Cientistas russos buscam analisar o fenômeno
Um meteorito atingiu nesta sexta-feira a Região de Tcheliabinsk, nos Urais, e deixou mais de 1000 pessoas feridas. Especialistas estão monitorando o nível de radiação na região atingida.
Edifício em Tchelyabinsk danificado por onda de explosão. Foto: TASS
Especialistas estão tentando identificar a origem do fenômeno que atingiu nesta sexta-feira (15) a Região de Tcheliabinsk, nos Urais, na Rússia. Alguns atribuem a queda do meteorito a uma chuva de meteoritos, outros, à passagem de um meteoro ou de um bólido desintegrado nas camadas densas da atmosfera terrestre.
O incidente atingiu também as Regiões de Tiumen, Kurgan, Sverdlovsk, nos Urais, e algumas regiões no norte do Cazaquistão. Todavia, a região mais atingida foi a de Tcheliabinsk onde centenas de pessoas ficaram feridas com estilhaços de vidro.
Mais de 20 mil bombeiros do Ministério para as Situações de Emergência (MSE) acorreram ao local. Os militares tomaram o controle das instalações vitalmente importantes. As aulas nas escolas locais foram suspensas.
Um clarão foi seguido de uma cauda branca e forte explosão
Às 07h23, horário de Moscou, desta sexta-feira (15), o Observatório de Ekaterimburgo detectou uma chuva de meteoritos em forma de bólidos sobre a Região de Tcheliabinsk.
Inicialmente, especulava-se que um forte clarão, uma enorme cauda branca no céu e um forte estrondo teriam sido produzidos por um objeto voador não-identificado ou por um avião derrubado. Mais tarde, porém, passou a dizer-se que a explosão foi provocada por um meteorito.
"Todos os moradores da cidade viram uma forte luz branca que iluminou tudo por breves instantes", disse à agência Ria-Nóvosti uma moradora da cidade de Zlatoust da Região de Theliabinsk.
"De acordo com os dados mais recentes, a explosão foi causada por um meteorito que se desintegrou ao se aproximar da Terra", disse mais tarde a vice-diretora do departamento de imprensa e divulgação do MSE, Elena Smirnikh.
O lugar onde um meteorito caiu
A queda do meteorito foi observada em várias regiões dos Urais, na região do rio Volga e no Cazaquistão. Segundo algumas notícias ainda não confirmadas pelo MSE, uma chuva de meteoritos caiu também na Bachquíria (república federada da Rússia no sul dos Urais).
De acordo com o Ministério do Interior, pelo menos 1200 pessoas, entre as quais 84 crianças, pediram assistência médica após a queda dos fragmentos do meteoritos, apresentando, em sua maioria, ferimentos causados por estilhaços de vidro. Não há registro de pessoas gravemente feridas, segundo informa a polícia. Mesmo assim, segundo o MSE, pelo menos 112 pessoas foram hospitalizadas.
A primeira reação
Antes de as primeiras informações oficiais serem divulgadas, usuários de redes sociais começaram a postar na internet imagens e vídeos captados por celular mostrando um corpo celeste cortando o céu e um clarão cor de rosa após uma onda de choque. Uma das gravações feitas por um gravador de vídeo DVR automotivo mostra como uma bola de fogo voa sobre a estrada deixando um longo rastro branco no céu.
Em muitos vídeos se ouve o barulho de vidros quebrados e alarmes de carro acionados pela explosão e aparecem pessoas com as crianças deixando rapidamente as ruas. Como ninguém sabia o que aconteceu, muitas pessoas foram tomadas de pânico.
Sem possuir informações exatas, usuários de redes sociais especulavam sobre o que aconteceu. O usuário da rede Vkontakte Víktor Popov escreveu: "O clarão foi visto até na cidade de Alapaevsk!
Foi mais forte que o sol". Outra usuária da mesma rede, Mejenina Marinchik, escreveu: "Estava saindo da casa quando ouvi um forte estrondo que me deixou por um tempo surda do ouvido direito. Pensei que o mundo ia se acabar... 15 segundos depois, ouvi uma forte explosão que fez rebentar os vidros das janelas".
Ao mesmo tempo, o MSE disse ter avisado a população local sobre a queda do meteorito via SMS. "A população local foi avisada via SMS e pelo sistema de aviso Oksion", segundo informou o centro regional do MSE.
Danos causados
O Ministério da Defesa, a Agência Federal de Energia Atômica (Rosatom), os executivos do setor energético do país afirmaram que todas as suas instalações localizadas na área do incidente estão funcionando normalmente.
O único estabelecimento seriamente atingido foi a fábrica de zinco na Região de Tcheliabinsk que teve parte de seu telhado e parede destruídas por causa de uma onda de choque causada pela queda do meteorito.
Algumas agências postais das cidades de Tchelialbinsk, Kopeisk, Iuzhnouralsk e Troitsk também foram danificadas. Os maiores danos foram registrados no centro de processamento de correspondência de Tchelaibinsk que tem os vidros e janelas quebradas e suas atividades suspensas.
Conclusões e perspectivas
Os cientistas se dividem quanto à origem da queda do meteorito. Alguns não acreditam que a queda do meteorito tenha relação com o asteróide 2012 DA14, de 45 metros de diâmetro, que deve passar "raspando" pela Terra por volta das 23h00, horário de Moscou , desta sexta-feira.
"Isso não tem nenhuma relação com o asteróide. O asteróide segue seu curso enquanto o meteorito seguiu o seu. Um asteróide voa sozinho enquanto os meteoritos representam um enxame que se repete constantemente", disse à agência RIA- Nóvosti a diretora do complexo astronômico automático da Universidade de Novossibirsk, mais conhecido como observatório Vega, Alfia Nesterenko.
Já o astrônomo Leonid Elénin que trabalha no Instituto de Matemática Aplicada Keldich disse, em entrevista à RIA-Nóvosti, que considera pouco provável haver uma relação entre o meteorito que caiu nos Urais e o asteróide que está se aproximando da Terra.
"Esse é um objeto relativamente pequeno, é pouco provável que venha acompanhado por um enxame de objetos menores", disse o cientista. Ao mesmo tempo, o cientista disse não poder afirmar isso com certeza enquanto não houver dados mais exatos sobre a trajetória do meteorito que caiu na Região de Tcheliabisnk.
"Até o momento, nenhuma conclusão pode ser tirada a partir dos dados disponíveis", disse o astrônomo.
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Com informações das agências RIA Nóvosti e ITAR-TASS (Com a Gazeta Russa)
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