas e dirigentes de futebol, na língua deles, calccio.
O procurador da Justiça italiana, Roberto di Martino, de Cremona, é o responsável pelo inquérito por manipulação de resultados no futebol, mais uma vez, expediu mais de duas dezenas de mandados de prisão e convocação concedeu entrevista coletiva e explicou a nova investida contra o banditismo nos bastidores do futebol.
Tem bastante gente famosa envolvida, inclusive o técnico Antonio Conte da Juventus, campeã invicta da temporada. O envolvimento de Conte resulta de sua passagem na época pelo Siena.
O lateral Domenico Criscito, pego numa reunião com o pessoal da máfia albanesa, foi cortado, no final de semana, da seleção da Eurocopa, mas não foi preso. Criscito é acusado de participar do esquema nos seus tempos de Genoa. Atualmente, pertence ao Zenit da Rússia, portanto está mais perto dos chefes.
Segundo Di Martino, novas partidas da Série A foram contaminadas por um grupo húngaro. As partidas em questão são da temporada 2010/11. Disse, também, que “será impossível avançar nas investigações para além do desejável, pois os investigadores esbarram na falta de pessoal e na lei do silêncio imposta aos envolvidos no escândalo”.
O procurador informou que o armador Stéfano Mauri, da Lazio, recebeu 600 mil euros (R$ 1,5 milhão) antes da partida entre Lecce e Lazio, vencida pelo clube romano por 4 a 2 no dia 22 de maio de 2011. O resultado final beneficiou os apostadores, segundo Roberto Di Martino com um ganho de dois milhões de euros (R$ 5 milhões).
Outro jogo suspeito envolve a Lazio contra o Genoa, no dia 14 de maio de 2011. Antes da partida, também vencida pelos laziale por 4 a 2, o atacante Sculli e o lateral Criscito foram vistos em um encontro com pessoas ligadas à máfia albanesa e com dois integrantes da torcida organizada do Genoa, identificados como Fabrizio Fileni e Massimo Leopizzi.
- A reunião foi realizada em um restaurante de Gênova, durante um período em que o estabelecimento estava fechado ao público em geral. Alguns dos identificados nas fotos são criminosos albaneses, que estão presos por envolvimento em tráfico de drogas - afirmou Di Martino.
Flávio Anselmo
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