É o trabalhador rural resistindo
Pistoleiros se deram mal ao invadir
acampamento no Maranhão: foram
detidos por trabalhadores sem terra
Quatro pistoleiros fortemente armado invadiram nesta quinta-feira (24) o acampamento Roseli Nunes, em Senador La Roque, no Maranhão. Os pistoleiros fazem parte de um grupo de milícia rural que reúne 15 homens numa fazenda vizinha à área ocupada.
Os acampados haviam recebido intimidação anteriormente de que teriam o acampamento invadido por pistoleiros e que estes tentariam localizar lideranças do MST. Organizados, os trabalhadores conseguiram render os quatro homens que chegaram ao acampamento em motocicletas. Depois da rendição, os jagunços foram entregues à polícia.
No entanto, sem ao menos ouvir os presos, o delegado local liberou os pistoleiros sobre a condição de pagamento de fianças por porte ilegal de arma. A autoridade nem sequer levou em consideração as ameaças sofrida pelos trabalhadores.
Tensão permanente
A milícia que aterroriza o acampamento é bancada por fazendeiros das áreas Cipó Cortado, Rollete, Boca da Mata e Barreirão, e tem como chefe Zé Bomfim, jagunço responsável pela morte de muitos trabalhadores em conflitos de terra na região durante as décadas de poderio da União Democrática Ruralista (UDR). Há ainda informações de que um sargento e três policiais reformados estão orientando a milícia.
Esta não é a primeira vez que pistoleiros põem em risco as famílias de trabalhadores que ali vivem. Desde o final de 2007, uma milícia que guardava a sede da fazenda "Cipó Cortado", intimidavam com tiros e rondas nas proximidades os Sem Terra que ocupavam a área.
Em novembro de 2010, trabalhadores foram sequestrados e levados até a sede da fazenda, onde foram interrogados sob a mira de armas de fogo apontadas para suas cabeças. Os jagunços procuravam obter informações sobre as lideranças do acampamento e do MST na região.
No período de roças, fazendeiros vizinhos abrem a cerca de seus latifúndios para que o gado venha pastar nas lavouras do trabalhadores.
250 famílias Sem Terra ocupam a Fazenda Cipó Cortado desde novembro de 2007. A fazenda é uma das 12 propriedades que compõem a Gleba Boca da Mata Berreirão. Em junho de 2008, a Justiça Federal decretou a desapropriação da gleba de 114 mil hectares e cedeu sua posse ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Porém, até hoje a área não foi retomada pelo órgão por conta da resistência dos latifundiários.
Investida ruralista
Os números provam que há uma investida ruralista contra trabalhadores sem terra, indígenas e quilombolas no Maranhão. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), há cerca de 90 pessoas ameaçadas de morte no estado.
Nesta quinta, 12 famílias de posseiros foram expulsos de uma propriedade que ocupam há mais de cinco anos, e segundo relatos, estava abandonada antes de serem utilizada pelos trabalhadores. No despejo, homens encapuzados chegaram armados e garantiram a retirada das famílias.
No último sábado (19), o trabalhador rural Francisco de Assis teve sua residência no município de Itinga do Maranhão invadida, sendo ameaço de morte junto com sua mulher e seus filhos. Francisco coordena um grupo de famílias que espera a desapropriação da Fazenda Montem Alto, que já está com decreto presidencial para ser destinada à Reforma Agrária.
Em 28 de abril, no município de Grajaú, a Cacique da Terra Indígena, Canabrava Maria Amélia Guajajara, de 52 anos, foi assassinada ao ser abordada por pistoleiros de motocicletas.
No dia 14 de abril, Raimundo Alves Borges, o "Cabeça", liderança camponesa e presidente do Assentamento Terra Bela, Buriticupu-MA, foi executado a tiros por pistoleiros.(Com o MST/Diário Liberdade/Divulgação)
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