Cine Pathé pode voltar a funcionar. Boa notícia. Tomara que o crítico Carlos Armando, que cuidava da programação do Pathé também possa voltar...
Savassi vai voltar a abrigar o tradicional cinema, que será reconstruído com edifício comercial de 9 andares que também deve ocupar o local
Depois de ter sido ocupada por igreja evangélica, feira de roupas e estacionamento, o imóvel da Avenida Cristóvão Colombo, 315, está a um passo de voltar a ter a ocupação pela qual ficou tão famoso – o Cine Pathé. O Conselho Municipal de Patrimônio de Belo Horizonte aprovou projeto da Farkasvölgyi Arquitetura e da PHV Engenharia para erguer um edifício comercial no local. Em contrapartida, as empresas vão reconstituir o cinema, mantendo a fachada e o foyer do antigo Cine Pathé (ambos tombados pelo patrimônio), e doá-lo em definitivo à Fundação Municipal de Cultura.
Pelo projeto seria erguido um edifício comercial que será dividido com um centro cultural, onde ficará instalado o cinema. Nove andares, com média de 167 metros quadrados, devem ser destinados a salas e escritórios com entrada pela Rua Alagoas. Dois andares subterrâneos devem ser construídos para criação de um estacionamento com 57 vagas.
Os andares com entrada pela Avenida Cristóvão Colombo voltariam a abrigar uma sala de cinema multiuso com palco para palestras e 252 poltronas, além de espaço para exposição e um café-bar (primeiro andar). No mezanino, a ideia é criar uma área para manutenção de acervo permanente do Centro de Referência Audiovisual (Crav) e a sala de projeção do cinema. Juntos, esses dois andares totalizam 593 metros quadrados.
Uma empresa especializada deve ser contratada para reconstituir fielmente o cinema, que, concluído, seria doado em definitivo à Prefeitura de Belo Horizonte, ficando a cargo da Fundação Municipal de Cultura a operação dos espaços e a implantação dos equipamentos necessários. “O projeto é o resgate de um ambiente bacana. É um espaço que a cidade ganha”, avalia o arquiteto responsável, Bernardo Farkasvölgyi, em depoimento saudoso dos tempos em que ia namorar no Pathé.
Negociações
O apagar definitivo das luzes do cinema se deu em 1999, época em que os filmes comerciais dos shopping centers já dominavam o mercado e o Pathé e outras salas de rua se rendiam ao formato. A sequência do filme foi de pura decadência, com abandono do prédio e ocupações que em nada lembravam o charme do antigo cinema. No ano passado, o espaço foi alugado para implantação de um estacionamento pela segunda vez. Com isso, os investidores tiveram de negociar a compra do imóvel, por meio de uma permuta com os proprietários. Mas, antes de as obras terem início, falta aprovação da Secretaria Municipal de Regulação Urbana. A expectativa é que até junho seja concedido o alvará que dá permissão para as obras. A previsão é de que, depois disso, a construção dure 24 meses, com investimento de R$ 20 milhões.
No segundo semestre de 2015, data prevista para conclusão das obras, uma das mais tradicionais salas da capital pode voltar a exibir filmes fora da rota de Hollywood. “O plano é estabelecer um cinema alternativo, longe do roteiro comercial, com filmes de Almodóvar e outros diretores europeus”, afirma o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira, que já vislumbra a composição de uma exposição permanente no mezanino tendo a cinematografia como tema.
Memória
O charme do letreiro luminoso
Avenida Afonso Pena, 759. Em 1920, o grupo Cinemas S.A. inaugura uma sala no Centro de Belo Horizonte, em alusão ao francês e industrial da sétima arte Charles Pathé. Treze anos passados e as portas cerradas depois da última sessão, dessa vez, seriam em definitivo – pelo menos naquele local. Quase três décadas depois do lançamento da sala, em 1948, para atender a demanda dos moradores do Bairro Funcionários, eram abertas as portas do novo Cine Pathé, na Avenida Cristóvão Colombo, 315 (foto). Por décadas, o empreendimento se tornou point dos jovens e das famílias, que a cada semana encontravam o anúncio de um novo clássico no letreiro luminoso.
Comentários